Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Marina Costin Fuser (USP)

Minicurrículo

    Doutora em Cinema pela University of Sussex, com doutorado-sanduíche na UC Berkeley com bolsa de doutorado-pleno pela CAPES. Pós-Doutoranda no Instituto de Estudos Avançados da USP. Publicou livros e artigos sobre cinema, feminismo e semiótica. Está lançando um livro pela Ed. Polytheama sobre cinema pós-colonial feminista.;

Ficha do Trabalho

Título

    A Estética e a Política do “Falar de Perto” em Trinh T. Minh-ha

Seminário

    Cinemas decoloniais, periféricos e das naturezas

Formato

    Presencial

Resumo

    A suspensão do enunciado está no cerne da política de Trinh T. Minh-ha de “falar de perto”, abrindo caminho para o posicionamento do olhar do etnógrafo visual como um ponto de vista. Sua política de falar de perto é uma assinatura estética, uma forma de tratar a alteridade que lança mão de imagens, palavras e sons em todas as suas obras cinematográficas. Meu intuito é explorar as trilhas e fissuras que desviam e abrem caminho para significados abertos, desterritorializando o olhar colonial.

Resumo expandido

    A suspensão do enunciado está no cerne da política de Trinh do “falar de perto” (Reassemblage 1982), com o fim de evitar se fazer afirmações sobre os sujeitos da alteridade. Esse filme faz uso de uma assemblage poética de registros etnográficos capturados no oeste do Senegal, em sua grande parte retratando as pessoas dos povoados enquanto conduzem afazeres cotidianos como cozinhar, amamentar, dançar. A voz de Trinh tem uma sensualidade suave e articula suas percepções de maneira pessoal, com muito cuidado para não extrapolar o seu ponto de vista, falando a partir da posição de uma observadora que se recusa a falar diretamente sobre os sujeitos de seus filmes. O filme tem por objetivo criticar a linguagem direta dos documentários etnográficos convencionais, que produzem afirmações sobre seus sujeitos fílmicos. A suspensão do enunciado está no cerne da política de Trinh do “falar de perto” (Reassemblage 1982), com o fim de evitar se fazer afirmações sobre os sujeitos da alteridade. Esse filme faz uso de um arranjo poético de registros etnográficos capturados no oeste do Senegal, em sua grande parte retratando as pessoas dos povoados enquanto conduzem afazeres cotidianos como cozinhar, amamentar, dançar. A voz de Trinh tem uma sensualidade suave e articula suas percepções de maneira pessoal, com muito cuidado para não extrapolar o seu ponto de vista, falando a partir da posição de uma observadora que se recusa a falar diretamente sobre os sujeitos de seus filmes. O filme tem por objetivo criticar a linguagem direta dos documentários etnográficos convencionais, que produzem afirmações sobre seus sujeitos fílmicos. Sob um olhar ocidental, ocorre um desvio semântico que cria um hiato entre as culturas.
    A política de falar de perto abre caminho para o posicionamento do olhar do etnógrafo, assim chamando atenção para seu ponto de vista específico.

    Meu objetivo é abordar como a estética de Trinh pretendem desestabilizar o olhar que trata pessoas tribais como sujeitos exóticos da alteridade, subscrevendo a narrativas colonialistas. Exploro como Trinh produz um deslocamento nômade de ângulo que desafia o enunciado direto sobre a alteridade. A saber: que alternativas ela apresenta para abordar a crise de representação da etnografia?

    Falar de perto é o reconhecimento da impossibilidade de extrair a verdade em um filme sobre alteridade, configurando o “poder do falso”, em que todos os discursos podem ser tomados como ficção. Afim de entender como a cineasta a levantar essa suspeita sobre regimes coloniais de verdade na etnografia, aponto e analiso as estratégias de sua política e estética de falar de perto em seus dois filmes etnográficos: Reassemblage (1982) e Nakes spaces: Living is round (1985). Ao deslocar os vetores da representação de mulheres não ocidentais pelos cânones de poder da etnografia, argumento que Trinh desterritorializa o enunciado. Examino suas construções de proximidade/distância, que desautorizam uma voz da verdade colonizadora. Primeiramente, situo onde Trinh se encaixa no debate que emergiu de uma crise de representação na etnografia entre os anos 1980 e 1990, examinando leituras da obra de Trinh feitas por destacados etnógrafos e teóricos do cinema, como Christopher Pinney e Henrietta Moore. Na sequência, examino como Trinh tenta encontrar uma solução para essa crise em seus filmes etnográficos.

Bibliografia

    Bachelard, G. (1994) The Poetics of Space: the Classic Look at How We Experience Intimate Spaces, translated from the French by Maria Jolas. Boston: Beacon Press.
    Bhabha, H.K. (1997) ̳The Other Question: The Stereotype and Colonial Discourse‘, In:New- ton, K.M. (org.) Twentieth Century Literary Theory. Reprint of the hardcover 2nd
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    Essary from V.A.R. 1990-1994 New York: Routledge
    Marks, L. U. (2015) Hanan al-Cinema: Affections for the moving image, Cambridge, Massachussetts: The MIT Press
    (continua…)