Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Silvia Helena Cardoso (UNIFESSPA)

Minicurrículo

    Silvia Helena Cardoso, artista, antropóloga e professora universitária; Doutora em Artes/Poética Visual e Mestre em Multimeios/Antropologia Visual, IA/UNICAMP; Bacharel em Ciências Sociais/Antropologia Social, FFLCH/USP; Fotógrafa, Filmmaker e Viajante; Trabalha na Linc. em Artes Visuais da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. De São Paulo Capital para Marabá no Sudeste do Pará onde reside e transita por “cidades potencialmente visuais”.

Ficha do Trabalho

Título

    Narrativas e Testemunhos Visuais em Dispositivos Móveis

Seminário

    Cinema e Educação

Formato

    Presencial

Resumo

    A proposta da comunicação é refletir sobre os curtas-metragens – Testemunho Pandêmico e Mosaico Pandêmico – construídos a partir de narrativas e testemunhos visuais sobre o primeiro momento do isolamento social e a ideia do novo normal em função da Covid-19. A metodologia do filme carta foi o ponto de partida para os discentes escreverem sobre as suas próprias sensações, perspectivas, observações e subjetividades, e, posteriormente, as filmagens em dispositivo móvel.

Resumo expandido

    Cinema e Educação é uma importante área no audiovisual brasileiro, porque permite tanto estudar historicamente os filmes nacionais e estrangeiros, quanto produzir pequenos projetos em curtas-metragens, além de reconhecer o Cinema como uma área de conhecimento, de pesquisa, de reflexão, de ideias, de estéticas visuais, de linguagens cinematográficas, enfim tudo o que abarca a mise en scène dos diferentes gêneros. Neste sentido, o Audiovisual em um curso de licenciatura em artes visuais tem a intenção do estudo e da prática do cinema, seja com dispositivos móveis, seja com câmeras fotográficas 35mm. Para além da técnica, fazer o discente reconhecer a poética visual – o trabalho artístico em processo presente nas Artes Visuais – como uma possibilidade de produção coletiva, uma vez ser impossível exercer com maestria as inúmeras funções no audiovisual. Sendo assim, a proposta dos curtas-metragens – Testemunho Pandêmico e Mosaico Pandêmico – começaram com o dispositivo Filme Carta (Migliorin; Pipano, 2018) como uma reflexão sobre o período da Covid-19: entre pensar, escrever e rasgar a correspondência, refletir sobre o isolamento social, o medo, as mortes, as vacinas, o Sudeste do Pará, o país e o mundo, os discentes escolheram entre os gêneros documental, à luz de “Últimas Conversas” (2015) de Eduardo Coutinho, e experimental, alusão aos filmes ensaios, e, especialmente, das obras empíricas de Sonia Guggisberg. A forma de um “cinema de conversação” sofreu uma torção nas filmagens, posto que os discentes filmaram a si próprios em frente ao celular em plano fixo e som direto; posteriormente, alguns apresentaram sugestões de cortes no filme individual para num outro momento construir uma narrativa visual com múltiplas vozes, como um multiplot na montagem digital não linear. Esses testemunhos e narrativas revelam o primeiro contato destes discentes com o pensar e o fazer audiovisual – certo cinema de escola -, especialmente quando os produtos blockbuster dominam as telonas e os streamings os televisores domésticos, o receio em errar esteve presente, mas com o contato com os filmes experimentais (videoarte) a partir dos anos 70, como exemplo “made in brazil” costurado na sola do pé por Leticia Parente na obra Marca Registrada (1975), e, contemporaneamente, “Dança para afastar a peste” (2021) da artista Juliana Moraes, reconheceram que o “erro” pode tornar-se um “efeito”, expandindo assim a compreensão da linguagem cinematográfica como uma ferramenta do fazer artístico muito além das padronizações da industrialização do cinema, e, também, contar uma história não é a única forma de fazer cinema. Portanto, fazer bem ou fazer mal caminham juntos no fazer cinema e videoarte. Desde de Tangerina (2015), filme dramático produzido com um IPHONE 5S em Los Angeles, não há mais a “prisão dos equipamentos”, talvez por isso podemos assistir séries no Instragram e também no Whatsapp. Para o bem ou para o mal, podemos fazer filmes, estudar essas novas formas de aplicar a linguagem cinematográfica e postá-las em diferentes mídias sociais, mas essa é uma outra discussão, apesar de tangenciar a área do Cinema e Educação. Seguindo o percurso, a montagem revelou-se uma etapa fundamental, uma vez que não partimos de um roteiro único, apenas da reflexão comum – a pandemia e nossas vidas. Sendo assim, a edição conferiu uma unidade e um sentido, por mais que estes parâmetros não sejam necessários na construção de um projeto experimental, contudo os curtas-metragens ganharam força filmica e revelaram o espírito coletivo da produção. Também foram realizadas pesquisas musicais para a composição das trilhas sonoras, como também subtrair os ruídos indesejados na captação do som direto. A ideia do cinema na arte contemporânea brasileira, parafraseando a obra (2020) da artista Kátia Maciel, isto é, os principais artistas nacionais que trabalham a linguagem cinematográfica como ferramenta de expressão na videoarte, esteve sempre presente.

Bibliografia

    FORCINE 20 ANOS. Manual para filmagens e atividades práticas nas escolas de cinema e audiovisual do Brasil. Recomendações a partir do contexto da COVID-19. São Paulo: Rede de Docentes de Produções GT Protocolos, 2019.

    Guggisberg, Sonia. Redes de Imagens, Memórias e Testemunhos: Por uma documentação performática de saberes. São Paulo: Editora Intermeios, 2017.

    Maciel, Katia. A ideia de cinema na arte contemporânea brasileira. Prefácio de Carlos Adriano. Rio de Janeiro: Circuito; ECO-PÓS; Capes 2020.

    Migliorin, Cezar & Pipano, Isaac. Cinema de brincar. Belo Horizonte/MG: Relicário, 2018.

    Ramos, Guiomar; Murari, Lucas. Fragmentos de uma história do cinema experimental brasileiro. In: Ramos, Fernão Pessoa. Nova história do cinema brasileiro. Fernão Pessoa Ramos; Sheila Schvarzman. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2018. 600 p. V. 2. pp. 266-287.

    Ohata, Milton (org.). Eduardo Coutinho. São Paulo: Cosac Naify, 2013.