Ficha do Proponente
Proponente
- Márcia Bessa (Márcia C. S. Sousa) (UFF)
Minicurrículo
- Produtora, continuísta e docente de Cinema e Audiovisual. Doutora em Memória Social (UNIRIO/UChicago), Mestre em Ciência da Arte e Bacharel em Cinema & Vídeo (IACS/UFF) e Licenciada em Artes Visuais (FAMOSP). Foi pesquisadora-residente PNAP-R/FBN. Em 2018, concluiu seu primeiro estágio pós-doutoral na ECO/UFRJ. Participa como pesquisadora associada no CIEC/UFRJ (GP-CNPq). Atualmente é Pós-Doutoranda no PPGCINE/UFF (Bolsista Capes/Impactos) e artista A/v no Coletivo DUO2X4.
Ficha do Trabalho
Título
- Ilha de Edição Remota: tecnologia inclusiva, inovadora e sustentável
Mesa
- Montagem e experiências de inclusão e colaboração
Formato
- Presencial
Resumo
- Esse trabalho visa apresentar o projeto de criação da Ilha de Edição Remota (IER) — um servidor multiusuário cujo objetivo é disponibilizar softwares de pós-produção audiovisual à distância. Trata-se de um empreendimento de inovação tecnológica voltado para a sustentabilidade e a inclusão. A IER permite o uso e reuso de dispositivos obsoletos no acesso ao servidor, prolongando sua vida útil; além da oferta de utilização gratuita pela comunidade universitária, promovendo a cidadania digital.
Resumo expandido
- A Ilha de Edição Remota (IER) — um servidor multiusuário cujo objetivo é disponibilizar softwares de pós-produção audiovisual à distância —, já em desenvolvimento na UFF, foi pensada a partir da experiência das aulas remotas durante o confinamento da pandemia de Covid-19. Trata-se de um empreendimento de inovação tecnológica voltado para a sustentabilidade e a inclusão. A IER permite o uso e reuso de dispositivos obsoletos no acesso ao servidor em rede, prolongando a vida útil desses equipamentos; além da oferta de utilização gratuita pela comunidade universitária, promovendo a cidadania digital. O ensino remoto dificultou a prática dos recursos de pós-produção digital profissional, porque além da montagem de imagens e sons, que já requerem computadores potentes, a finalização audiovisual depende de equipamentos de alto poder computacional. Surgiu, então, a ideia da criação de um sistema de acesso remoto aos softwares de montagem baseado na experiência dos jogos eletrônicos online, nos quais vários jogadores estão conectados ao mesmo tempo e disputando partidas simultaneamente.
A intensificação do trabalho remoto alterou a distribuição de tarefas entre os profissionais e o ambiente digital teve papel chave nessa nova reconfiguração. Algumas das potencialidades das mídias digitais apontada por Shaw (2009) são justamente a “inter transformabilidade” e a “interoperacionalidade” advindas do real e reproduzidas no mundo virtual. As experiências do mercado nos ajudaram a pensar caminhos para colocarmos em prática a IER, de acordo com as necessidades próprias da universidade.
A IER é um ambiente tecnológico – softwares, servidores, armazenamento e conexões de rede de computadores – de edição multiusuário, instalado em um centro de processamento de dados (CPD), acessado através de qualquer dispositivo (computador, tablet, celular e afins), por meio de um processo de login e senha. Todo o processamento do software de edição é realizado por um servidor de alta capacidade, o que elimina a necessidade de uma configuração de hardware robusta do computador local. A ideia é que os estudantes, por meio de seus dispositivos pessoais ou de computadores conectados diretamente à rede da instituição, façam o upload dos materiais para o ambiente de armazenamento da IER. A partir daí, esses alunos podem fazer todo o processo de edição do material audiovisual remotamente. Uma vez finalizado o projeto, basta realizar o download do produto em máquinas fisicamente ligadas à rede institucional ou ainda através da internet.
Assim, a IER visa contribuir para reduzir as desigualdades no acesso ao conhecimento, tornando possível que discentes de diferentes pontos do Brasil se conectem e realizem projetos audiovisuais em rede. “Não podemos falar de liberdade de expressão nem de direito à informação se não considerarmos a possibilidade que as ditas redes oferecem aos cidadãos menos favorecidos” (BUSTAMANTE, 2010, p. 15). A IER surge para mitigar essas desigualdades, procurando garantir que todos os estudantes tenham as mesmas condições de formação e aperfeiçoamento, uma vez que partilham das mesmas ferramentas, no mesmo ambiente virtual.
O projeto da IER mostra que podemos nos desviar das lógicas mercadológicas e contribuir para a criação de uma rede capaz de ampliar práticas colaborativas, para a formação da “cidadania digital”. Para Coelho (2010), o conceito de cidadania digital se apoia na utilização da tecnologia para além de suas capacidades técnicas, sendo empregada para finalidades de relevância social, no estímulo a políticas de inclusão. Nossa IER oferece uma opção inclusiva para os discentes, por permitir o trabalho interdisciplinar e conjunto entre setores da universidade e entre universidades, com a possibilidade de replicar o projeto em vários outros ambientes. Dado o seu potencial de interação, colaboração e compartilhamento de conhecimento, a IER poderá contribuir para iniciativas promissoras nos campos do cinema, do audiovisual e da educação.
Bibliografia
- BUSTAMANTE, J. Poder comunicativo, ecossistemas digitais e cidadania digital. In: SILVEIRA. S. A. (org.). Cidadania e redes digitais. 1a ed. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil: Maracá – Educação e Tecnologias, 2010.
COELHO, F. D. A cidade digital e a apropriação social da inovação tecnológica. In: SILVEIRA. S. A. (org.). Cidadania e redes digitais. 1a ed. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil: Maracá – Educação e Tecnologias, 2010.
OKOPNYI, P.; JUHLIN, O et GURI BYE, F. Designing for Collaborative Video Editing. Nordic Human-Computer Interaction Conference (NordiCHI ’22). Association for Computing Machinery, New York, NY, USA, Article 3, 1–11. https://doi.org/10.1145/3546155.3546664.
ROWE, R. S. Remote Non-Linear Video Editing. SMPTE Journal, vol. 109, no. 1, pp. 23-25, Jan. 2000, doi: 10.5594/J04285.
SHAW, J. A nova arte midiática e a renovação do imaginário cinemático. In: MACIEL, K. (org.). Transcinemas. Coleção N-Imagem. Rio de Janeiro: Contracapa, 2009.