Ficha do Proponente
Proponente
- Claudia Erthal (UFSCar)
Minicurrículo
- Jornalista, documentarista e pesquisadora. Pós-doutoranda na UFSCar em plataformização da cultura. Doutora e Mestre em Meios e Processos Audiovisuais da ECA/USP. MA em Independent Film and Video na University of London (Inglaterra). Graduação em Jornalismo pela UFSC. Atua na criação e desenvolvimento de conteúdo e produtos audiovisuais para produtoras, agências, emissoras de TV e para a Internet com ênfase em Direção, Roteiro e Edição. Foi docente do curso de Jornalismo da FMU/SP.
Ficha do Trabalho
Título
- Novelas e publicidade: aproximações entre o streaming e a TV aberta
Formato
- Remoto
Resumo
- Em busca da consolidação de um consumo de massa e de um usuário/investidor cada vez mais fidelizado, as plataformas de streaming Netflix e HBOMax anunciam a produção de novelas no Brasil e adoção de intervalos comerciais em nível global. Este trabalho investiga sobre como estas mudanças nas estratégicas de negócio, na entrega de conteúdo ao assinante e no modelo inicialmente apresentado ao mercado, fazem o streaming se aproximar do ecossistema da TV aberta.
Resumo expandido
- As plataformas de streaming como HBO Max e Netflix anunciaram recentemente
que estão modificando o modelo de negócios anteriormente baseado em assinatura e investimentos privados para produzir intervalos comerciais a serem inseridos na programação. Além dos comerciais, as plataformas também anunciaram a produção de novelas no Brasil como forma de atrair uma quantidade maior de assinantes para os seus produtos audiovisuais.
No caso da HBO Max a informação de mercado é de a primeira novela a ser produzida pela plataforma no Brasil é Segundas Intenções com elenco principal egresso dos estúdios Globo e com a perspectiva de mercado de faturamento de cerca de R0 milhões com os intervalos comerciais desta produção. A perspectiva é que seja um híbrido entre as séries e as novelas com uma média de cinquenta capítulos, ao invés dos cem capítulos tradicionais na televisão brasileira.
Além da produção de novelas, a Netflix também pretender instituir planos com publicidade nos intervalos comerciais – neste último caso até o final de 2022 e inicialmente nos planos mais baratos – uma mudança global no modelo de negócio da empresa. Ao enfrentar a perda de 200 mil assinantes em abril de 2022 e com a perspectiva de perder mais dois milhões até o final do ano, a empresa considera o projeto das inserções publicitárias, ainda sem mencionar a de que forma estas inserções serão feitas, se dentro ou fora dos produtos, se nos espaços disponíveis na tela da televisão ou se, ainda, em intervalos comerciais seguindo modelos mais tradicionais de entrega de conteúdo comercial.
Fatores como a crise econômica mundial, a saída de investidores, de assinantes, e a necessidade de lucros fazem com que as empresas recorram a novas estratégias de produção de conteúdo audiovisual. Objetivamente, há que se trabalhar com quantidades maciças de público e para tal, o mercado mostra a necessidade de atrair recursos com modelos de produção outrora condicionados à televisão linear.
Dentro dessa perspectiva, as plataformas de streaming chegaram apresentando possibilidades de entrega e consumo de conteúdo de maneira mais parecida com as TVs por assinatura e mais distante da TV aberta. Após a adoção de publicidade e intervalos comerciais nas emissoras de TV por assinatura. O objetivo desta investigação é refletir sobre como, ao oferecer novelas e comerciais, as empresas de streaming parecem se aproximar as mesmas estratégias que a TV aberta sempre dispôs ao mercado. E de como nesta mudança de modelo de negócios o streaming pode se assemelhar a um híbrido das características do modelo que lhe deu origem com o da TV aberta, estabelecendo assim, um terceiro modelo dentro do ecossistema dos serviços de entrega de produtos audiovisuais.
No momento permanecem questões sobre como se dará a exibição de publicidade no streaming. Porque, para além das novelas, é um conteúdo que pode colaborar na criação de um modelo ainda mais semelhante à televisão aberta e, portanto, fornecer uma experiência de um ambiente conhecido por parte dos usuários. Assim, é possível pensar que nesta busca de atrair a atenção e a fidelização do usuário (ERTHAL, 2018) o streaming também o mantenha num sistema de passividade em relação ao fluxo de programação ou, no caso, de opções de programação, como mostram Massarolo e Mesquita (2017, p.3) quando falam sobre a Globoplay e estabelecem uma relação direta entre as estratégias de programação de plataforma e dos outros canais de emissão que atendem a TV aberta. Assim como quando se destacam as relações e estratégias entre os sistemas broadcasting e de conteúdo sob demanda por assinatura, ou de streaming. (MUNGIOLI; IKEDA; PENNER, 2018, p.54)
Esta é uma investigação sobre o cotidiano dos acontecimentos comunicacionais contemporâneos com suas demandas que dependem de contextos socioeconômicos, políticos e culturais e conta com as transformações constantes do mercado que se adapta, mas também impõe formas de consumo.
Bibliografia
- YANKELEVICH. Tomás. De olho no Brasil, chefão da HBO Max mira fãs de novela e futebol. https://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/de-olho-no-brasil-chefao-da-hbo-max-mira-fas-de-novela-e-futebol-77579
KOBLIN, John, SPERLING, Nicole. Netflix Tells Employees Ads May Come by the End of 2022. https://www.nytimes.com/2022/05/10/business/media/netflix-commercials.html
ERTHAL, Claudia. Da experiência do usuário midiático contemporâneo: olhares em construção. São Paulo: USP, 2018.
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27161/tde-11092018-164109/pt-br.php
MASSAROLO, João Carlos; MESQUITA, Dario. Fluxos sob demanda nas plataformas televisivas: um estudo do Globoplay. http://www.compos.org.br/data/arquivos_2017/trabalhos_arquivo_JT4HBT4T62HE52ZO7TNX_26_5347_20_02_2017_20_40_09.pdf
MUNGIOLI, Maria Cristina Palma e outros. Estratégias de streaming de séries brasileiras na plataforma Globoplay no período de 2016 a 2018. https://www.revistageminis.ufscar.br/index.php/geminis