Ficha do Proponente
Proponente
- EDUARDO N VALENTE (UFF)
Minicurrículo
- Graduado em Comunicação Social – Cinema pela Universidade Federal Fluminense, com mestrado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, atualmente finaliza seu doutorado no PPGCine/UFF. Crítico e realizador de cinema, desde 2017 exerce o cargo delegado para o Brasil do Festival de Berlim e faz parte da equipe curatorial do Olhar de Cinema. Foi coordenador de cursos livres na Academia Internacional de Cinema (AIC), e ministrou cursos de crítica, curadoria e linguagem de cinema.
Ficha do Trabalho
Título
- Promovendo um cinema nacional: o Festival Varilux do Cinema Francês
Seminário
- Festivais e mostras de cinema e audiovisual
Formato
- Presencial
Resumo
- Desde seus primórdios, os festivais de cinema se constituem como plataforma para a promoção mundial das cinematografias nacionais. A partir da criação da Unifrance, em 1949, a França utiliza o formato de “semanas do cinema francês” como uma das principais ferramentas de trabalho na internacionalização do seu cinema. A partir de 2010, o Festival Varilux de Cinema Francês assume esta função no Brasil. Veremos como ele tem sido utilizado para continuar a tradição dessas ações de promoção.
Resumo expandido
- Desde a criação daquele evento que é amplamente considerado como o primeiro festival internacional de cinema (o de Veneza, em 1932), se impõe a forma como estas manifestações culturais se prestam de maneira muito natural a servirem como uma plataforma para o uso do cinema como um “autêntico representante nacional”. Naquele momento, e de forma especialmente pronunciada nas décadas imediatamente seguintes, cada filme representava nos principais festivais de cinema não apenas seus realizadores ou produtores, mas efetivamente o seu país de origem. Esta condição colocava em foco uma série de temas ao redor de questões complexas, como a identidade cultural e as ferramentas de promoção dos cinemas nacionais.
A partir da fundação da Unifrance, em 1949, órgão voltado especificamente para a promoção internacional da cinematografia francesa, o formato de “semanas de cinema francês” será constantemente utilizado ao longo dos anos como uma ferramenta de comercialização da produção francesa. No Brasil, essa prática se fortalece com a instalação de um escritório local da empresa, em 1957. Nesse sentido, a realização do festival A História do Cinema Francês, em 1959, representa um marco importante que antecipa a instituição, a partir de 1962, das Semanas de Cinema Francês. Este evento, ainda que com eventuais modificações do seu título, atravessará as décadas seguintes sendo realizado num formato similar, reforçando e destacando a presença da cinematografia daquele país no imaginário cultural e no mercado cinematográfico brasileiro.
Neste contexto, a criação em 2010 do Festival Varilux do Cinema Francês representa a continuidade dessa estratégia de ação consolidada ao longo de décadas. No entanto, desde a forma do financiamento do projeto através do uso das leis de incentivo até sua realização simultânea em cidades por todo o país (algo só possível pelo contexto específico da exibição digital), passando pela exibição quase exclusiva de filmes que já possuem seus direitos de exibição para o país adquiridos por empresas distribuidoras até a realização de um laboratório de roteiros, entre outras paralelas à exibição dos filmes, este festival busca encontrar maneiras de atualizar suas práticas às características contemporâneas do mercado do cinema e do audiovisual no Brasil.
Nesta apresentação abordaremos, através da descrição detalhada das características deste Festival, aspectos estruturais do evento, assim como também as formas como busca, tanto em suas peças de divulgação como nos espaços de imprensa por ele mobilizados, consolidar determinadas características mais ou menos cristalizadas como definidoras do cinema daquele país. Neste sentido, iremos discutir também as maneiras como, historicamente, o cinema francês construiu sua imagem, se apresentando como a principal alternativa, a nível mundial, para a produção hollywoodiana que domina a maior parte dos mercados, inclusive o brasileiro.
Bibliografia
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