Ficha do Proponente
Proponente
- Ana Patricia de Queiroz Carneiro Dourado (CIAC-UALG)
Minicurrículo
- Investigadora de Pós-Doc do CIAC/Centro de Investigação em Artes e Comunicação da Universidade do Algarve. Membro do Grupo de Pesquisa em Processos de Criação da PUC-SP. Doutora e mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Estuda os processos de criação em geral, e do cinema em específico.
Ficha do Trabalho
Título
- Anotações para uma possível teoria do roteiro contemporâneo
Seminário
- Estudos de Roteiro e Escrita Audiovisual
Formato
- Presencial
Resumo
- Com base no estudo das práticas de alguns realizadores do cinema brasileiro contemporâneo – Eliane Caffé, Anna Muylaert e Leonardo Mouramateus – por meio dos arquivos da criação desses cineastas e a partir da abordagem teórico-metodológica da teoria crítica dos processos de criação de Cecília Salles, reflete-se sobre o roteiro como ferramenta de tradução e experimentação contínua em busca de uma possível teorização do roteiro com base na prática contemporânea.
Resumo expandido
- Expor-se ao contemporâneo, segundo a teórica da criação Cecilia Salle, é um desafio para a crítica e a teoria, por poder representar a falência dos seus modelos de análise. Classificações, modos e modelos de olhar conhecidos oferecem certa segurança, mas normalmente atuam como formas teóricas que rejeitam tudo aquilo que nelas não cabe (Salles, 2012, p. 519).
Ao assumir uma postura que privilegia a obra e o seu processo de criação, a crítica e a teoria precisam, permanentemente, criar novas ferramentas capazes de compreender as colocações da arte contemporânea e, consequentemente, as questões teóricas colocadas pela sua prática e modos de trabalho.
Também as práticas do roteiro contemporâneo são um desafio à reflexão, à conceituação do roteiro e à tentativa de uma possível teorização da prática do roteiro. Em meio a diversidade de práticas de trabalho, são destacados dois aspectos que julgamos, entre outros, fundamentais à busca por uma possível teorização do roteiro: a experimentação contínua e o caráter tradutório do roteiro.
A experimentação contínua remonta a uma certa qualidade do roteiro de estar presente em todos os momentos da criação, da pré à pós-filmagem, como motor de experimentação e testagem. Essa mesma qualidade é também uma construtora voraz de pontes, de traduções. Traduz linguagens, códigos e séries culturais inteiras pelo gesto permanente de transmutar. E, com isso, as cria também. Cria o próprio gesto de traduzir o mundo para o universo audiovisual.
Com base no estudo das práticas de alguns realizadores do cinema brasileiro contemporâneo (Dourado, 2021) – e com exemplos das práticas especialmente de Eliane Caffé, Anna Muylaert e Leonardo Mouramateus – por meio dos arquivos da criação desses cineastas e a partir da abordagem teórico-metodológica da teoria crítica dos processos de criação de Cecília Salles (Gesto inacabado, 2013; Redes da criação, 2006), este estudo reflete sobre o roteiro como ferramenta de tradução e experimentação contínua, sob a proposta de uma possível teorização do roteiro com base no estudo especialmente da prática contemporânea.
Bibliografia
- DOURADO, Patrícia. Da criação como experimentação contínua: práticas de roteiro no cinema brasileiro contemporâneo. Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Orientadora: Cecília Almeida Salles. São Paulo, Brasil, 2021.
FLUSSER, Vilém. O gesto de fazer. In: ______. Gestos. São Paulo: Anablume, 2014.
FLUSSER, Vilém. Pontificar. Arquivo Flusser Brasil, art528. Texto inédito, s/a. Disponível em: http://flusserbrasil.com/art528.pdf Acesso em: 29 maio 2022.
SALLES, Cecilia. Desafios da arte contemporânea e a crítica de processos criativos. Materialidade e virtualidade no processo de criação – Atas do X Congresso Internacional da APCG, PUCRS, Rio Grande do Sul, 2012. Disponível em: http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/apcg/edicao10/Cecilia.Salles.pdf Acesso em: 29 maio 2022.
SALLES, Cecília. Gesto inacabado. São Paulo: Intermeios: 2013.
SALLES, Cecilia. Redes da criação. São Paulo: Anablume, 2006.