Ficha do Proponente
Proponente
- Marília Xavier de Lima (UAM)
Minicurrículo
- Doutora em Comunicação (2021) na Universidade Anhembi Morumbi. Mestre em Comunicação Social (2012) pela UFJF. E graduada em Comunicação Social (2009) pela UFJF. Realiza pesquisa de Pós-Doutorado (2021) na Universidade Anhembi Morumbi sob a supervisão do professor Jamer Guterres de Mello. Integrante do GRUPIC – Grupo de Pesquisa Imagens em Conflito: Estética e Política no Cinema do Oriente Médio (CNPq), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi.
Coautor
- Natália Pinheiro Gondim de Albuquerque (UAM)
Ficha do Trabalho
Título
- Reflexões sobre filmes críticos realizados por cineastas israelenses.
Mesa
- Imagens em conflito: estética e política no cinema do Oriente Médio
Formato
- Remoto
Resumo
- Esta comunicação analisa três filmes israelenses que abordam em sua temática as políticas do Estado de Israel. Tendo em vista o modo como a narrativa enseja criticamente os conflitos entre Israel e a Palestina, serão analisados os filmes “Tantura”, “Our Natural Right” e “Shir”. Refletiremos, a partir disso, sobre a maneira pela qual os cineastas constroem novas imagens de si e reconhecem os crimes contra a população palestina, buscando incluir narrativas silenciadas à sua História.
Resumo expandido
- Este trabalho analisa alguns filmes realizados por cineastas israelenses que abordam criticamente a política do Estado de Israel e o silenciamento oficial e social em relação à questão palestina. Os filmes “Tantura” (Alon Schwarz , 2021), “Our Natural Right” (Yulie Cohen, 2020) e “Shir” (Michael Aloni, 2016) serão estudados com base no engajamento dos cineastas ao expor a dupla narrativa construída por perspectivas históricas conflitantes sobre o conflito entre israelenses e palestinos. Esta análise produz reflexões sobre as formas como esses cineastas utilizam diferentes linguagens audiovisuais e ferramentas fílmicas para expor as controvérsias entre narrativas paralelas e seus posicionamentos críticos sobre a política israelense de silenciamento de dissidentes da narrativa oficial.
O silenciamento da sociedade israelense em relação aos massacres ocorridos durante a fundação do Estado de Israel em 1948, chamado de Nakba (a catástrofe) pelos palestinos, e a sobreposição de narrativas favoráveis aos princípios nacionalistas da Guerra de Independência de Israel estão presentes nos filmes estudados neste trabalho. Em “Tantura” (2022), dirigido por Alon Schwarz, a narrativa oficial é desafiada pela pesquisa de mestrado de Teddy Katz pela Universidade de Haifa. Katz teria comprovado por meio de testemunhas orais gravadas em entrevistas a participação de veteranos da Brigada Alexandroni no assassinato em massa da população da vila árabe de Tantura, em 1948. Após a repercussão de sua pesquisa, Katz foi processado por difamação pelos veteranos entrevistados e suas gravações com testemunhas foram ignoradas pela justiça israelense.
Em “Shir” (2016), de Michael Aloni, uma adolescente em luto pela perda de seu irmão que servia como soldado israelense desaparece no “Yom Hazikaron” ou Dia da Memória (ou ainda Dia da Lembrança dos Soldados Mortos de Israel e das Vítimas do Terrorismo), que precede a comemoração do “Yom HaAtzmaut”, dia da Independência de Israel. Ao desobedecer às normas sociais da sociedade israelense, ela escolhe não comparecer à escola e deambular pelas ruas de Tel-Aviv. Neste desvio do normal, ela encontra narrativas alternativas para esta data, como manifestações palestinas que relembram a Nakba. O trabalho conclui a análise fílmica com o filme “Our Natural Right” (2020), dirigido por Yulie Cohen, que revela sua perspectiva crítica aos fundamentos do Estado de Israel que se refletem visualmente na reconstrução física do prédio histórico no qual o Estado de Israel foi criado. No filme, entrevistas com descendentes dos signatários da Declaração de Independência de Israel abrem um panorama de discussões com críticas às políticas do Estado de Israel e possibilidades de mudanças para o futuro.
Como princípio metodológico adotaremos a análise fílmica, além do estudo de entrevistas, livros, artigos e notícias sobre os temas abordados pelos filmes. Os filmes serão analisados a partir da contextualização social e política destes temas e do estudo das diferentes formas e estruturas narrativas adotadas pelas obras, assim como das estratégias cinematográficas utilizadas para expressar o engajamento político e a dimensão crítica dos cineastas às políticas oficiais do Estado israelense em relação à população palestina.
Dentro deste panorama, refletiremos sobre a contribuição dos cineastas e suas articulações com grupos da sociedade civil israelense, atuando no cenário político contemporâneo ao expor narrativas que se preocupam em ir além do testemunho ou representação de argumentos palestinos para se alinharem a um movimento de autocrítica iniciado pelos Novos Historiadores a partir dos anos 1980.
Neste trabalho analisaremos como os cineastas utilizam seus filmes na construção de novas imagens de si e na circulação dessas imagens, exaltando o reconhecimento da perpetuação de crimes contra a população palestina no período da Guerra de Independência e buscando incluir narrativas silenciadas à sua História.
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