Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Sheila Schvarzman (UAM)

Minicurrículo

    . Doutora em História Social e Pós Doutora em Multimeios pela UNICAMP. Professora do PPGCOMUAM. Bolsista Produtividade PQ2 do CNPQ.com a pesquisa sobre “O Cinema Brasileiro Contemporâneo de Grande Público (2000-2021) e o Streaming: Imagens e Sentidos, Caminhos e Limitações. Autora, entre outros de O cinema brasileiro contemporâneo de grande bilheteria, SESC, 2018.

Ficha do Trabalho

Título

    O streaming e o cinema brasileiro: diálogos e imposições

Seminário

    Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil.

Formato

    Presencial

Resumo

    Como a implantação das das grandes plataformas internacionais de streaming no Brasil vem impactando a produção nacional de filmes e em especial, aqueles produzidos pela Netflix, e Amazon Prime, e em consequência, a Globoplay. Quais as características dessas produções, formas de realização e os resultados sobre economia do audiovisual no Brasil nos últimos quatro anos.

Resumo expandido

    O streaming, atividade que vem se desenvolvendo no Brasil desde a instalação da Netflix em 2011, e tendo passado, desde então por mudanças na forma de negócio, nos seus conteúdos, e por fim, participando diretamente da produção de séries e filmes nas centenas de países onde atuam, veiculam em suas plataformas, produtos audiovisuais de terceiros e contratam a realização de conteúdos nacionais.
    Operando com as produtoras brasileiros, as grandes plataformas como a Netflix, a Prime Vídeo, em seu modelo de negócio over the top, não se submetem às legislações nacionais – salvo algumas exceções – , e dessa forma detém os direitos patrimoniais e de autoria sobre essas produções que podem, eventualmente, ser exibidas em diversos países, da mesma forma que se furta a mostrar seus números, audiências, etc., em consonância com as desregulações neoliberais que pautam esse negócio.
    As obras que veiculam e sobretudo aquelas que produzem têm formatos, gêneros e desenvolvimento determinados previamente, que buscam dosar, entre outros, o que entendem por global com o que entendem por local, assim como sua visão estética e hibridações com outros meios. Essas determinações, ainda que busquem contemplar as características e especificidades de cada país, vem resultando, pelo que se tem observado, numa produção quase sempre homogênea seja em termos de temáticas, desenvolvimento narrativo e estético. E, num quadro como esse quem e como determinar o que é o nacional?
    Levando em conta que o diálogo/influência intercultural e suas mediações são constitutivas da produção dos saberes, da cultura, das artes e de sua midiatização, e que estes são pautados também pelo poder das hegemonias, o que redunda muitas vezes, na submissão à visões dominantes colonialistas e ou exotizantes – nada nos é estrangeiro, pois tudo o é (GOMES, 1974), faremos um levantamento de títulos produzidos por esses conglomerados, gêneros, características das obras realizadas sob essas determinações transnacionais e como impactam as produções audiovisuais brasileiras – recortando a categoria filmes – nas maiores plataformas transnacionais, a Netflix, Prime Vídeo e na plataforma nacional, Globoplay, assim como o seu empacotamento e apresentação ao público, ainda que nessas plataformas globais, muito raramente produções brasileiras sejam apresentadas pelos algoritmos que pautam a conformação e a ocupação dos conteúdos desses espaços no próprio país.
    De que maneira o formato transnacional das plataformas determina o tipo de produto oferecido ao público brasileiro, influenciando abordagens e gêneros antes quase desconhecidos? Como a realidade nacional impacta seus conteúdos ou não? Em que medida os conteúdos afirmam, contornam as tendências políticas, econômicas e sociais do período? O que ressaltam? Quais conteúdos disseminam prioritariamente? Que exigências de acabamento visual, estético introduzem e seus resultados na economia do audiovisual: seus custos, o emprego da mão de obra e seus resultados.
    Qual cultura audiovisual essas plataformas têm produzido? Qual cultura essas plataformas têm produzido?

Bibliografia

    ANCINE (org.)(2023) – Panorama do Mercado de Vídeo por demanda no Brasil – 2022. Coordenação de gestão das informações regulatórias da Secretaria de Informações Regulatórias da Secretaria de Regulação – CGI/SRG, Brasília, 2023.
    GOMES, Paulo Emílio (1974). Cinema, uma trajetória no subdesenvolvimento. Paz e Terra, 1974
    GOMES, Paulo Emílio (2016) . Uma situação colonial? São Paulo: Companhia das Letras.
    MARTÍN-BARBERO, J. (2015) Dos meios às mediações, Rio de Janeiro, UFRJ.
    WINQUES, Kérley, LONGHI, Raquel R.(2022) – Dos meios às mediações (algorítmicas): mediação, recepção e consumo em plataformas digitais. Matrizes, v.16, n.22, pp 151-172, 2022.
    ZUBOFF, Shoshana. A era do capitalismo de vigilância: a luta por um futuro humano na nova fronteira do poder. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2020.