Ficha do Proponente
Proponente
- Leandro Tabosa do Nascimento (Unicap)
Minicurrículo
- Formado em História e Jornalismo (Universidade Católica de Pernambuco – Unicap). É Especialista em História Regional do Brasil: Nordeste e Mestrando do Programa de Pós-graduação em Indústrias Criativas da Unicap. É idealizador do Cine Jardim – Festival Latino-Americano de Cinema de Belo Jardim e Mostra Curta Vazantes: Cinema em Comunidade. Dirigiu e roteirizou os filmes: Retratos (2010), Tubarão (2013), Baunilha (2017), As aventuras do Menino Pontilhado (2016), Nova Iorque (2018) e Marie (2019).
Ficha do Trabalho
Título
- A humanização dos corpos transgêneros no audiovisual pernambucano
Formato
- Presencial
Resumo
- Nos últimos dez anos alguns cineastas brasileiros têm trabalhado a representatividade, visibilidade e empregabilidade de pessoas transgêneros nas suas produções audiovisuais. No entanto, o transfake ainda é muito presente em algumas produções cinematográficas que além trazer a exclusão de pessoas trans, fortalece os estereótipos na arte. Diante desse contexto, interessa-me analisar a naturalização e humanização das identidades e presenças trans a partir do cinema pernambucano.
Resumo expandido
- O Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo. E quando se trata da população de transgêneros, transexuais e travestis o Brasil lidera em 1º lugar, há 12 anos consecutivos, o ranking mundial dos países que mais matam mulheres e homens trans, conforme dados internacionais da ONG Transgender Europe (TGEU).
De acordo com o Dossiê – Assassinatos e Violência contra Travestis e Transexuais Brasileira em 2020, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), em 2020, tivemos pelo menos 175 assassinatos de pessoas trans, sendo todas travestis e mulheres transexuais. E a maior concentração dos assassinatos em 2020 foi vista na Região Nordeste que desde 2017, segue como a região que mais assassina pessoas trans do país.
Ao mesmo tempo que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans é também o que lidera o ranking como o país que mais procura por transexuais nos sites de entretenimento adulto. Uma pesquisa realizada nos últimos anos pelo site de vídeos pornográficos RedTube mostra que os brasileiros são os que mais buscam pornografia trans no mundo, cerca de 89% mais que a média mundial. Enquanto a busca pelo termo “shemale” é a nona categoria mais pesquisada em todo o planeta, no Brasil, a procura por esta palavra encontra-se em quinto lugar.
Este projeto pretende refletir sobre a importância da presença de pessoas transgêneros na produção audiovisual pernambucana e como a representatividade, visibilidade e empregabilidade ajudam na humanização desses corpos trans e consequentemente na mudança desse cenário transfóbico que o Brasil se encontra.
De acordo com Campanella e Martineli (2010), “os grupos sociais diversos são inevitavelmente atravessados por vários produtos culturais vinculados à mídia e à produção de comunicação em massa, por tanto, a mídia torna-se um campo relevante de estudo dessas práticas e representações sociais”.
Thompson (2005) “ainda cita a televisão e o cinema como meios de comunicação visuais influenciadores, tanto culturais como políticos, fazendo com que tradições mudem com as constantes migrações culturais”.
O cinema é um meio de comunicação de massa que está inserido em um sistema de geração de significados: a cultura. A cultura é uma forma de linguagem que produz comportamentos e significados que constituem o modo de vida de uma sociedade. A linguagem constrói a realidade, não é possível pensar e criar algo sem a linguagem (TURNER, 1997).
A partir de 2010, o movimento LGBTQIA+ cresceu e tomou fôlego no Brasil, reivindicando respeito, direitos, visibilidade, representatividade, empregabilidade e políticas públicas para discutir pautas relacionadas à comunidade, visando, assim, combater a LGBTfobia.
Segundo PONTES (2021) “a arte e as pesquisas acadêmicas têm exercido um papel cada vez mais relevante ao suscitar reflexões diversas e necessárias, bem como denunciar processos históricos, sociopolíticos e culturais que reforçam a manutenção dos preconceitos e, consequentemente, das muitas formas de violências perpetradas contra esses grupos”.
O autor afirma que “o cinema, apesar de ter reproduzido estereótipos e reforçado inúmeros estigmas sociais acerca dos grupos identitários, vem, nos últimos anos, apresentando olhares mais progressistas sobre a questão. Intenciona não só desconstruir preconceitos, incompreensões e a discriminação vigentes, mas também propor novas formas de percepção, respeitosas, sobre tais sujeitos”.
Para combater o que chamamos de “transfake”, no Brasil, foi criado o Movimento Nacional de Artistas Transexuais (MONART), idealizado pela atriz, Renata Carvalho, que luta pela humanização e naturalização das identidades e presenças trans nos espaços de arte, englobando travestis, mulheres e homens trans, e pessoas trans não binárias. Em 2018, o MONART publicou uma carta aberta para todos os artistas cisgênero para falar sobre empregabilidade, transfobia e representatividade.
Bibliografia
- ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS (ANTRA). Em 2019, Dossiê dos assassinatos e da violência contra pessoas trans em 2020. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2022.
CAMPANELLA, B.; MARTINELI, F. Antropologia da Mídia: novas possibilidades de campo. 27ª Reunião Brasileira de Antropologia. Belém: p. 3, 2010.
PONTES, Carlos Frederico Bustamante, Lago, Mara Coelho de Souza e Zanella, Andréa Vieira. Estudos sobre cinema LGBTQIA+ no Brasil e países latino-americanos. Revista Estudos Feministas [online]. 2021, v. 29, n. 3 [Acessado 24 Janeiro 2022] , e70658. Disponível em: . Epub 26 Nov 2021. ISSN 1806-9584. https://doi.org/10.1590/1806-9584-2021v29n370658.
THOMPSON, J. B. A mídia e a modernidade: Uma teoria social da mídia. 12 ed. Petrópolis: Vozes, 2005. 323 p.
TURNER, Graeme. Cinema como prática social. São Paulo: Summus, 1997.