Ficha do Proponente
Proponente
- Lúcia Ramos Monteiro (UFF)
Minicurrículo
- Doutora em Estudos Cinematográficos pela Universidade Sorbonne Nouvelle Paris 3 e pela Universidade de São Paulo, Lúcia Ramos Monteiro é professora-adjunta do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense e do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da mesma universidade. Sua pesquisa é apoiada pelo programa Jovem Cientista do Nosso Estado da FAPERJ. Como curadora, idealizou, entre outras, a mostra África(s). Cinema e revolução (Caixa Cultural SP, 2017).
Coautor
- Izabel de Fátima Cruz Melo (UNEB)
Ficha do Trabalho
Título
- O invisível que se torna visível: fotos de famílias negras no cinema
Seminário
- Cinema Comparado
Formato
- Presencial
Resumo
- Neste trabalho, analisaremos a presença de fotografias de família em filmes recentes de cineastas negres no Brasil. No contexto da “mise-en-film” da fotografia (Dubois, 2021; Vale, 2016; Monteiro, 2017), notadamente em sua relação com a memória, a história, o ensaio e a autobiografia, nos atemos ao olhar sobre registros de famílias negras em filmes como Travessia (Safira Moreira, 2017), Temporada (André Novais, 2018) e Um dia com Jerusa (Viviane Ferreira, 2020),
Resumo expandido
- Neste trabalho, analisaremos, sob uma perspectiva comparatista, a presença de fotografias de família em um corpus composto por filmes realizados a partir de 2010 por cineastas negras e negros no Brasil. No contexto da “mise-en-film” da fotografia ou sua “animação” por meio do cinema, tema que vem sendo estudado por diferentes pesquisadores (Dubois, 2021; Vale, 2016; Monteiro, 2017), notadamente em sua relação com a memória, a história, o ensaio e a autobiografia, esta pesquisa se debruça sobre uma configuração particular: o olhar que personagens lançam sobre registros de famílias negras em filmes como Travessia (Safira Moreira, 2017), Temporada (André Novais, 2018) e Um dia com Jerusa (Viviane Ferreira, 2020), entre outros.
Num desdobramento de um capítulo que escrevemos juntas (Melo e Monteiro, 2022), propomos que em filmes recentes de cineastas negras e negros, o fotográfico aparece como um lugar de memória e invenção, arquivo e performance, abrindo novas possibilidades para a percepção geral da falta de fotografias dos ancestrais por parte de famílias negras. Se de fato o registro de memórias negras era praticamente uma impossibilidade nos séculos passados, é verdade que nos últimos anos imagens de famílias negras dos séculos 19 e 20 foram encontradas, e, em meio a isso, artistas contemporâneos, cineastas e teóricos vêm propondo alternativas imaginativas para esta ausência fundamental. A abertura de álbuns e o “anarquivamento” de memórias, nos filmes, quebrariam a cronologia unidirecional, em um movimento descrito por Leda Maria Martins como “espiral do tempo”, em que tudo vai e tudo volta.
Bibliografia
- DUBOIS, P. A imagem-memória ou a mise-en-film da fotografia no cinema autobiográfico moderno. Tr. Cristian Borges. Laika, v.1, n.1, 2012.
MARTINS, Leda. Performances da oralitura: corpo, lugar da memória. Revista Letras, n.26 (2003): 63-81.
MELO, Izabel F. C. e MONTEIRO, Lúcia, Chronicles of our families. Performing Amefrican Ancestralities in Black Women’s Cinema. In: B. Wegenstein e L. Mushro, Radical Equalities and Global Feminist Filmmaking. Vernon Press, 2022.
MONTEIRO, L. R. A estética da ‘fotografia animada’ na criação contemporânea. Significação, v.44, n.47, 2017.
NOVAIS, André. Roteiro e direção de um filme chamado Temporada. BH: Javali, 2022.
OLIVEIRA, Janaína. “Kbela e Cinzas: o cinema negro no feminino, do ‘dogma feijoada’ aos dias de hoje”. In: L. Monteiro (org.). África(s). Cinema e memória em construção. SP: Buena Onda, 2018, p. 115-140.
VALE, Glaura C. “A mise-en-film da fotografia no documentário brasileiro e um ensaio avulso”. BH: Filmes de Quintal e Relicário, 2016