Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Gabriel da Silva Pinheiro (UFSCar)

Minicurrículo

    Mestrando em Imagem e Som pela UFSCar na linha de pesquisa de História e Políticas do Audiovisual. Na pesquisa acadêmica se interessa pela investigação das relações entre Estado, política e ideologia com o cinema, atualmente desenvolvendo pesquisas sobre a cinematografia da Coreia do Norte. Participa do grupo de pesquisa Cinemídia – Estudos sobre História e Teoria das Mídias Audiovisuais. É Jornalista graduado em Comunicação Social – Jornalismo, pelo Instituto de Educação Superior de Brasília.

Ficha do Trabalho

Título

    Festival de Cinema de Pyongyang: Janela entre mundo e Coreia do Norte

Formato

    Presencial

Resumo

    O objetivo é analisar o Festival de Cinema de Pyongyang como uma janela do mundo para a Coreia do Norte e dela para o mundo, através do cinema. O festival promove um intercâmbio cultural onde profissionais do cinema e jornalistas estrangeiros veem a Coreia do Norte e seu cinema, e os norte-coreanos têm contato com o cinema internacional. Pretende-se discutir o papel do cinema no diálogo entre países, usando o festival como um possível exemplo de ferramenta para essa promoção.

Resumo expandido

    O cinema é uma forma de expressão cultural e artística que transcende fronteiras e culturas, sendo uma ferramenta poderosa para a promoção da compreensão mútua entre países. É possível identificar que no cinema, os festivais têm papel importante nas trocas culturais entre as nações. O estudo dos festivais de cinema permite-nos entender as complexas relações globais das culturas cinematográficas por meio do desenvolvimento histórico e da hierarquia contestada de filmes, cineastas, linguagens cinematográficas, temas e lugares. Esses eventos constituem laços vitais para as indústrias cinematográficas globais, negócios, instituições e informações. “Os festivais fornecem lugares nos quais múltiplos agentes negociam relações locais, nacionais e supranacionais de cultura, poder e identidade.” (WONG, 2011). Os festivais de cinema possuem, nesse sentido, um papel a desempenhar no âmbito das relações internacionais.
    O Festival Internacional de Cinema de Pyongyang, ou PIFF, na Coreia do Norte, pode ser um exemplo importante de como o cinema pode ser usado para esse fim. A partir da década de 1980, após a queda do bloco comunista, houve uma diminuição significativa da exibição de filmes estrangeiros ao público norte-coreano, limitando-se a um número reduzido de filmes antigos importados da União Soviética, China ou Europa Oriental. Em 1987, Kim Jong-il estabeleceu o festival, desde então ele tem se destacado como um importante evento para a promoção da exibição de filmes internacionais na Coreia do Norte. (LEE, 2005, p.204).
    O PIFF em sua criação inicialmente enfocou filmes produzidos por países em desenvolvimento. No entanto, após o ano de 2000, observou-se uma ampliação da abrangência do festival, com o crescente domínio de filmes europeus ocidentais nas telas. (SCHÖNHERR, 2012, p.11). Há um indicativo de que o PIFF abre a possibilidade para a promoção do intercâmbio cultural entre a Coreia do Norte e o mundo, funcionando como uma janela para ambos os lados. Uma oportunidade em que os norte-coreanos têm contato com outras culturas através dos filmes de outros países, enquanto a Coreia do Norte pode mostrar seu país e o seu cinema para um público internacional, especialmente para profissionais do cinema e jornalistas estrangeiros que vão até o evento. “O PIFF não trouxe apenas filmes estrangeiros para curiosos norte-coreanos, mas também jornalistas e turistas estrangeiros curiosos para a Coreia do Norte, colocando-a no mapa da economia cultural global e nas seções de arte de grandes jornais como o New York Times e o Los Angeles Times.” (KIM, 2010, p.311).
    Ao mesmo tempo, a visita aos estúdios cinematográficos em Pyongyang é uma atividade rotineira nos passeios oficiais oferecidos aos delegados do PIFF. (SCHÖNHERR, 2012, p.14). Para além disso, a Korean Film Export and Import Corporation (KOFIC), a entidade estatal norte-coreana responsável pela exportação e importação de filmes, é a organizadora do festival, essa afiliação sugere que uma das funções do PIFF é promover a venda de filmes produzidos na Coreia do Norte para outros países, aproveitando o espaço de mercado disponibilizado pelo evento. (KIM, 2020, p.26).
    Esse evento cultural então pode ter um grande papel de fomentar uma maior compreensão e interação da Coreia do Norte com outras culturas. Para isso, será realizada uma revisão bibliográfica, análise de documentos do festival e coberturas na imprensa. A partir dessa análise, espera-se contribuir para o entendimento do papel do cinema como uma ferramenta para a promoção da compreensão mútua e do diálogo intercultural em nível global e propor uma abertura do diálogo sobre as questões envolvidas na cinematografia da Coreia do Norte.

Bibliografia

    KIM, Dong Hoon. Comrade Kim Goes Global: Refiguring North Korean Cinema in a Global Context. Situations: Cultural Studies in the Asian Context, v. 13, ed. 2, 2020.
    KIM, Suk-Young. Illusive Utopia: Theater, film, and everyday performance in North Korea. The University of Michigan Press, Ann Arbor, 2010.
    LEE, Hyangjin. State Cinema and Passive Revolution in North Korea. In: WAYNE, Mike (ed.). Understanding Film: Marxist Perspectives. Pluto Press, 2005. cap. 9, p. 194-212.
    PEDREROS D., Carolina. North Korean cinema and propaganda: A form of intercultural communication?. Student Journal of Asian Studies, 2022.
    RI, Un Gyong; KIM, Thaek Song. The 17th Pyongyang Film Festival. Pyongyang: Organizing Comitee of The 17th Pyongyang Film Festival, 2019.
    SCHÖNHERR, Johannes. North Korean cinema: A history. McFarland & Company, Inc., Publishers, 2012.
    WONG, Cindy Hing-yuk. Film Festivals: Culture, People, and Power on the Global Screen. 1. ed. Rutgers University Press, 2011.