Ficha do Proponente
Proponente
- Maria Isabela Buzolin Lucreddi Busson (USP)
Minicurrículo
- Formação
2020/presente – Doutoranda em co-tutela em História e Meios e Processos Audiovisuais – EHESS/ECA-USP
2015/2017 – Mestrado em Imagens e Cultura Visual – EHESS/França
2008/2013 – Bacharelado em História – FFLCH/USP
2011/2012 – Bolsista Fapesp / Iniciação Científica – FFLCH/USP
Experiência :
2022/presente – Responsável de produção audiovisual
Informações complementares :
2022 – III Congresso ABRE (Associação de Brasilianistas da Europa) – Organização/Participação em painel
Ficha do Trabalho
Título
- Uma análise da relação entre Pornochanchada e Censura
Formato
- Remoto
Resumo
- A atuação da Censura sobre as produções culturais no Brasil da ditadura foi vigorosa, sobretudo no pós-AI-5, esmagando manifestações artísticas consideradas subversivas. No campo do cinema, foi também durante essa década que proliferaram as chamadas pornochanchadas, grupo de filmes eróticos que floresceram na década de 1970. Enfrentando uma censura moral praticada contras obras culturais, o gênero foi integrado e regulado de acordo com as necessidades da ordem vigente.
Resumo expandido
- A chamada pornochanchada desenvolveu-se no decorrer dos anos 1970, tendo alcançado seu apogeu no período mais sombrio da ditadura militar. Após o decreto do AI-5, em 1968, que institucionalizou a tortura, a censura praticada contra a produção cultural brasileira se burocratizou. Movimentos e manifestações artísticos considerados engajados e subversivos foram esmagados. No campo do cinema, a atuação da Censura contribuiu para o desmembramento do seleto grupo do Cinema Novo, já no início dos anos 1970. No entanto, foi também durante essa década que proliferaram os filmes eróticos que ficariam conhecidos como pornochanchadas.
Evoluindo fora do quadro das liberdades democráticas, que permitiu o desenvolvimento do cinema erótico em outros países, a pornochanchada enfrentou a censura moral praticada contra obras culturais pela Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), órgão ligado à Polícia Federal. De acordo com o historiador Carlos Fico, não houve uma censura durante o regime militar, mas duas: uma censura política, não regulamentada por normas ostensivas e praticada de maneira acobertada; e uma censura moral, praticada já desde a Era Vargas, mas instrumentalizada após o golpe de 1964. É preciso ressaltar que, com essa afirmação, o historiador não pretende fazer uma distinção estanque entre as duas censuras, mas considerar as especificidades existentes entre duas instâncias, moral e política, que compõe, como dois braços, o corpo do aparelho censório. Trata-se, portanto, de compreender uma problemática específica, sustentada, inclusive, pela própria população. Inúmeras cartas enviadas por cidadãos comuns ao presidente e outros órgãos governamentais pediam por um endurecimento do controle moral. O tratamento desferido por cada um dos braços da Censura, moral e político, divergiam na forma, mas não na intensidade. Investindo na capacidade de monitoramento e controle da sexualidade, a censura moral buscava normatizar padrões, enquadrando práticas consideradas « perversões » e « desvios » comportamentais, enquanto a censura política buscava « eliminar », em nome da Segurança Nacional, o inimigo comum.
O caso das pornochanchadas expõe a complexidade dos mecanismos repressivos. Sofrendo cortes e interdições, o gênero foi integrado e regulado de acordo com as necessidades da ordem vigente. Através da análise comparativa de filmes e de pareceres de censura, emitidos pela DCDP, esse trabalho investiga a relação entre pornochanchada e censura sob o prisma das questões entre sexualidade e poder, buscando entender como os dispositivos censórios interpretaram as representações do sexo, dos gêneros e dos corpos nas obras. Para esta apresentação, três filmes foram selecionados para análise : A Super Fêmea, Os Homens que eu Tive e Como Consolar Viúvas.
Bibliografia
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