Ficha do Proponente
Proponente
- mauro baptista y vedia sarubbo (UNESPAR)
Minicurrículo
- Mauro Baptista Vedia (Doutor pela ECA/USP), é professor de Direção de Atores e Direção do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade do Estado do Paraná. Cineasta, dramaturgo, diretor de teatro, escreveu O cinema de Quentin Tarantino (Papirus, 2010) e organizou o livro Cinema Mundial Contemporâneo. Como cineasta, realizou os longas-metragens Jardim Europa (2013), o telefilme A performance (2012) e o doc ensaio Ariel (2007). Foi membro fundador da SOCINE nos anos 90, como estudante.
Ficha do Trabalho
Título
- O ator Clint Eastwood e o Gesto Psicológico de Michael Tchekov.
Formato
- Presencial
Resumo
- A comunicação propõe uma reflexão sobre Clint Eastwood como ator e as relações com a escola clássica de interpretação cinematográfica (Gary Cooper, John Wayne, James Cagney) e com as teorias do ator e mestre russo Michael Tchekov e seu conceito de Gesto Psicológico.
Resumo expandido
- A comunicação propõe uma reflexão sobre o trabalho de Clint Eastwood como ator e seu estilo de interpretação. Assim, realiza um breve panorama das tendencias dominantes de pensamento na interpretação cinematográfica, com destaque para a influência do Sistema de Constantin Stalisnavsy e sua aplicação nos Estados Unidos, diferenciando os ensinamentos do mestre russo da primeira fase, quando se enfatizavam conceitos como “memória emocional” e “memória sensorial”, com a segunda fase, quando o próprio Stalisnavsky renega desses conceitos e sublinha que seu método é fundamentalmente um método de ações físicas. A primeira concepção do Sistema de Stalisnavsky foi implantada por Lee Strassberg e seu Método, na escola do Actor´s Studio. Strassberg foi sem dúvida o herdeiro de Stalisnavsky mais conhecido, mas ouve também outros professores americanos de interpretação, também discípulos do mestre russo, como Stela Adler e Sanford Meisner e o ator russo Michael Tchekov, que questionaram conceitos da primeira fase do Sistema. Tchekov se distanciou cedo de seu mestre e criou um método próprio de atuação.
Clint Eastwood surge nos anos sessenta e início dos anos setenta com um estilo de interpretação oposto ao estilo dominante na época, calcado no Método de Strassberg, e representado por atores como Robert De Niro, Faye Dunaway, Jane Fonda, Al Pacino. O estilo de Eastwood se baseava mais na presença física impassível na tela, mais no gesto físico do que na psicologização, na contenção estilística e na economia gestual e de movimentos.
A comunicação analisa o trabalho do ator Clint Eastwood nas obras de Sérgio Leone como Por um Punhado de Dolares a Mais (For a wistfull of dollars more, 1965) e Don Siegel (Dirty Harry, Perseguidor Implacável, 1971) e Os Imperdoáveis (Unforgiven, 1992). Sua performance cinematográfica se filia a forma de interpretar de atores do cinema clássico americano, como James Cagney, Gary Cooper e John Wayne (ver o livro capital de Luc Moullet sobre o assunto, “Politique des acteurs”) , a conceitos artísticos e nem sempre académicos, como estar em cena no tempo presente, a confiar no “instinto” e a não estudar a personagem psicologicamente, a usar o corpo de forma de estar em cena como parte de uma composição de quadro, incorporando o diretor. Para finalizar, lançamos a hipótese que une a forma de atuar de Eastwood com a escola do ator e professor russo Michael Tchekov, em particular com a teoria do Gesto Psicológico, um gesto global e adequado que define o personagem na sua essência e que conecta o eu interior do ator através do gesto. Há, no estilo de interpretação de Eastwood, um gestual instintivo e essencial, que define o personagem. É partindo desse gesto psicológico que Eastwood constrói suas personagens. A comunicação analisa o trabalho atoral de Eastwood nos três filmes citados e a construção do gestual, segundo a linha de Tchekov.
Bibliografia
- BORDWELL, David; THOMPSON, Kristin. A Arte do Cinema: Uma introdução. Campinas, SP: Editora da Unicamp; São Paulo, SP: Editora da USP, 2013.
BORDWELL, David. Figuras traçadas na luz. Campinas: Papirus, 2008
BORDWELL, David. Sobre a história do estilo cinematográfico. São Paulo: Unicamp, 2013
BOGART, Anne. A preparação do diretor; Martins Fontes, 2011.
CHEKHOV, Michael. Para o ator. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
GUSHKING, Harold. Parar de atuar. São Paulo: Editora Perspectiva, 2012.
————, David. Verdadero y falso: herejía y sentido común para el actor (trad. Joseph Costa). Barcelona, Alba Editorial, 2011.
KNEBEL, Maria. Análise ação: prática das ideias teatrais de Stanislavsky. São Paulo: editora 34, 2016.
MOULET, LUC. Politique des auteurs. Paris:. Cahiers du cinema, 1993.
OLIVEIRA JR., Luiz Carlos. A Mise en scène no cinema – do clássico ao cinema de fluxo. Campinas: Papirus, 2013
ROUBINE, Jean Jacques. A arte do ator. Rio de Janeiro, Zahar, 2011.