Ficha do Proponente
Proponente
- Clarisse Maria Castro de Alvarenga (UFMG)
Minicurrículo
- Professora na Faculdade de Educação da UFMG. Atualmente coordena o Laboratório de Práticas Audiovisuais (LAPA) e o Laboratório e Arquivo de Imagem e Som (LAIS). Entre os filmes que dirigiu estão Ô, de casa! (2007) e Homem-peixe (2017). Autora dos livros Da cena do contato ao inacabamento da história (2017) e Aprender com imagens (2022).
Ficha do Trabalho
Título
- Olhares dos velhos e dos jovens: diálogos na Terra Indígena Xakriabá
Seminário
- Cinema e Educação
Formato
- Presencial
Resumo
- Pretendo analisar processos de criação audiovisual e filmes realizados por professoras, professores e por estudantes da Terra Indígena Xakriabá nos anos de 2019 a 2021. A proposta é promover aproximações e distanciamentos entre os trabalhos realizados pelos mais velhos e pelos mais jovens, encontrando diálogos entre os olhares das diferentes gerações.
Resumo expandido
- O processo formativo audiovisual que realizamos nos anos de 2019 a 2021 não se encaixa no que os não indígenas conhecem como “cinema indígena” ou “cinema Xakriabá”. Antes de se tornar um produto ou ter seus processos de aprendizagem sistematizados, o cinema simplesmente permite aprender a conectar. Essas conexões são entre os corpos, suas experiências sensíveis, sua percepção tátil e o território. Essa é a “tecnologia” que interessa, essa é a conexão mais importante de ser aprendida.
Nos filmes realizados por professoras e professores e nas imagens fotográficas e nos vídeos realizados pelos jovens, podemos notar a permanência dessa conexão entre os corpos e o território de diferentes ponto de vista. Nos filmes realizados pelos professores encontramos a busca pelos conhecimentos que cercam o nascer, o luto e pelos conhecimentos das narrativas tradicionais contadas nas situações de encontro entre os mais velhos.
Nos trabalhos dos mais jovens, entre um longo travelling feito de bicicleta a partir de casa até a casa da avó, no reconto de uma narrativa tradicional feita de uma criança para outra, ambos sentados no chão, nas várias caminhadas pelo barro e nas gravações de plantas e animais, como porcos e galinhas, surge um outro olhar, diferente dos adultos, mas igualmente voltado para a experiência sensível do contato com o território.
O diálogo entre o olhar dos mais velhos e o olhar dos mais novos aponta um caminho de encontro que passa pela experiência sensível na relação com o território. Se as experiências dos mais velhos e dos mais novos são diferentes, elas se encontram nas imagens ao apresentarem suas percepções direcionadas para aquilo que os une: o território.
O processo de realização da imagem pode, assim, aguçar os sentidos, favorecendo a percepção do território e do conhecimento tradicional por parte de quem a realiza. Ao final, a imagem resulta como uma evidência, que mostra essa conexão e funciona como uma prova de que o saber foi aprendido, porque a experiência sensível de cada um aparece.
Bibliografia
- ALVARENGA, Clarisse. Aprender com imagens. Belo Horizonte: Laboratório de Práticas Audiovisuais, Faculdade de Educação, 2022.
CORRÊA, Célia Nunes. O Barro, o jenipapo e o giz no fazer epistemológico de autoria Xakriabá: reativação da memória por uma educação territorializada. Dissertação de Mestrado, UNB. Brasília (DF), 2018.
CORRÊA, Edgar Nunes. Etnovisão – o olhar indígena que atravessa a lente. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Antropologia. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH/UFMG). Belo Horizonte (MG), 2019,
GOMES, Ana M. R. e PEREIRA, Verônica Mendes. A produção e a circulação da cultura pelas fronteiras da escola indígena Xakriabá. In: Revista Brasileira de Educação. Vol. 24, Rio de Janeiro, 2019.