Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Matheus Maltempi Munhoz (Unicamp)

Minicurrículo

    Graduado em Comunicação Social – hab – Midialogia pela Universidade Estadual de Campinas. Trabalhou com produções audiovisuais como curtas-metragens, vídeos institucionais e comerciais nos cargos de roteirista, diretor e produtor. Organizou mostras em Mogi Guaçu e Campinas, também fez parte do júri técnico do Cinefantasy em 2022.

Ficha do Trabalho

Título

    A Produção atual do Cinema de Horror Brasileiro

Formato

    Presencial

Resumo

    Esta apresentação se propõe analisar a cadeia produtiva contemporânea do cinema de horror brasileiro por meio do estudo de um corpus de filmes específico: As Boas Maneiras (Juliana Rojas e Marco Dutra, 2017) e Animal Cordial (Gabriela Amaral Almeida, 2018). Pretende-se fazer essa investigação através de entrevistas com os realizadores das obras e apresentar alguns resultados parciais no painel em questão.

Resumo expandido

    A produção de filmes de terror no Brasil pode parecer um pouco caótica, devido aos baixos investimentos orçamentários, como pode ser visto através da própria história do cineasta José Mojica Marins, perseguido pela censura em seus filmes, não conseguiu lucrar com “À Meia Noite Levarei Sua Alma” pois precisou vender o filme para pagar as dívidas que angariou por sua produção problemática. Entretanto, após a retomada e a popularização dos equipamentos de vídeo surgiram alguns núcleos de produção, como aponta Mayka Castellano (2010) em seu trabalho de conclusão de curso, no início pequenos produtores faziam filmes por diversão, contudo, esta recreação profissionalizou diversos realizadores, que através das janelas de exibição possibilitadas pela criação de festivais específicos do gênero terror.
    Esta apresentação consiste em demonstrar resultados parciais desta pesquisa que está sendo realizada sobre a cadeia produtiva nacional de cinema de horror, a partir da escolha de um corpus específico de filmes, escolhidos por conta de seus realizadores e por sua diversidade temática. Os filmes escolhidos foram: As Boas Maneiras (Juliana Rojas e Marco Dutra, 2017), Animal Cordial (Gabriela Amaral Almeida, 2018), os curtas-metragem da RZP Filmes e Skull A Máscara de Anhangá (Armando Fonseca, Kapel Furman, 2020).
    A diversidade temática entre estes filmes é importante para esta apresentação, já que, amplia-se o escopo de público e intenções de produção, pois, cada uma tem públicos alvos diferentes, portanto, resultados diferentes de como serão distribuídos e consequentemente quais serão as melhores janelas de exibição para cada um e o retorno financeiro e de crítica. Porém, para este encontro serão apenas utilizadas as entrevistas com Gabriela Amaral, Marco Dutra e Sara Silveira, e os dados compartilhados sobre a produção dos filmes Animal Cordial e As Boas Maneiras.
    O crescimento de filmes do gênero estreando em salas de cinema é notável, como por exemplo em 2010 não havia nenhum filme de horror exibido em sala, seguido de um crescimento tímido em 2011 e 2013, até que 2014 e 2015 aproximadamente três filmes foram exibidos em salas, em 2016 dobrou o número para seis filmes, até que se manteve estável em 2018 também com seis filmes segundo o boletim de estréias nacionais acessado no site FilmeB em maio de 2019..
    Além das exibições no circuito comercial, é observável o crescimento da produção de gênero no país com o passar dos anos pelo aparecimento de dezenas de festivais especializados em cinema fantástico, alguns com foco específico para o horror. Podemos citar entre eles Cine Horror (Salvador, Bahia), Morce-GO Vermelho (Goiânia, Goiás), FANTASPOA (Porto Alegre, Rio Grande do Sul), Rock Horror in Rio Film Festival (Niterói, Rio de Janeiro) (São Paulo, São Paulo), Festival Internacional POE de Cinema Fantástico (São José dos Campos, São Paulo), CineFantasy (São Paulo, São Paulo).
    Antes dos festivais e da internet como fortes disseminadores destes conteúdos, podemos indicar também como relevante para a construção da filmografia de horror pós-anos 90 o barateamento e com isso a popularização dos equipamentos de vídeo, já existentes no Brasil desde a década de 60. Portanto, era possível agora que os fãs fizessem seus próprios filmes, inspirados em produções de baixo-orçamento norte-americanas, que já faziam parte de seu repertório por meio de programas das TV aberta voltados à exibição de filmes do gênero como o “CineTrash” apresentado por José Mojica Marins, o Zé do Caixão, na Bandeirantes, tal criação de repertório foi crucial para a formação de novos cineastas, como Laura Cánepa aponta:

    “Mas os realizadores da geração atual construíram seus repertórios em outro ambiente, a partir do universo caótico das locadoras de VHS e guias de filmes, dos longas exibidos na TV aberta e dos sucessos internacionais de horror adolescente dos anos 1980. (CÁNEPA, p.29, 2014)”

Bibliografia

    CÁNEPA, Laura. Medo de Quê?: Uma História do Horror nos Filmes Brasileiros. 2008. 447 f. Tese (Doutorado) – Curso de Multimeios, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.

    CÁNEPA, Laura. Configurações do horror cinematográfico brasileiro nos anos 2000: continuidades e inovações. Miradas sobre o cinema ibero-latino americano, São Caetano do Sul, p. 121-144, 2016.

    CARVALHO, Noel dos Santos; PADOVANI, Gustavo. O mundo multiplataforma Kondzilla. Alceu, [S.L.], v. 20, n. 42, p. 123-143, 15 dez. 2020. Pontificia Universidade Catolica do Rio de Janeiro. http://dx.doi.org/10.46391/alceu.v21.ed42.2020.186.

    CASTELLANO, Mayka. É Bom Porque é Ruim!? Considerações Sobre Produção e Consumo de Cultura Trash no Brasil. Em Questão, v.16, p. 283-295, 2010