Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Yanara Cavalcanti Galvão (UFF)

Minicurrículo

    Pesquisadora, professora, curadora e cineclubista. Doutoranda em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (PPGCINE/ UFF) e mestra em Cinema e Narrativas Sociais pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Cinema da Universidade Federal de Sergipe (2018). Com pesquisa em andamento sobre políticas e processos criativos do cinema brasileiro contemporâneo por cineastas mulheres.

Ficha do Trabalho

Título

    O cinema brasileiro contemporâneo por cineastas mulheres

Formato

    Presencial

Resumo

    Nesse trabalho apresento uma pesquisa na sua fase inicial, que investiga o cinema brasileiro contemporâneo por cineastas mulheres. Nosso foco é uma realização fílmica documental marcada por diferentes modos de produção. Articulamos, para tanto, os processos criativos que envolvem as feituras de filmes com as políticas do audiovisual, impulsionadoras das realizações. A pesquisa volta-se para experiências locais, na dimensão territorial do estado de Pernambuco.

Resumo expandido

    Nesse trabalho apresento a proposta de uma pesquisa na sua fase inicial, surgida enquanto desdobramento da minha dissertação de mestrado (GALVÃO, 2018), a qual investiga o cinema brasileiro contemporâneo por cineastas mulheres. Nosso foco é uma realização fílmica documental marcada por diferentes modos de produção. Articulamos, para tanto, os processos criativos que envolvem as feituras de filmes com as políticas do audiovisual, impulsionadoras da materialização dessas produções. A pesquisa volta-se para experiências locais, na dimensão territorial do estado de Pernambuco, com o propósito de cruzar e expandir suas fronteiras tanto geográficas quantos simbólicas.

    Parto da premissa que o recorte de gênero na sua intersecção com marcadores sociais, tais como raça, etnia, classe, território, propõe/ pode desestabilizar modos tradicionais de narrar, produzir, ver e experimentar o cinema, ao problematizar e buscar outras vias dos domínios imagéticos e saberes que possam romper com os mecanismos de uma sociedade patriarcal. Portanto, interessa-nos pensar no agenciamento de outros regimes de visualidades, que desafiam a estrutura da modernidade/ colonialidade, desde os seus processos de realização.

    Na comunicação, trabalharemos com três filmes inseridos no corpus da pesquisa em andamento, em razão dos seus deslocamentos tanto espaciais quanto temporais, em que as obras, de maneiras diferenciadas, transitam, a partir da escolha pelas diretoras, do dispositivo das imagens fotográficas, que se inserem nas suas experimentações/ propostas estético-políticas e narrativas, dos documentários: FotogrÁfrica (Tila Chitunda, 2016), Thynia (Lia Letícia, 2019) e O Bem Virá (Uilma Queiroz, 2020).

    As produções em questão, são parte do campo fértil do documentário contemporâneo brasileiro e foram realizadas em Pernambuco, estado com certo pioneirismo ao incluir políticas afirmativas e inclusivas na Lei do Audiovisual estadual, sancionada em 2014, que contou com participação ativa da sociedade civil organizada na sua formulação. Entre os princípios que norteiam a Lei do Audiovisual PE destaco quatro, entre os que regem a seção 1 do artigo 2º, que vão influir diretamente nesse estudo: “I liberdade de expressão e criação artística, vedada qualquer espécie de censura; II expressão da diversidade cultural; III inovação; […] e V respeito à igualdade de gênero, raça e etnia, e inclusão das diferenças” (PERNAMBUCO, 2014, p. 1).

    A relação que estabelecemos com a delimitação do estado de Pernambuco onde os documentários foram produzidos, dá-se de modo a conectar-se com suas paisagens vivas, interculturais e transculturais. Enquanto um território que promove deslocamentos e produz diversas subjetividades, contempladas nos processos criativos dos filmes, com seus marcadores da diferença. E desse modo, reconhecendo as especificidades sociais, econômicas e políticas de uma cultura cinematográfica heterogênea, situada no Nordeste do Brasil, na América do Sul.

    O estudo apoia-se em diálogos teóricos, estéticos e metodológicos desde a concepção estético-teórico da cineasta vietnamita Trinh T. Minh-Ha. (2015) aos feminismos decoloniais (LUGONES; FIGUEIREDO, 2014, 2020), no sentido de articular teoria e prática pelo caminho afro-latino-americano (GONZALEZ, 2020), que as obras investigadas nos convocam a percorrer.

Bibliografia

    FIGUEIREDO, Angela. Epistemologia insubmissa feminista negra decolonial. Revista Tempo e Argumento, v. 12, n. 29, p. 01-24, 2020.
    FLORES, Luís Felipe Duarte; MAIA, Carla. T. In: FLORES, Luís Felipe Duarte; MAIA, Carla (org). O cinema de Trinh T. Minh-ha. Rio de Janeiro: Caixa Cultural, 2015.
    GALVÃO, Yanara Cavalcanti. Cinema com mulheres em Pernambuco: trajetórias, políticas, estética. 2018. 154 f. Dissertação (Mestrado Interdisciplinar em Cinema e Narrativas Sociais) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2018.
    GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2020.
    hooks, bell. Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante, 2019.
    LUGONES, María. Rumo a um Feminismo Descolonial. Estudos Feministas, 22, 3, 2014.
    PERNAMBUCO. Lei Nº 15.307, de 4 de junho de 2014.

    Filmografia

    FotogrÁfrica (Tila Chitunda, 2016, 25′ )
    O Bem Virá (Uilma Queiroz, 2020, 80′)
    Thynia (Lia Letícia, 2019, 16′)