Ficha do Proponente
Proponente
- Bernardo Schmitt (UFF)
Minicurrículo
- Bernardo Schmitt é bacharel em cinema pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (PPGCINE – UFF) , onde realiza pesquisa sobre a história do primeiro cinema e as exibições ambulantes em Santa Catarina.
Ficha do Trabalho
Título
- Os Exibidores Ambulantes em Santa Catarina: de 1897 a 1912
Formato
- Presencial
Resumo
- Por meio de uma pesquisa de levantamento e análise de dados em arquivos, este trabalho procura explicitar o funcionamento e as operações dos exibidores ambulantes de cinematógrafo no estado de Santa Catarina, desde sua primeira exibição registrada até a eventual transição para um modelo de salas fixas. Buscamos demonstrar os diversos aspectos deste ciclo de exibições e as influências que este momento teve na continuidade das práticas de ida ao cinema em Santa Catarina através do século XX.
Resumo expandido
- Na transição para o século XX, o público catarinense teve seu primeiro contato com o cinematógrafo, através do trabalho de exibidores ambulantes – mascates que viajavam através de cidades, estados e países para realizar projeções de cinematógrafo. Começando em 1897, com a primeira exibição na capital Florianópolis, e espalhando-se para norte e sul do estado, este modo de exibição foi o meio exclusivo de contato entre os espectadores e a nova atração em Santa Catarina até o início da década de 1910, quando muitos destes – até então – ambulantes iniciam uma transição para o modelo de salas fixas.
O trabalho dos itinerantes no estado possuí algumas curiosas diferenças quando comparado com o resto do país, em particular no que concerne a influência dos imigrantes alemães – habitantes das cidades coloniais no norte do estado – que foram itinerantes pioneiros através do estado, realizando exibições em alemão e português de aparelhos e fitas conseguidos na alemanha, aproveitando-se do contato constante que os portos de São Francisco e de Itajaí mantinham com Hamburgo, na Alemanha. Estes imigrantes tiveram grande influência na forma como ocorriam os espetáculos de cinematógrafo em Santa Catarina, cujos espaços, datas e programas eram adequados aos aspectos culturais da vida na colônia.
É notória também a divisão do ciclo dos ambulantes em dois períodos distintos: um momento inicial (1897 – 1905), marcado por uma maior diversidade nos espaços – exibições em teatros, salões de festa, clubes de tiro, tendas de circo -, nos tipos de aparelhos e nos tipos de exibidores – ilusionistas, pequenos empresários, circos, antigos e novos mascates – que, em geral, realizavam rotas bastante longas, através de diversos estado e – por vezes – outros países. Nestas exibições, o cinematógrafo era, tradicionalmente, apenas uma atração dentro de um programa que podia conter truques de mágica, acrobacias, concertos musicais, bailes e outras diversões, dependendo do modelo de exibidor.
No segundo período (1906 – 1912), existe um virtual domínio de um único modelo de ambulante: um pequeno empresário local, que realiza exibições exclusivamente de cinematógrafo, em espaços já tradicionais – salões ou teatros – e fazendo sempre rotas curtas e fixas através do litoral do estado – de Laguna até Itajaí – e adentrando no interior somente na parte norte – região de imigrantes alemães.
A partir de 1909, muitos destes empresários fixam suas exibições, se aproveitando de um fluxo mais contínuo de novos filmes vindos do Rio de Janeiro, e abrem, nos mesmos teatros e salões que costumavam utilizar itinerantemente, as primeiras salas de cinemas o estado: o Parque Smart e Cinema Floresta (em Joinville), Kino Busch (em Blumenau), Parque Catarinense e Cinema-Cassino (em Florianópolis) e Cinema Ideal (em Itajaí).
Através deste trabalho de pesquisa – realizado extensamente em arquivos físicos e digitais do estado – pudemos demonstrar como o ciclo de exibições ambulantes em Santa Catarina foi um movimento que possuiu conformidades e particularidades quando comparado com o resto do Brasil; que advém de uma tradição de espetáculos e atrações itinerantes no século XIX e culmina diretamente influenciando os primórdios do circuito de salas de cinema em Santa Catarina e o contato do público catarinense com o cinema através do século XX.
Bibliografia
- ARAUJO, S. M. de.; DEPIZZOLLATTI, N.V.; PIRES, J. H. N. O Cinema em Santa Catarina. Florianópolis: Editora da UFSC & Embrafilme, 1987.
BARRO, Máximo. Na Trilha dos Ambulantes. São Paulo: Maturidade, 2000.
LEITE, Ary Bezerra. Memória do Cinema: os ambulantes no Brasil. Fortaleza: Premius, 2011.
KORMANN, Edith. Cinema. In:______. Blumenau: arte, cultura e histórias de sua gente (1850 – 1985). Vol 3. Blumenau: edição da autora, 1996.
PIRES, José Henrique Nunes. Cinema e história: José Julianelli e Alfredo Baumgarten, pioneiros do cinema catarinense. Tese (Mestrado em História), Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, p.205, 1999.
ROSSELL, Deac. A Slippery Job: Travelling Exhibitors in Early Cinema. In: Visual Delights. Essays on the Popular and Projected Image in the 19th Century. ed. Simon Popple and Vanessa Toulmin. Trowbridge, Wilts.: 2000: Flicks Books, p. 50-60.