Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Francisco Alves dos Santos Junior (UFRB)

Minicurrículo

    Pesquisador de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB/CNPQ) sob a supervisão do Prof.º Dr.º Jorge Cardoso Filho. Doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pesquisador do Grupo de Estudos em Experiência Estética: Comunicação e Artes (GEEECA/UFRB).

Ficha do Trabalho

Título

    Pelé, o documentário brasileiro e as cenas do sensível

Formato

    Presencial

Resumo

    Partindo da ideia que os documentários sobre futebol podem ser considerados produções estético-políticas, já que trazem para a superfície questões relacionadas à vida política e cultural do país, o que nos interessa neste trabalho é analisar, através de uma perspectiva comparada, como Pelé é representado nos documentários Isto é Pelé (Luiz Carlos Barreto e Eduardo Escorel – 1974), Pelé Eterno (Anibal Massaini Neto – 2004) e Pelé: o Rei desconhecido (Ernesto Rodrigues – 2017).

Resumo expandido

    Considerado o maior jogador de futebol de todos os tempos, Pelé ocupa um lugar importante no imaginário brasileiro e mundial. O registro dos seus gestos, dos seus gols e de suas performances nos gramados, e também fora deles, são numerosos na fotografia, na televisão ou no cinema. José Miguel Wisnik, em Veneno Remédio: o futebol e o Brasil, explica que a construção mitológica do ex-camisa 10 da seleção brasileira, do Santos e do Cosmos, foi reforçada pelas transformações tecnológicas dos meios de comunicação de massa: “Pelé é um ser de transição entre o futebol do rádio e o futebol da televisão, cujos teipes contribuíram para torná-lo o símbolo de alcance planetário que ele é” (WISNIK, 2008, p. 36). São diversas as produções cinematográficas (ficcionais e documentais) que se dedicam a reconstruir a carreira de Pelé, sem deixar de lado, entretanto, a relação entre a sua vida pública e a sua vida privada, marca indelével do processo de criação e recriação biográfica e autobiográfica de pessoas públicas, na qual se “apresenta uma trama frequentemente indiscernível entre o individual e o coletivo, e a identidade pessoal se desenha quase obrigatoriamente no horizonte da construção da identidade nacional” (ARFUCH, 2010, p.141). Partindo da ideia que os documentários sobre futebol podem ser considerados como produções estético-políticas, já que trazem para a superfície questões relacionadas à vida política e cultural do país, o que nos interessa neste trabalho é analisar, através de uma perspectiva comparada, como o ex-jogador é representado nos documentários Isto é Pelé (Luiz Carlos Barreto e Eduardo Escorel – 1974), Pelé Eterno (Anibal Massaini Neto – 2004) e Pelé: o Rei desconhecido (Ernesto Rodrigues – 2017). Nossa intenção aqui é observar, a partir de um diálogo e de movimento fabular de aproximações e distanciamentos entre as obras escolhidas para este estudo, quais os “aspectos de proximidade, simpatia, divergências e/ou rupturas, por exemplo, que permitem a produção de outras imagens e imaginários, de continuidade ou de interrupção” (SOUZA; CARDOSO FILHO, 2022, p.46) da figura de Pelé no documentário brasileiro. Além disso, considerando a performance enquanto uma estratégia de produção de gestos de intervenção na ordem do comum (BOGADO; ALVES JUNIOR; SOUZA, 2020), buscaremos entender como as falas de Pelé, dentro e fora do campo de jogo, produzem sensibilidades e novas possibilidades de experienciar o futebol e o mundo.

Bibliografia

    ARFUCH, Leonor. O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Rio de Janeiro: UERJ, 2010.

    BOGADO, Angelita; ALVES JUNIOR, Francisco; DE SOUZA, Scheilla Franca. “Um estudo sobre performance, dispositivos de regulagem entre formas de vida e formas de imagem no documentário contemporâneo”. In. ALMEIDA, Gabriela; CARDOSO FILHO, Jorge (Orgs.). Comunicação, estética e política: epistemologias, problemas e pesquisas. Appris, Curitiba, 2020. p. 265-280.

    RANCIÈRE, Jacques. O desentendimento: política e filosofia. São Paulo: Editora 34, 1996.

    SOUTO, Mariana. Infiltrados e invasores – uma perspectiva comparada sobre relações de classe no cinema brasileiro. Salvador: Edufba, 2019.

    SOUZA, Scheilla Franca de; CARDOSO FILHO, Jorge. “A ‘Morada’ como constelação e encruzilhada: estética e política em experiências audiovisuais”. Revista Mídia E Cotidiano, v. 16, 2022. p. 43-65.

    WISNIK, José Miguel. Veneno remédio: o futebol e o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.