Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

Jusciele Conceição Almeida de Oliveira (CIAC/UAGL-PT)

Minicurrículo

Possui graduação em Letras Vernáculas (UFBA/2006). Mestre em Literatura e Cultura (UFBA/2013). Doutora em Comunicação, Cultura e Artes (UALG-PT/2018; CAPES Doutorado Pleno no Exterior). Tem textos publicados nacional e internacionalmente sobre literatura e cinemas africanos. Coeditou o e-book Cinemas Africanos Contemporâneos – Abordagens Críticas (Sesc São Paulo, 2020). Atualmente, é investigadora colaboradora CIAC/UALG e pesquisadora do Laboratório de Análise Fílmica (FACOM/UFBA).

Ficha do Trabalho

Título

West Indies (1979):uma comédia musical política de múltiplos trânsitos

Seminário

Cinemas negros: estéticas, narrativas e políticas audiovisuais na África e nas afrodiásporas.

Formato

Presencial

Resumo

West Indies (Med Hondo, 1979) cruza passado e presente numa irônica narrativa política teatral e musical de múltiplos trânsitos, deslocamentos e trocas, para contar histórias de travessias do Atlântico. Diante desta obra múltipla de temáticas, estéticas, temporalidades, políticas, identidades e gêneros, a apresentação propõe refletir sobre como o cineasta se apropria, desloca, criouliza, transcultura e interseciona estas e outras questões no filme.

Resumo expandido

As especificações, classificações e enquadramentos canônicas de gênero no cinema podem ser associadas a indicações genéricas, as quais podem incluir na mesma categoria filmes que pertencem a cinematografias, contextos, estilos, estéticas e ideologias absolutamente diferentes entre si. E, ainda, podem não suportar o peso político de representações destinadas que destroem essas formas em contextos imprevistos (ADESOKAN, 2011). Um exemplo disso fica a cargo dos cinemas africanos que são cada vez mais confrontados com a problemática dos gêneros e, acima de tudo, com a obsessão de alguns críticos e pesquisadores que se concentraram, e ainda se concentram, exclusivamente, nos conceitos de “autenticidade” e “político”. Assim, para o camaronês Alexie Tcheuyap, os filmes africanos foram, inicialmente, definidos por sua oposição ao cinema de entretenimento que, por sua vez, estavam confinados ao “Ocidente”. Neste sentido, envolver-se em “entretenimento” é percebido como um assunto fútil e eticamente irresponsável, enquanto encorajar a reflexão sobre “o real” é o trabalho do cineasta “sério” – o cineasta abertamente “político e subversivo” (TCHEUYAP, 2010, p.25). O que para Kenneth Harrow seria um “início limitado e/ou errado” (2007, p.22). Talvez, por isso, Harrow defenda “uma revolução” nos paradigmas teóricos para romper com um passado que parece uma camisa de força, com suas visões de filmes amarrados a categorias e categorias ligadas a agendas políticas (2007, p. 28). Com isto, quero dizer que os filmes africanos, propõem deslocamentos de gêneros, crioulizações, transculturações e intersecções, que tomam emprestado marcadores da forma ocidental e negociam, reconfiguram, crioulizam, interseccionam e transculturam-os, através do uso de estruturas ideológicas, estéticas, políticas e narrativas locais e globais, como as presentes no filme West Indies ou Les Négres Marrons de la Liberté (Med Hondo, 1979), sobre o qual encontrei as seguintes classificações: musical, drama, comédia, docuficção, filme histórico, filme político. Baseado na peça Les négriers (1978, Daniel Boukman), o filme West Indies – Les Nègres Marrons de la Liberté (entre)cruza passado e presente numa irônica narrativa política teatral e musical de múltiplos trânsitos, deslocamentos e trocas, para contar histórias de travessias do (trans)Atlântico (África-América-Europa) desde o período da comercialização de escravizados até os seus desdobramentos de migração. Diante desta obra múltipla de temáticas, estéticas, temporalidades, políticas, identidades e gêneros, a apresentação propõe refletir sobre como o cineasta se apropria, desloca, criouliza, transcultura e interseciona estas e outras questões no filme e nos cinemas africanos.

Bibliografia

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