Ficha do Proponente
Proponente
- Marina Soler Jorge (UNIFESP)
Minicurrículo
- Marina Soler Jorge é socióloga e professora associada do Departamento de História da Arte da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Unifesp e do Programa de Pós-Graduação em História da Arte da Unifesp. Tem trabalhos publicados nas áreas de sociologia da arte e representações femininas no audiovisual contemporâneo. É autora dos livros “Cultura Popular no Cinema Brasileiro dos Anos 90” e “Lula no Documentário Brasileiro”, além de artigos sobre recepção, cinema e feminismo.
Ficha do Trabalho
Título
- Resistência feminina e especulação imobiliária
Seminário
- Audiovisual e América Latina: estudos estético-historiográficos comparados
Formato
- Presencial
Resumo
- Esta apresentação tem como objetivo comparar dois filmes contemporâneos, o brasileiro Aquarius (Kleber Mendonça Filho, 2016) e chinês Dead Pigs (Cathy Yan, 2018). Ambos os filmes apresentam o tema da especulação imobiliária e a resistência feminina à gentrificação e ao poder das grandes construtoras, ainda que sejam diferentes nos aspectos formais e no desfecho do impasse em relação à venda dos imóveis.
Resumo expandido
- Esta apresentação tem como objetivo comparar dois filmes contemporâneos, o brasileiro Aquarius (Kleber Mendonça Filho, 2016) e chinês Dead Pigs (Cathy Yan, 2018). Ambos os filmes apresentam o tema da especulação imobiliária e a resistência feminina à gentrificação e ao poder das grandes construtoras. Em Aquarius, a personagem Clara resiste a vender seu apartamento no Recife a uma construtora que já comprou todos as outras unidades de seu edifício. Em Dead Pigs, a personagem Candy Wang resiste a vender sua casa em Shanghai para que na região se construa uma réplica da Sagrada Família. O tema desenvolvido pelos filmes sugerem que a especulação imobiliária é um assunto importante tanto na América Latina quando na Ásia, sobretudo em países como Brasil e China com grande população, desigualdade social e cidades mal planejadas. Também relevante é o fato de que em ambos os filmes são personagens femininas que simbolizam a resistência contra o avanço urbano agressivo e mal planejado. No entanto, os filmes divergem bastante nos aspectos formais – fotografia e montagem, por exemplo – quanto no desenlace da história. Enquanto a brasileira Clara se recusa até o final a negociar com os construtores, a chinesa Candy vende sua casa para ajudar seu irmão e o simpático arquiteto estrangeiro. Na apresentação, analisaremos as semelhanças temáticas e as diferenças formais no filme, bem como o contraste do desfecho de ambos: enquanto Kleber Mendonça Filho mantém o espaço de negociação fechado e o elemento de resistência inquebrantável, Cathy Yan parece tematizar a necessidade de certa flexibilidade perante o crescimento urbano.
Bibliografia
- CHAUDHURI, Shohini. Feminist Film Theorists: Laura Mulvey, Kaja Silverman, Teresa de Lauretis, Barbara Creed. Routledge, 2006.
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