Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    João Paulo Lopes de Meira Hergesel (PUC-Campinas)

Minicurrículo

    Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Doutor em Comunicação (UAM), com pós-doutorado em Comunicação e Cultura (Uniso). Membro do grupo de pesquisa Entre(dis)cursos: sujeito e língua(gens). Participante da Rede Brasileira de Pesquisadores de Ficção Televisiva (Obitel Brasil) e da Red Iberoamericana de Investigación en Narrativas Audiovisuales (Red Inav).

Ficha do Trabalho

Título

    Os meninos também amam: paixonites na telenovela infantojuvenil

Formato

    Presencial

Resumo

    Explorar o sentimentalismo é característica das telenovelas desde seus primórdios. Pensando especificamente na ficção televisiva brasileira infantojuvenil, este trabalho objetiva pensar a representação das emoções afetivo-amorosas em personagens pré-adolescentes do sexo masculino. Elegendo “Poliana Moça” (SBT, 2022) como objeto de estudo, adotou-se como metodologia a análise poética, com base nos estudos de Bordwell (2008), Bordwell e Thompson (2013) e Butler (2010; 2018).

Resumo expandido

    Um dos eixos de sustentação da narrativa melodramática é a existência de um par romântico, sinalizam Jean-Marie Thomasseau (2012) e Silvia Oroz (1992), entre outros autores. Muito presente nas telenovelas, as conversas afetuosas, as trocas de olhares, os encontros e desencontros levam os protagonistas ao beijo – geralmente tão esperado pelo público.
    Explorar o sentimentalismo é característica das telenovelas desde seus primórdios, quando se derivou das radionovelas cubanas. No caso das produções brasileiras, vivemos, entre 1951, ano de sua origem no país, até o início dos anos 1970, o predomínio da “fase sentimentalista”, como nomeia Maria Immacolata Vassallo de Lopes (2021), pautada em adaptações literárias e histórias que priorizavam a afetuosidade.
    Compreendemos, com Lopes (2021), que esse formato televisivo passou para uma “fase realista”, buscando estar mais próximo dos fatos cotidianos, e que, desde os anos 1990, vem se manifestando dentro de uma “fase naturalista”, isto é, que introduz temas sociais com mais insistência. No entanto, tem sido visível a presença veemente das emoções, o que pode ocasionar o início de uma “fase neorromântica”, como postula Lucas Martins Néia (2021).
    Do mesmo modo como os interesses da telenovela vão se moldando de acordo com o público, é necessário que seus temas se materializem conforme a faixa etária às quais são destinadas. No caso das telenovelas infantojuvenis, notamos que as ações do enredo dialogam com o narratário, isto é, o “público estimado”, como denomina Esther Império Hamburger (2003) – neste caso, as crianças e os adolescentes, com maior ênfase nos pré-adolescentes.
    Juliana Doretto (2018) e Renata Tomaz (2019) explicam que os pré-adolescentes, também chamado de “tweens”, compreendem um recorte de indivíduos que não se sentem mais crianças (infantis), mas que não estão maduros o suficiente para serem considerados adolescentes (juvenis). Em outras palavras, trata-se de uma fase de transição, que mantém alguns aspectos da infância, mas já experimenta elementos da adolescência.
    Nelly Novaes Coelho (2000) detalha que as obras destinadas a esse público visam a despertar o pensamento reflexivo, desenvolver a consciência crítica e ampliar as visões sobre as realidades do mundo. Em diálogo, Tainá Thies (2020) sinaliza que o testemunho de diferentes realidades dentro do cotidiano jovem e os questionamentos sobre os sofrimentos da vida comum são tendências dessas narrativas de linha realista.
    Este trabalho, portanto, objetiva pensar a representação das emoções afetivo-amorosas em personagens pré-adolescentes do sexo masculino na ficção televisiva brasileira infantojuvenil. A fim de delimitar um recorte, escolhemos observar o capítulo 46 da telenovela “Poliana Moça”, exibido em 23 de maio de 2022, com enfoque em duas cenas, posteriormente intituladas “Meninos conversam sobre namoro” e “Ciúme reina no clube”.
    Por meio de uma pesquisa qualitativa, de cunho bibliográfico e analítico-interpretativo, adotou-se como método de estudo a análise poética, descrita por David Bordwell (2008), aprofundada por David Bordwell e Kristin Thompson (2013) e aplicada à televisão por Jeremy G. Butler (2010; 2018). De acordo com esses autores, esse tipo de metodologia consiste na combinação de três vertentes de análise: temática, narrativa e estilística.
    Em suma, buscamos realizar: na análise temática, a identificação de assuntos relacionados ao público-alvo e ao contexto sócio-histórico-cultural da produção; na análise narrativa, o discorrimento sobre enredo e personagens, tempo e espaço, causas e efeitos; na análise estilística, a observação de recursos técnicos aplicados ao audiovisual, como registros de câmera, elementos da mise-en-scène e trilha sonora.
    A pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento. Devido ao limite de caracteres impostos pelo resumo expandido, os resultados serão apresentados durante a comunicação oral e serão detalhados no texto completo a ser publicado nos anais de evento.

Bibliografia

    BORDWELL, D. Poetics of Cinema. NY: Routledge, 2008.

    BORDWELL, D.; THOMPSON, K. A arte do cinema. Campinas: Unicamp, 2013.

    BUTLER, J. G. Television. 5. ed. NY: Routledge, 2018.

    BUTLER, J. G. Television style. NY: Routledge, 2010.

    COELHO, N. N. Literatura infantil. São Paulo: Moderna, 2000.

    DORETTO, J. A participação das crianças no jornalismo infantojuvenil português e brasileiro. FAMECOS, v. 25, n. 1, ID 27327, 2018.

    HAMBURGER, E. I. O Brasil antenado. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

    LOPES, M. I. V. Telenovela e direitos humanos. In: LEMOS, L. P; ROCHA, L. L. (org.). Ficção seriada (v. 3). Alumínio: Jogo de Palavras, 2021. p. 11-33.

    NÉIA, L. M. Telenovela no Brasil e na América Latina. Oficina – Pontos MIS, São Paulo, 12 jul. 2021.

    OROZ, S. Melodrama. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.

    THIES, T. Literatura infantil. Curitiba: IESDE, 2020.

    THOMASSEAU, J.-M. O melodrama. São Paulo: Perspectiva, 2012.

    TOMAZ, R. Da negação da infância à invenção dos tweens. Curitiba: Appris, 2019.