Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Afrânio Mendes Catani (UERJ/USP)

Minicurrículo

    Afrânio M. Catani: mestre, doutor e livre-docente em sociologia (USP), sócio fundador e ex-presidente da SOCINE, é professor titular na FEUSP e na UERJ (Campus: Duque de Caxias). Pesquisador do CNPq. Autor de A chanchada no cinema brasileiro (c/J.I.M.Souza); A sombra da outra: a Cinematográfica Maristela e o cinema industrial paulista nos anos 50; História do cinema brasileiro: 4 ensaios; A revista de cultura Anhembi (1950-62): um projeto elitista para elevar o nível cultural do Brasil.

Ficha do Trabalho

Título

    Um operário negro no cinema brasileiro: o ator e diretor Waldyr Onofre

Formato

    Presencial

Resumo

    O texto mapeia a trajetória do ator e diretor negro Waldyr Onofre (1934-2015). De família humilde, foi engraxate, serralheiro, ferreiro e técnico de rádio e TV. Fez curso de interpretação e teve longa carreira como ator coadjuvante em mais de 25 filmes, dirigiu 1 longa (As aventuras amorosas de um padeiro, 1975), 4 curtas e 3 assistências de direção.
    Trabalhou com Nélson Pereira dos Santos, Cacá Diegues, Paulo Thiago, Miguel Borges, Sérgio Rezende, Joaquim Pedro de Andrade e Arnaldo Jabor.

Resumo expandido

    Não é simples escrever sobre a trajetória do ator e diretor negro Waldyr Onofre (1934-2015) em razão da ausência de análises mais aprofundadas sobre a sua carreira. Infelizmente não localizei o filme que Tininho da Fonseca dirigiu em sua homenagem – trata-se de Waldyr Onofre (1979, 30 min.). O site historiogtafiaaudiovisual.com.br/filme/waldyr-onofre, acessado em 25.03.2023, informa que o curta mostra o artista em seu dia-a-dia pelas ruas do bairro de Campo Grande, onde morava, e exibe trechos de filmes em que participou como ator.

    Nascido em Itaguaí, Estado do Rio de Janeiro e originário de família humilde, trabalhou como engraxate, serralheiro e ferreiro. Fez curso de técnico em rádio e TV, “ocupação à qual se dedicou durante anos, inclusive quando já atuava no teatro, no cinema e na TV” (Autran, 2011, p. 425). Em 1953 começou a estudar interpretação num curso de rádio-teatro com o produtor Berliet Jr, da Rádio Nacional. Ingressou, em 1956, no Conservatório Nacional de Teatro, lá permanecendo 4 anos. Estudou com o diretor João Bethencourt e estagiou com o ensaiador Jack Brown, discípulo de Stanislavski, conseguindo figurações em alguns filmes. Estreou profissionalmente em 1960, na montagem do drama estadunidense O Contato (Heffner, 2012, p. 524). Sua atuação chamou a atenção do diretor Miguel Borges, que o convidou para o curta “Zé da cachorra”, episódio de Cinco Vezes Favela. Com Miguel fez ainda Canalha em Crise, Perpétuo Contra o Esquadrão da Morte, Maria Bonita, Rainha do Cangaço e O Caso Cláudia. Ainda nos anos 60 atuou nas seguintes peças: Mistery Sexy (1964), A Juventude Não é Tudo (1965) e Dança Lenta no Local do Crime (1969). Nos anos 60 também atuou nas seguintes peças: Mistery Sexy (1964), A Juventude Não é Tudo (1965) e Dança Lenta no Local do Crime (1969).

    Onofre foi um excelente coadjuvante, destacando-se pelo tipo físico, pelo talento e expressividade facial, sendo, na maioria das vezes, vilão. Filmou com Nelson Pereira dos Santos (de quem foi assistente de direção), Joaquim Pedro de Andrade, Cacá Diegues, Paulo Thiago, Arnaldo Jabor e Sérgio Rezende, dentre outros. Dirigiu 4 curtas e o longa As Aventuras Amorosas de um Padeiro (1975), produzido por N. P. Santos ,comédia suburbana em que a ginga e a malícia dão o tom. Na década de 60 criou em Campo Grande uma escola de teatro, no Ginásio Afonso Celso e, nos anos 80, montou agência de figurantes dedicada apenas a atores negros.

    Filmografia
    Ator: 1962: Cinco Vezes Favela (episódio: “Zé da Cachorra”) (Miguel Borges); 1963 – Canalha em Crise (M. Borges); 1967 – Perpétuo Contra o Esquadrão da Morte (M. Borges); 1968 – Maria Bonita, Rainha do Cangaço (M. Borges); 1969 – Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade); 1970 – Pedro Diabo (Miguel Faria Jr); 1971 – Os Senhores da Terra (Paulo Thiago); O Barão Otelo no Barato dos Bilhões (P. Thiago); 1972 – Jesuíno Brilhante, o Cangaceiro (William Cobbett); 1973 – Toda Nudez Será Castigada (Arnaldo Jabor); 1974 – Sagarana, o Duelo (P. Thiago); 1975 – O Amuleto de Ogum (Nelson Pereira dos Santos); 1976- O Homem de Papel (Carlos Coimbra); Marcados para Viver (Maria do Rosário); 1978 – A Dama do Lotação (Neville d´Almeida); 1979 – O Caso Cláudia M. Borges); 1984 – Memórias do Cárcere (N. P. Santos); Quilombo (Cacá Diegues); 1986 – O Homem da Capa Preta (Sérgio Rezende); 1987 – Running Out of Luck (J. Temple); 1989 – Jorge, um Brasileiro (P. Thiago); Sonhei Com Você (Ney Sant ́ Anna); Doida Demais (S. Rezende); 1994 – A Terceira Margem do Rio (N. P. Santos); 1999 – Mauá, o Imperador e o Rei (S. Rezende)

    Assistente de Direção: 1967 – Perpétuo Contra o Esquadrão da Morte (M. Borges); 1984 – Memórias do Cárcere (N. P. Santos); 1994 – A Terceira Margem do Rio (N. P. Santos)

Bibliografia

    AUTRAN, Arthur. Onofre, Waldyr. In: CASARES RODICIO, Emilio (Coord.). Diccionario del Cine Iberoamericano: España, Portugal y América. Madrid: SGAE y Editorial Fundación Autor, 2011, t. 6, p. 425.

    HEFFNER, Hernani. Onofre, Waldyr. IN RAMOS, Fernão P.; MIRANDA, Luiz Felipe (Orgs.). Enciclopédia do Cinema Brasileiro. São Paulo: Editora Senac São Paulo/Edições SESC SP, 3a. ed. [ampl. e atualiz.], 2012, p. 524-525.

    LOBO, Samuel. As Aventuras Amorosas de um Padeiro, de Waldyr Onofre. In: Acesso em: 23.03.2023.

    MELO, Luís Alberto Rocha. As Aventuras Amorosas de um Padeiro, de Waldyr Onofre In: . Acesso em: 23.03. 2023.

    MIRANDA, Luiz Felipe Alves. Dicionário de Cineastas Brasileiros. São Paulo: Art Editora, 1990.