Ficha do Proponente
Proponente
- Rodrigo Figueiredo Nunes (PUCRS)
Minicurrículo
- Jornalista (PUCRS), Radialista (FEPLAM), Especialista em Cinema (Estácio) e Mestre em Comunicação Social (PUCRS). Em sua jornada acadêmica, pesquisou temas como o apogeu e a queda do sistema de estúdios em Hollywood, a trajetória dos seriados norte-americanos de televisão e a presença do gênero fantástico no audiovisual gaúcho. Tem interesse nas seguintes áreas: História do Cinema e da TV, Narrativa Seriada, Cinema Fantástico. É locutor na Agência Radioweb e pesquisador colaborador do IECINE-RS.
Ficha do Trabalho
Título
- O Cinema Fantástico no Rio Grande do Sul (1960-2020)
Formato
- Remoto
Resumo
- A pesquisa buscou localizar a presença do gênero fantástico dentro do cinema gaúcho. A proposta abrangeu obras em vários formatos de captação (película, VHS, digital), com as respectivas modalidades de duração (curtas, médias e longas-metragens). No total, foram localizados 165 filmes, divididos em onze categorias: horror humano, monstros, fantasia, desconhecido, relação com os mortos, terror psicológico, ficção científica, mundos alternativos, mitos/lendas do Rio Grande do Sul e antologias.
Resumo expandido
- A dissertação de Mestrado “O Cinema Fantástico no Rio Grande do Sul (1960-2020)” teve como objetivo identificar e mapear a produção de filmes gaúchos dedicada a esse gênero. Três perguntas nortearam os estudos: Aproximadamente, quantos filmes foram feitos? Quem foram os realizadores? Sobre o que são essas histórias? Até então, outros pesquisadores já haviam investigado a história do cinema gaúcho, como Glênio Póvoas (2005) e Miriam Rossini (1996). Mas sem que existisse um maior aprofundamento sobre obras audiovisuais com elementos de horror, ficção científica e fantasia – os três campos que compõem o fantástico.
A definição de fantástico foi trazida por autores como Tzvetan Todorov (1975), Gérard Lenne (1974) e David Roas (2014). Eles falam numa “hesitação experimentada por um ser que só conhece as leis naturais, diante de um acontecimento visto como sobrenatural” (TODOROV, 1975, p. 31), ou num “choque entre o imaginário e o real, a partir da irrupção do imaginário (desconhecido, espantoso) no mundo real” (LENNNE, 1974, p. 93). Nascido da literatura, o objetivo do gênero fantástico seria “situar o leitor diante do sobrenatural para fazê-lo perder a sua segurança diante do mundo real” (ROAS, 2014, p.18).
O levantamento adotou a metodologia da pesquisa documental, conforme definida por autores como Antônio Carlos Gil (2002) e Antônio Severino (2007). Alguns dos critérios de inclusão dos filmes foram a filmagem no RS (mesmo que o diretor não fosse gaúcho) e a exibição por algum meio (festival ou canal de TV). Em compensação, foram desconsiderados trabalhos de caráter mais experimental/amador, que não obtiveram circulação. Séries de TV ou produções apenas para a internet (Instagram, YouTube) também foram excluídos.
Dentro desse recorte, foram localizados 165 filmes, sendo 134 de curta-metragem (81% do total), 25 de longa-metragem (15%) e 06 médias-metragens (04%). Estes foram divididos em categorias temáticas, que foram criadas com base na própria história do cinema fantástico, a partir de um exercício de estudo dos roteiros. Tendo em vista que o fantástico pressupõe que o mundo real será perturbado por um evento atípico, buscou-se isolar esse evento, que pôde ser dividido em 11 partes, a saber:
1) Horror Humano (30 filmes): Ocorre quando o ser humano, de carne e osso, é o responsável por causar mal ao seu semelhante;
2) Monstros (26 filmes): A normalidade é “quebrada” pela presença de uma criatura não humana, que se revela ameaçadora;
3) O Desconhecido (20 filmes): Nota-se quando um fenômeno inclassificável, de origem incerta, altera as noções de realidade vigentes até então;
4) Fantasia (20 filmes): Lida-se com um acontecimento mágico, encantando, que deslumbra as pessoas. Aqui, o fantástico normalmente revela-se positivo, otimista;
5) Terror Psicológico (15 filmes): Surge quando uma conexão mental negativa (trauma, visão, pesadelo) afeta um indivíduo;
6) Relação com os Mortos (14 filmes): Envolve conexões que se estabelecem entre seres humanos e pessoas falecidas, como fantasmas/espíritos;
7) Ficção Científica (14 filmes): Acontece quando a ciência/tecnologia cria uma novidade, que modifica uma sociedade, para o bem ou para o mal;
8) Mundos Alternativos (09 filmes): Envolve uma viagem até um universo diferente do nosso, com regras próprias;
9) Duplos Malignos (08 filmes): Tema muito caro ao fantástico, manifesta-se quando uma pessoa é obrigada a lidar com uma outra versão dela mesma, normalmente sombria/obscura;
10) Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul (07 filmes): São histórias universais (mitos) ou localizadas no tempo/espaço (lendas), que ajudam a contar a história de um povo; e
11) Antologias (02 filmes): Agregam uma série de histórias independentes entre si, unidas por um tema comum.
A pesquisa englobou tanto as obras de cineastas amadores quanto profissionais. Constatou-se que o maior número de filmes fantásticos realizados no Rio Grande do Sul foi feito por Fernando Mantelli (14), seguido por César Souza (09).
Bibliografia
- CÁNEPA, Laura Loguercio. Medo de quê? Uma História do Horror nos Filmes
Brasileiros. 2008. 498 p. Tese (Doutorado em Multimeios) – Pós-Graduação em
Multimeios, UNICAMP, 2008.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2008.
LENNE, Gérard. El Cine Fantástico y sus mitologias. Barcelona: Anagrama, 1974.
PÓVOAS, Glênio. Histórias do Cinema Gaúcho: propostas de indexação 1904-1954. 2005. 481 f. Tese (Doutorado) – Programa em Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação Social, PUCRS, Porto Alegre, 2005.
PRIMATI, Carlos. A História do Cinema de Horror. Porto Alegre: V Fantaspoa, 2009.
ROAS, David. A Ameaça do Fantástico: aproximações teóricas. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
ROSSINI, Miriam. Teixeirinha e o Cinema Gaúcho. Porto Alegre: (sn), 1996.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007.
TODOROV, Tzvetan. Introdução à Literatura Fantástica. São Paulo: Perspectiva, 1975.