Ficha do Proponente
Proponente
- Renato Candido de Lima (USP)
Minicurrículo
- Renato Candido é cineasta negro Bacharel em Audiovisual, Mestre em Ciências da Comunicação e Doutor em Meios e Processos Audiovisuais sempre pela ECA/USP. Suas produções audiovisuais estão relacionadas as questões de negritude em nosso país e no mundo. Busca financiamentos para suas produções maiores. Foi vice-presidente da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro – APAN entre 2016 a 2020. É prof. universitário desde 2012, lecionou na FMU, ELCV, Zumbi dos Palmares e atualmente na FAPCOM.
Ficha do Trabalho
Título
- Por uma política audiovisual preta no Brasil
Formato
- Presencial
Resumo
- Esta trabalho é sobre minha tese defendida em 13/05/2022 na ECA/USP e traz questões ligadas às ações afirmativas no audiovisual brasileiro sob a ótica da Gestão de Políticas Públicas. Considera-se aspectos históricos da presença negra enquanto realização cinematográfica/audiovisual, além das questões políticas e econômicas que envolvem este meio. O trabalho esmiúça as diversas relações entre Estado Brasileiro, branquitude e suas políticas de produção cinematográfica ao longo do séculos XX e XXI.
Resumo expandido
- Este trabalho discorre sobre o processo histórico de estabelecimento das políticas cinematográficas em nosso país sob o ponto de vista da negritude. Considerando o processo histórico, é possível observar a presença de cineastas negros e negra como Cajado Filho, nos anos 50 em tempos da Chanchada; como Zózimo Bulbul e Cajado Filho que nos anos 70 realizaram seus filmes por conta própria e por arranjos de financiamentos locais/estaduais, respectivamente; como Afrânio Vital, Antônio Pitanga e Valdir Onofre que também realizaram seus filmes nos anos 70 com recursos da Embrafilme e como Adélia Sampaio, que realizou por conta própria seu filme Amor Maldito no ano de 1984.
No entanto, ao longo da decadência da Embrafilme, considerando seu encerramento em 1990 e o surgimento da política cinematográfica da Lei do Audiovisual (L8685/93) ao longo dos anos 90, não encontramos cineastas negras e negros conseguindo realizar suas obras audiovisuais através destas políticas. Na primeira década do século XXI, surgem os questionamentos desse domínio da branquitude sobre a realização cinematográfica e audiovisual evidenciado pelo movimento Dogma Feijoada e pelo Manifesto de Recife. Desta forma, este trabalho analisa o processo histórico do estabelecimento das Políticas Cinematográficas e Audiovisuais através da noção sobre Pacto Narcísico da Branquitude, conceito criado pela professora e psicóloga social Maria Aparecida Silva Bento.
A partir desse entendimento da ação da branquitude validando o que é e o que não é passível de financiamento audiovisual, este trabalho põe foco nas ações afirmativas no audiovisual brasileiro evidenciado nos Editais Afirmativos da SAv, entre 2012 a 2015, nos Editais Spcine e PROAC; levantando novas propostas de ações afirmativas levando-se em conta outras relações econômicas no campo da cultura que não apenas aquela entendida como mercado audiovisual.
Bibliografia
- ARAÚJO, Joelzito. A Negação do Brasil – O Negro na Telenovela Brasileira. Editora Senac. São Paulo, 2000.
AMÂNCIO, Tunico. Artes e manhas da Embrafilme – Cinema estatal brasileiro em sua época de ouro (1977-1981). Editora Eduff. Niterói, 2000.
ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade – A Teoria de Mudança Social. Editora Afrocentricity Internacional. Philadelphia, 2014.
_____________________. Afrocentricidade como Crítica do Paradigma Hegemônico Ocidental: Introdução a uma Ideia. Tradução: Renato Noguera, Marcelo J. D. Moraes e Aline Carmo. In: Ensaios Filosóficos, Volume XIV – Dezembro/2016
BENTO, Maria Aparecida da Silva. Branqueamento e branquitude no Brasil. Tese de doutorado. Psicologia USP, 2002.
CARVALHO, Noel dos Santos. Esboço para uma história do negro no cinema brasileiro. In: DE, J. (Org.) Dogma da feijoada: o cinema negro brasileiro. São Paulo: Imprensa Oficial, 2005.