Ficha do Proponente
Proponente
- Pedro Plaza Pinto (UFPR)
Minicurrículo
- Professor do departamento de história, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná, colaborador no Mestrado em Cinema e Artes do Vídeo da UNESPAR. Doutor pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Mestre em Comunicação pela UFF. Foi professor substituto na UFG e no curso de Cinema da FAP-PR. Publicou artigos nos livros Arte e política no Brasil, Cinema, estilo e análise fílmica e Cinema e pensamento. Colaborador nas revistas Contracampo, Significação e Antíteses.
Ficha do Trabalho
Título
- Celulóide com notícias do Brasil: cineclubismo, crítica, cinematecas
Mesa
- Cultura Cinematográfica: Historiografia, Crítica, Política
Formato
- Presencial
Resumo
- O estudo da revista Celulóide em seus primeiros anos de publicação (1957-1961). O processo de modernização da crítica e do cineclubismo em Portugal incluiu o diálogo com o Brasil em artigos de críticos e notícias sobre a realização da I Convenção Nacional da Crítica Cinematográfica. Também apresenta a informação de referências sobre história e a outras revistas de cinema, calcadas no pressuposto de uma cinemateca conectada com o movimento dos cineclubes.
Resumo expandido
- Desde da perspectiva de pesquisas recentes, o estudo da crítica e das revistas de cinema em Portugal destaca o ideário e reflete sobre a presença do cinema italiano, particularmente neorrealista, em Portugal (HENRY, 2006), e sobre as tramas descontínuas desta questão ao incluir certos eixos da Literatura dentro do cinema português e a seus influxos de modernização (SALES, 2010). Também a própria definição de corpus e suas amplitudes foram questionados por extensas pesquisas sobre o novo cinema (CUNHA, 2018). O Cinema Novo registrado e publicado pela geração crítica que deu suporte à Cinemateca portuguesa e ao apoio da Fundação Gulbenkian ainda no século XX, agora recebe a sua devida revisão crítica sobre lugar criado para o Novo Cinema, inversão que denota a passagem para uma história-problema.
O assunto cinema brasileiro está presente nas páginas da revista Celulóide. Assim como acontece no fenômeno amplo de décadas definido e estudado por Regina Gomes (2015), em termos gerais, o cinema brasileiro difundiu-se claramente, entre 1960 e 1980, com relação ao Cinema Novo. A contribuição do presente estudo é concentrar-se sobre o período dos cinco primeiros anos de existência de Celulóide, entre 1957 e 1961, para mostrar as relações diferenciais e continuidades com o período anterior, com a década de 1950, entre Brasil e Portugal.
Na revista, o cineclubista Carlos Vieira envia artigos e informações desde São Paulo na sessão de cineclubes e traça um quadro sobre o cinema brasileiro e a crítica em torno da realização da I Convenção Nacional da Crítica Cinematográfica promovida pela Cinemateca Brasileira e apoiadores em São Paulo em novembro 1960. O número 43, de julho de 1961, é especialmente dedicado e traz o editorial específico sobre a crítica cinematográfica brasileira a partir dos documentos gerados na convenção no Brasil seis meses antes. É destacável a discussão sobre elementos da história do cinema com troca de cartas entre agentes constituintes da crítica no campo historiográfico nas páginas de Celulóide, a exemplo da troca de cartas com Alex Viany na qual investigou-se a passagem de Aurélio Paz dos Reis pelo Brasil. O estudo dos primeiros cinco anos da revista traz o desenho de tendências do cinema moderno português segundo a linha centrada no cineclubismo pelo editor e proprietário Fernando Duarte.
Celulóide tem correspondentes próximos também em Espanha, Itália, França, Moçambique. Faz contato com o cinema alemão do período. No percurso que inclui a antecessora Visor, ainda realizada em Rio Maior, o objetivo da presente pesquisa foi traçar o diálogo entre a crítica cinematográfica portuguesa e brasileira com aspectos da discussão historiográfica de fundo, sobre a datação de períodos do cinema português e sobre a reivindicação de um novo influxo moderno, de um cinema novo. A remissão ao cinema brasileiro e componentes de sua crítica elabora, em Celulóide, a participação de delegação do país no I Festival Internacional de Cinema de São Paulo (1954). Ganha alcance a reprodução de artigos sobre história de cinema do Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo escritos por Paulo Emilio Salles Gomes – O Nascimento das cinematecas, Visita a Pedro Lima e Uma Nova crítica?. Carlos Vieira escreve em três partes um “Panorama histórico dos cineclubes do Brasil”. O estudo passo a passo dos artigos e da inserção da revista conduzem à compreensão do processo do cineclubismo português articulado com o contato internacionalista de emergência das cinematecas, de projetos editoriais e de festivais de cinema. A resultante do projeto inicial da revista portuguesa inclui o interesse pela modernização da crítica brasileira. Fernando Duarte e Carlos Vieira repercutiram, de um lado a outro do Atlântico, o clima de transição do período nacional-desenvolvimentista. Em primeiro plano, em relevo, esteve o trabalho da Cinemateca Brasileira no período.
Bibliografia
- AREAL, Leonor. Cinema português. Um país imaginado. 2 volumes. Lisboa, Edições 70, 2011.
CUNHA, Paulo. Uma Nova história do novo cinema português. Lisboa, Le monde diplomatique; Outro Modo Edições, 2018.
DUARTE, Joana Isabel Fernandes. Se não se podem ver filmes, leiam-se as revistas. Uma abordagem da imprensa cinematográfica em Portugal (1930-1960). Mestrado. Faculdade de Letras, Universidade do Porto, 2018.
GOMES, Regina. O cinema brasileiro em Portugal (1960-1999). Uma análise crítica de filmes brasileiros. Salvador, EDUFBA, 2015.
GRANJA, P. J. Cineclubes e cinefilia: entre a cultura de massas e a cultura de elites. Estudos Do Século XX, 7, 361-384, Coimbra, CEISXX, 2001.
HENRY, Christel. A cidade das flores: Para uma recepção cultural em Portugal do cinema neo-realista italiano como metáfora possível de uma ausência. Coimbra, Fundação Calouste Gulkenkian; FCT, 2006.
SALES, Michelle. Em busca de um novo cinema português. Covilhã, LabCom Books UBI, 2010.