Ficha do Proponente
Proponente
- Inara de Amorim Rosas (Unijorge)
Minicurrículo
- Doutora (2019) e mestra (2014) em Comunicação e Cultura Contemporâneas pelo Póscom, da Universidade Federal da Bahia. Interesses de pesquisa: narrativas audiovisuais
contemporâneas, cinema latino-americano, ficção televisiva brasileira, estilo e autoria no cinema e na televisão. Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba (2009).
Ficha do Trabalho
Título
- O Brasil em série: a produção nacional do gênero em 4 tempos
Formato
- Presencial
Resumo
- Reconhecendo que os estudos sobre teledramaturgia no Brasil privilegiam a telenovela, este trabalho lança luz sobre a história das séries televisivas brasileiras, reconhecendo uma lacuna no campo que reflita sobre as diferentes produções e transformações na nossa cultura que culminam no contexto contemporâneo de produção de séries, onde se tem uma multiplicidade de canais e de plataformas de streaming produzindo e exibindo uma variedade deste produtos, com diferentes gêneros e formatos.
Resumo expandido
- A teledramaturgia no Brasil surgiu tão logo a televisão foi inaugurada no país, em 1950, com a TV Tupi, atestando de imediato a grande vocação do meio: contar histórias; inicialmente com o teleteatro, em seguida com as telenovelas e os seriados. Embora a forma narrativa da telenovela seja a referência mais forte e mais presente na vida dos brasileiros, as séries televisivas também têm sido produzidas desde os primeiros anos, como “O sítio do Picapau Amarelo” (TV Tupi,1952), “Capitão 7” (TV Record, 1953) e “Alô Doçura” (TV Tupi, 1953).
No Brasil, os estudos sobre ficção televisiva estão entre os mais reconhecidos, frutíferos e instigantes dentro do campo das Ciências Humanas e Sociais; no entanto, ainda predominam os estudos sobre telenovela e seriados estadunidenses. Há, portanto, uma lacuna acerca de pesquisas que reflitam a história das séries brasileiras, pensando as diferentes produções e transformações na nossa cultura, que culminam no contexto contemporâneo de produção de séries, onde se tem uma multiplicidade de canais e de plataformas de streaming produzindo e exibindo uma variedade destes produtos, com diferentes gêneros e formatos.
Este trabalho tem como objetivo traçar um panorama histórico da produção de séries televisivas no Brasil, abordando os canais, formatos e realizadores do gênero no país, mas especialmente destacando períodos de transformação dentro do campo de produção. Destacam-se quatro momentos distintos da produção de séries brasileiras. O primeiro, o período inicial, até meados dos anos 1970, no qual a televisão ainda estava experimentando seus gêneros e formatos, e as séries produzidas foram inspiradas diretamente em produções estadunidenses. Algumas das séries produzidas nesta época são “O vigilante rodoviário” (TV Record, 1962), “22-2000 Cidade Aberta” (TV Globo, 1965) e “A grande família” (TV Globo, 1972). É fundamental destacar o período de censura vivido nas décadas de 1960 e 1970 em razão do regime militar, fazendo com que a maioria das séries exibidas fossem os tais “enlatados americanos”, como “Bonanza”, “Papai Sabe Tudo”, “A Feiticeira” e “Jeannie é um gênio”.
O segundo momento tem início em 1979 com o projeto “Séries Brasileiras”, da Rede Globo, liderado pelo realizador Daniel Filho, que se configura num momento de abertura política do país, após a anistia. Foi o momento de construir uma alternativa de programação tendo como propósito a criação de um produto nacional que concorresse ou dividisse um mercado já ocupado pelo produto similar estrangeiro. O projeto teve como objetivo produzir séries que tivessem as paisagens e linguagens caras ao país, que passava por um processo de modernização e de ampliação dos espaços de participação política. Os primeiros seriados que marcam essa transição são “Carga Pesada”, que foi inovador, pois na época a paisagem brasileira rural ainda não tinha sido tão explorada na televisão, e “Malu Mulher”, que trouxe temas como divórcio e emancipação feminina. Outros seriados relevantes para compreender este período são “Quem ama não mata”, (Rede Globo, 1982), “Armação Ilimitada” (Rede Globo, 1985) e “Confissões de Adolescente” (TV Cultura, 1994).
O terceiro momento vem com transformações nas políticas culturais governamentais, como a Lei da TV PAGA (2012), que estabeleceu a obrigatoriedade de uma programação local no horário nobre, com editais de fomento específico para produtos seriados, o que deu uma guinada na produção de séries no Brasil. No momento atual, reflete-se sobre a produção brasileira de séries em tempos de streaming e os variados aspectos desta discussão, como a consolidação de um modelo de produção audiovisual, num contexto de transformação da indústria criativa e dos meios de comunicação, com a Era da Convergência Midiática. Neste sentido, compreender a história das séries brasileiras colabora no entendimento das mudanças nos meios de comunicação e nas transformações da nossa forma de realizar e consumir produtos audiovisuais.
Bibliografia
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