Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    MARCOS GABRIEL FARIA CARRERA (PPGCINE-UFF)

Minicurrículo

    Marcos Gabriel Faria Carrera um cineasta carioca formado em Cinema e Audiovisual pela UFF. Atualmente, é mestrando em Cinema pela mesma Universidade. Em 2016, ganhou o terceiro lugar do Festival Curta na UERJ, categoria “teen”. Em 2022, realizou o curta de ficção “Caxiense F.C.”, com apoio da FUNARJ.  Com contos, poemas e artigos científicos publicados, ainda atua como crítico de cinema do Cine Set – maior portal da região norte do país – e mantém um coletivo de zines, o Coletivo Trave.

Ficha do Trabalho

Título

    LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE MARTIN SCORSESE PELO VIÉS SENSORIAL

Formato

    Presencial

Resumo

    Propomos uma investigação acerca da bibliografia dedicada ao cineasta Martin Scorsese. Especificamente, debruçamo-nos sobre o filme “O Lobo de Wall Street” e possíveis análises de viés sensorial – isto é, que privilegiem questões espectatoriais como excesso, afeto, atrações etc. Trata-se de um primeiro momento de nosso estudo acerca da mobilização espectatorial no cinema de Scorsese.

Resumo expandido

    Este trabalho se insere dentro de nosso projeto de pesquisa atual, que busca pistas de como os filmes de Scorsese mobilizam a sensorialidade do espectador. Mais especificamente: queremos avançar por entre a folhagem densa das leituras autorais tradicionais, muito focadas em interpretações biográficas, e vislumbrar as preocupações temáticas de sua obra como parte de um projeto capaz de gerar afetos. 

    Nossa hipótese é a de que seu estilo “excessivo” tem como efeito, ao menos em parte de sua obra, a criação de um espectador tão exaurido quanto os personagens que o diretor põe em cena – um estilo, portanto, que não só reflete, como parece levar às últimas consequências as preocupações com o corpo e a sensorialidade imperativas dentro de um modelo capitalista de consumo. 

    Como primeiro passo, esta proposta de trabalho tem como preocupação um levantamento bibliográfico acerca do recente O Lobo de Wall Street. A obra polêmica suscitou discussões acaloradas sobre seu suposto caráter “excessivo”: Hayes (2023) e Cruz (2013) debatem sobre possíveis méritos e deméritos dessa abordagem, por exemplo. Um olhar mais apurado mostra que esse rótulo, a despeito de filmes mais “contidos” como Silêncio (2016), aparece com certa frequência ao longo da carreira do cineasta – Araújo (2019) também é um dos que aludem ao termo na imprensa brasileira, por exemplo.

    Scorsese é um artista que frequentemente enfoca personagens operando dentro de intensidades limítrofes. A relação entre essas experiências limítrofes e o estilo de vida capitalista fica bastante clara principalmente (mas não apenas) em seus filmes de gângsteres – personagens que, afinal de contas, não deixam de ser empreendedores autônomos, operando em um mercado onde se lida com a concorrência matando ou morrendo. Para dar conta dessa preocupação temática, Scorsese lança mão de uma série de artifícios formais que tensionam a narrativa, articulam choques e engajam nosso aparato sensorial (para ficarmos com um exemplo de O Lobo: quando a imagem não-diegética de um raio cortando o céu aparece intercalada a uma festa regada a drogas). Assim, esse “excesso” aparece tanto tematicamente, como formalmente.

    Faça-se notar, ainda, que excesso, afeto e atração são termos que, embora guardem diferenças, partem de uma mesma gama de preocupações sobre a espectatorialidade. Todos esses termos, portanto, embora apresentem diferentes áreas de enfoque, estão intimamente correlacionados.  

    Mesmo com toda a envergadura de Scorsese no panteão da sétima arte, poucos são os estudos significativos sobre o cineasta. E sobre O Lobo, especificamente? Levantamentos iniciais mostram trabalhos em Linguística – Bram e Putra (2019) e Dewi e Suastra (2018) – e em consonância com a filosofia hedonista de Weijers – Ridho e Ningsih (2022). 

    Nosso intuito, então, é o seguinte: refletir as discussões travadas na imprensa sobre o viés excessivo do filme, e como esse viés é compreendido nesses casos; e empreender um levantamento bibliográfico dos modos como o filme tem sido abordado na academia: o excesso também aparece? Como? Perguntas que nortearão nossa pesquisa maior, sem dúvidas.

Bibliografia

    ARAÚJO, Inácio. Crítica de O Irlandês. Folha de São Paulo, São Paulo, 13 de novembro de 2019. Disponível em: . Acesso em: 03 de março de 2022.

    BRAM, Barli; PUTRA, Puguh Kristanto. Swear Words Used by Jordan Belfort in The Wolf of Wall Street Movie. In SKASE Journal of Theoretical Linguistics [online]. 2019, vol. 16, no. 2. Disponível em: .

    CRUZ, Gilberto.The Wolf of Wall Street. Vulture, 2013. Disponível em: . Acesso em: 17 de abril de 2023.

    DEWI, Putu Aristya. SUASTRA, I Made. The Analysis of American Slang in Movie Script “The Wolf of Wall Street”. In Jurnal Humanis, Fakultas Ilmu Budaya Unud, Vol 22.1, fevereiro de 2018. Disponível em: . Acesso em 17 de abril de 2023.

    HAYES, Patrick. Counterpoint. MovieWEB, 2023. Disponível em: . Acesso em 17 de abril de 2023.