Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Sancler Ebert (PPGCine-UFF/FMU)

Minicurrículo

    Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (PPGCine-UFF); professor do Centro Universitário FMU/FIAM-FAAM, em São Paulo e secretário executivo da Socine. Pesquisa no Doutorado a relação entre atrações de palco e tela nos cineteatros cariocas no início do século XX por meio da trajetória do transformista Darwin. Membro do grupo de pesquisa Modos de Ver – Estudos das salas de cinema, exibição e audiências cinematográficas (ESPM-UFF/CNPq).

Ficha do Trabalho

Título

    De Norte a Sul: O circuito de Darwin pelos cineteatros do Brasil

Seminário

    Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil

Formato

    Presencial

Resumo

    A comunicação investiga o circuito de Darwin, o imitador do belo sexo, pelos cineteatros do Brasil. Foram encontrados registros do transformista pelos cineteatros dos estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul entre os anos de 1914 e 1936. Para a pesquisa foi feita uma coleta em 39 periódicos na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, posteriormente organizada numa base de dados.

Resumo expandido

    Expandindo o trabalho apresentado no último Encontro Socine, no qual investigamos o circuito do transformista Darwin pelos cineteatros cariocas, vamos nesta comunicação abordar o circuito do artista pelos cineteatros do Brasil. Encontramos registros do imitador do belo sexo pelos cineteatros dos estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul entre os anos de 1914 e 1936.
    Darwin, conhecido como imitador do belo sexo, estruturava suas apresentações a partir da tríade: imitação de trejeitos femininos, performances de canções e exibição de figurinos de luxo. Os espetáculos do artista de origem espanhola acompanhavam as exibições de filmes e em algumas sessões eram também combinados com outras atrações de palco, como acrobatas, bailarinas, homens boneco e ilusionistas. De acordo com os periódicos cariocas, o transformista levava “enchentes” de público aos cineteatros, que era formado por homens e mulheres e até mesmo por crianças que assistiam suas matinês. Tamanho era o sucesso que Darwin fazia na Capital Federal, que seu nome foi colocado em destaque nas publicidades do filme Augusto Annibal quer casar (1923), de Luiz de Barros, no qual o artista fazia uma participação.
    Para a investigação, criamos uma base de dados do circuito e programação do artista, a partir de uma coleta de informações nos periódicos A Época (RJ), A Federação (RS), A Gazeta (SP), A Máscara (RS), A noite (RJ), A notícia (RJ), A Província (PE), A Rua (RJ), Beira-Mar (RJ), Correio da Manhã (RJ), Correio da Noite (RJ), Correio Paulistano (SP), Diário Carioca (RJ), Diário da Noite (RJ), Diário da Tarde (PR), Diário de Noticias (RJ), Diário de Pernambuco (PE), Estado do Pará (PA), Gazeta de Notícias (RJ), Gazeta Popular (SP), Jornal de Recife (PE), Jornal de Theatro Sport (RJ), Jornal do Brasil (RJ), Jornal do Commercio (AM), Jornal do Commercio (RJ), Jornal Pequeno (PE), O Brasil (RJ), O Brasil (RS), O Combate (RJ), O Combate (SP), O Dia (PR), O Estado (SC), O Fluminense (RJ), O Imparcial (RJ), O Jornal (MA), O Jornal (RJ), O Paiz (RJ), Pacotilha (MA), Republica (SC).
    Interessa-nos nesta comunicação entender o circuito de Darwin pelos estados brasileiros, compreendendo sua movimentação pelo país ao longo dos anos. Com isso iremos identificar por onde se apresentava o artista enquanto não estava na cidade do Rio de Janeiro, também poderemos identificar se haviam estratégias de programação semelhantes entre os cineteatros de diferentes regiões. A pesquisa auxiliará também na verificação do fluxo de outros artistas, já identificados como companheiros de palco de Darwin no Rio de Janeiro, capital, e que surgem junto a ele em programações de outros estados.
    Essa pesquisa se vincula a perspectiva das histórias de cinemas, “uma estratégia metodológica onde o circuito fílmico não exclui e nem poderia excluir os filmes, mas vai além para incorporar suas complexas e variadas condições de recepção. Estas, por sua vez, caracterizadas por diferenças regionais, incluindo a conformação de seu público, com hierarquias de classe social, gênero, etnia, idade ou educação, entre outras marcas identitárias. Sem dúvida, trata-se de uma empreitada teórico-prática de natureza transdisciplinar que joga luz sobre a trajetória paralela da formação de públicos e das transformações culturais, tecnológicas e mercadológicas do cinema.”. (VIEIRA, 2021, p. 7). As pesquisas relacionadas a essa perspectiva estão em crescimento, como bem demonstram os trabalhos apresentados nos últimos anos no Seminário Temático “Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil” e o artigo “Mapeamento das pesquisas sobre salas de cinema nos cursos de pós-graduação stricto sensu do estado do Rio de Janeiro”, co-escrito por mim com Livia Cabrera e Ryan Brandão a ser publicado na revista Faces da História (2022).

Bibliografia

    ARAÚJO, Luciana Corrêa de. Augusto Annibal quer casar!: teatro popular e Hollywood no cinema silencioso brasileiro. Alceu, v.16, n.31, julho/dezembro 2015, p.62-73.
    CABRERA, Livia; BRANDÃO, Ryan; EBERT, Sancler. Mapeamento das pesquisas sobre salas de cinema nos cursos de pós-graduação stricto sensu do estado do Rio de Janeiro. Faces da História (v. 9, n. 1, 2022). [no prelo].
    GONZAGA, Alice. Palácios e poeiras: 100 anos de cinemas no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Record: FUNARTE, 1996.
    KLENOTIC, Jeffrey. Putting Cinema History on the Map. Using GIS to Explore the Spatiality of Cinema. In: MALTBY, R., BILTEREYST, D., MEERS, P. Explorations in new cinema history: approaches and case studies. Oxford: Wiley-Blackwell, 2011, p. 58-84.
    VIEIRA, João Luiz. Prefácio. In: BRUM, Alessandra; BRANDÃO, Ryan (Orgs.). História dos cinemas de rua de Minas Gerais. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2021.