Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Júlia Lelli (UAM)

Minicurrículo

    Formada em Rádio e TV pela Universidade Anhembi Morumbi, em 2019. Fiz uma pesquisa de Iniciação Científica (com bolsa PIBIC), durante a faculdade, sobre cinema brasileiro dos anos 60 com foco no cinema de Luiz Sérgio Person e apresentei um Trabalho de Conclusão de Curso teórico sobre filme-ensaio. Atualmente sou mestranda em comunicação na Anhembi Morumbi com um projeto intitulado A magia do cinema: o início dos processos narrativos como geradores de identificação no primeiro cinema.

Ficha do Trabalho

Título

    Criações de uma nova linguagem através dos filmes de Alice Guy

Formato

    Presencial

Resumo

    Explicitar de que forma os filmes da cineasta pioneira do cinema de ficção Alice Guy Blaché ajudaram a construir a, então nova e em desenvolvimento, linguagem cinematográfica. Dentre as obras mais importantes que merecem destaque por terem trazido algum ponto específico de criação na linguagem estão: La fée aux choux (1896), Les résultats du féminism (1906), La vie du Christ (1906) e Madame a des envies (1907).

Resumo expandido

    Este trabalho propõe investigar a maneira com a qual o primeiro cinema construiu as bases para a linguagem cinematográfica que conhecemos hoje. Entende-se, este, como o cinema que foi feito entre 1895 e 1908, aproximadamente. Pretende-se estudar a maneira com a qual a movimentação de câmera, os close-ups, os diferentes tipos de montagem, a direção de arte e o roteiro construíram um diálogo tão eficiente e emotivo com o público das salas de cinema, levando o espectador a diferentes emoções durante o período em que está temporariamente experenciando um estado de dupla consciência, como nos diz Edgar Morin (2014).
    A critério de análise utilizarei algumas obras da cineasta pioneira do cinema de ficção Alice Guy Blaché. Dentre as mais importantes que merecem destaque por terem trazido algum ponto específico de criação na linguagem cinematográfica estão: La fée aux choux (1896), Les résultats du féminism (1906), La vie du Christ (1906) e Madame a des envies (1907).
    Usarei como base metodológica as teorias da comunicação dentro dos estudos culturais, analisando de que maneira a sociedade e as inovações tecnológicas do final do século XIX permitiram o surgimento e os posterior interesse pelo o que viria a ser o cinema. Os países que primeiro tiveram acesso às novas tecnologias acabaram por moldar a linguagem – pelo menos incialmente – e, principalmente, os significados presentes nos primeiros filmes. Para a construção dessa metodologia utilizarei muito o livro O Cinema e a Invenção da Sociedade Moderna.
    Juntamente desse livro, usarei outros como referencial teórico o próprio Edgar Morin, já citado aqui, será amplamente utilizado, bem como a extensa pesquisa sobre primeiro cinema feita pela Flávia Cesarino Costa, aqui no Brasil. Tendo em vista a falta de referências à Alice Guy nos trabalhos sobre historiografia do cinema suprirei este aspecto com a leitura de artigos referentes à sua vida e obra, bem como o documentário Be natural: the untold story of Alice Guy-Blaché (Pamela B. Green, 2018). Os autores base para estudos do primeiro cinema também estão presentes no meu estudo, sendo eles: Gaudreault, Musser e Gunning. Autores que redescobriram essa época tão importante para a construção da linguagem do que entendemos hoje por cinema e que possibilitaram seu estudo histórico e artísitico até os dias de hoje. Porém aprofundarei de um modo particular a questão da percepção do expectador para com os filme da Alice Guy.
    Finalmente, um dos principais objetivos desse trabalho é estabelecer como, e porque, os filmes listados acima foram alguns dos pioneiros em forjar uma relação perceptiva com o espectador através dos elementos técnico-narrativos analisados nesse projeto – montagem, enquadramentos e princípios da narrativa. Estudando, sob o viés metodológico aqui apresentado, a maneira com a qual a linguagem do cinema foi surgindo e de que modo foi se solidificando. Bem como conectar as inovações técnicas e de linguagem, sob o ponto de vista narrativo e histórico, com a sensibilidade artística que a diretora nos traz em suas obras.

Bibliografia

    AUMONT, Jacques. A imagem. São Paulo: Papirus, 1993.
    CHARNEY, Leo; SCHWARTZ, Vanessa R. O Cinema e a Invenção da Vida Moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
    COSTA, Flávia Cesarino. O primeiro cinema. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2008.
    COSTA, Flávia Cesarino. Antes da narrativa linear : tempo e modernidade no primeiro cinema – 1895-1907. São Paulo.
    GAUDREAULT, A. From “Primitive Cinema” to “Kine-Attractography”. In Strauven, W. (Ed.), The cinema of attractions reloaded. Amsterdam University Press, 2006.
    GUNNING, T. An Aesthetic of astonishment: Early film and the (in)credulous spectator. In Williams, L. (Ed.), Viewing positions: ways of seeing film. Rutgers University Press, 1995.
    MACHADO, Arlindo. Pré-cinemas e pós-cinemas. São Paulo: Papirus, 1997.
    MORIN, Edgar. O cinema ou o homem imaginário. Ensaio de antropologia sociológica. São Paulo: É Realizações Editora, 2014.
    XAVIER, Ismail. O discurso cinematográfico – A opacidade e a transparência. São Paulo: Paz e Terra, 2019.