Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

Talitha Gomes Ferraz (ESPM/PPGCine-UFF)

Minicurrículo

Talitha Ferraz é professora da ESPM-Rio e do PPGCine-UFF. Atua como líder do GP Modos de Ver – Estudos das salas de cinema, exibição e audiências cinematográficas (ESPM/CNPq) e da Coordenação Interdisciplinar de Estudos Contemporâneos da ECO-UFRJ (CIEC/ECO-UFRJ). Também integra as redes internacionais de pesquisa International Media & Nostalgia Network (IMNN), History of Moviegoing Exhibition and Reception – HoMER Network, e Cinema City Cultures (CCC).

Ficha do Trabalho

Título

Cinemas cariocas e preservação patrimonial: um mapeamento

Seminário

Políticas, economias e culturas do cinema e do audiovisual no Brasil.

Formato

Presencial

Resumo

Apresentamos as linhas teórico-metodológicas da pesquisa “Cinemas cariocas e instrumentos de preservação patrimonial”, mapeamento de mecanismos legais e ações de política cultural voltados para questões patrimoniais de cinemas do Rio de Janeiro. Observamos instrumentos direcionados à preservação material de cinemas de rua e sua função exibidora, com foco na sistematização de dados e análises de contextos, pensando as possibilidades de políticas culturais para além do tombamento arquitetônico.

Resumo expandido

As preocupações com a vida e a morte de cinemas levantam uma série de questões ligadas a medidas de proteção patrimonial e mercadológica desses equipamentos urbanos, acirrando ainda mais uma realidade mundial: mesmo muito antes da pandemia, assistimos à tendência de esfacelamento dos poucos cinemas de ruas e praças de pequenas e grandes cidades mundo afora. No contexto brasileiro, o caso do fechamento definitivo do Cinema Roxy, tradicional casa exibidora de arquitetura art-déco localizada em Copacabana, no Rio de Janeiro, indica alguns aspectos que envolvem não apenas as difíceis situações regionais trazidas pela pandemia ou reorientações anteriores do mercado de exibição, mas a própria estrutura de leis de patrimônio, interesses imobiliários, ações da sociedade civil em prol de cinemas e mecanismos de políticas culturais voltados para o setor do audiovisual, em especial, a exibição cinematográfica. Este trabalho tem como objetivo apresentar as linhas teórico-metodológicas do projeto “Cinemas cariocas e instrumentos de preservação patrimonial”, um mapeamento que tem como foco os mecanismos legais e ações de política cultural que, principalmente nos últimos 10 anos, se voltaram para questões patrimoniais associadas a cinemas no Rio de Janeiro. A pergunta que o mapeamento faz é: Quais mecanismos legais e políticas públicas culturais de patrimonialização têm sido elaborados e/ou acionados para a proteção da estrutura física de cinemas de rua e a manutenção das atividades dos cinemas no setor cinematográfico/cultural? O que tais medidas podem dizer a respeito da preservação de cinemas em sua função exibidora? Nossa base teórico-metodológica é inspirada pela corrente da New Cinema History, no que se refere à percepção acerca de experiências locais de dinâmicas vinculadas à história da exibição em contextos urbanos e às interfaces de aspectos socioculturais, demográficos, econômicos e políticos. Para a investigação ligada à participação das audiências na luta pela preservação de cinemas e proposição de ações e políticas culturais, a pesquisa parte da noção de “active nostalgia”, que venho utilizando para descrever casos de ativismo em prol da manutenção e reabertura de históricos cinema de rua. No contexto da cidade do Rio de Janeiro, dos 23 cinemas de rua a que se referem decretos de tombamento ou proteção de bens notáveis, apenas quatro funcionam com atividades de exibição cinematográfica (Cinema Estação Net Rio; Kinoplex Leblon Globoplay; Cine Santa Teresa; Cine Íris), sendo que um deles (o Cine Íris) funciona com programação pornô, i.e, não está incluído no circuito regular de salas de cinema comerciais da cidade. Dos 19 restantes, todos encontram-se fechados, abandonados ou com estruturas servindo a outras finalidades não-culturais, exceto o Cinema Palácio, que foi transformado em teatro em 2016. Podemos inferir que as leis ligadas ao patrimônio arquitetônico não são eficazes quanto à preservação da funcionalidade cinematográfica/cultural dos cinemas de rua e que a recente estratégia de inclusão de cinemas no Cadastro dos Negócios Tradicionais e Notáveis da cidade não supera problemas trazidos pela ausência de um planejamento mais evidente ou da aplicação de políticas culturais para a viabilização econômica, a operação diária e a gestão dos cinemas, incluindo os próprios exibidores e demais atores da indústria cinematográfica e da sociedade civil. A finalidade da pesquisa é produzir dados e análises acerca da existência ou ausência de instrumentos e políticas direcionados à preservação não apenas de aspectos materiais dos poucos cinemas de rua ainda em funcionamento no Rio de Janeiro, como do próprio uso cinematográfico dos prédios que abrigam/abrigavam atividades exibidoras. A sistematização de dados, análises de contextos locais e a comparação entre soluções podem auxiliar o pensamento sobre políticas culturais para além do tombamento dos prédios em virtude de suas relevâncias arquitetônicas.

Bibliografia

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