Ficha do Proponente
Proponente
- Rafael Alessandro Viana (UNESPAR)
Minicurrículo
- Mestrando em Cinema e Artes do Vídeo no PPG-CINEAV da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) – campus de Curitiba II/Faculdade de Artes do Paraná (FAP). Membro do GPACS – Grupo de Pesquisa em Arte, Cultura e Subjetividades.
Ficha do Trabalho
Título
- A mise-en-scène dionisíaca de Me chame pelo seu nome
Mesa
- Como pensam as imagens no cinema? Exercícios de cruzamento de imagens
Formato
- Remoto
Resumo
- A partir da reflexão de Nietzsche acerca das duas pulsões que se manifestam nas artes – a apolínea e a dionisíaca –, neste trabalho proponho uma análise de como a mise-en-scène em Me chame pelo seu nome (2017), de Luca Guadagnino, retoma nos corpos de seus personagens imagens sobreviventes da arte estatuária, que ao herdar uma tradição da fotografia homoerótica na maneira de pôr esses corpos em cena, desperta o dionisíaco dessas formas, tal qual o fotógrafo Alair Gomes propôs em sua obra.
Resumo expandido
- Em O nascimento da tragédia, Nietzsche defende a existência de duas diferentes pulsões que se manifestam nas artes: a apolínea e a dionisíaca. Enquanto Apolo seria o representante de uma pulsão racional, de beleza harmoniosa e comedida, Dionísio representaria a embriaguez, o caos, a falta de medida.
A partir dessa diferenciação, neste trabalho proponho uma análise de como a mise-en-scène em Me chame pelo seu nome (2017), de Luca Guadagnino, retoma nos corpos de seus personagens imagens sobreviventes da arte estatuária – uma expressão artística apolínea por excelência –, mas que ao herdar uma tradição da fotografia homoerótica na maneira de pôr esses corpos em cena, desperta o dionisíaco dessas formas.
Para tal, busco na obra de Alair Gomes, fotógrafo brasileiro conhecido por seu trabalho com o nu masculino, aproximações nas técnicas de enquadrar, iluminar e pôr os corpos de seus modelos em cena, para então, a partir do cruzamento de imagens, método de análise de imagens proposto por Etienne Samain, verificar no longa-metragem não apenas a sobrevivência da iconografia herdada da estatuária greco-romana, mas também a reincidência desse mesmo regime de produção de imagens presente nas fotografias de Gomes.
Esse trabalho de cruzamento de imagens, ao aproximá-las, colocá-las em diálogo ou até mesmo em choque, busca, na concepção de Samain, revelar o poder de ideação das imagens, de pensar “pelas imagens”. Ao cruzar os fotogramas de Me chame pelo seu nome com as fotografias de Alair Gomes as próprias imagens relevam como os operadores fotográficos em ambos os trabalhos estão alinhados com um mesmo intuito: provocar o desejo – uma pulsão dionisíaca.
Entre as referências teóricas para essa análise figuram O nascimento da tragédia, de Friedrich Nietzsche, Como pensam as imagens, de Etienne Samain, A imagem sobrevivente, de Georges Didi-Huberman, e a História da Beleza, de Umberto Eco.
Bibliografia
- DIDI-HUBERMAN, Georges. A imagem sobrevivente: história da arte e tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013.
ECO, Umberto. História da beleza. Rio de Janeiro: Record, 2017.
GOMES, Alair. A new sentimental journey. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
ME Chame Pelo Seu Nome. Direção: Luca Guadagnino. Roteiro: James Ivory. 132 min. Sony Pictures, 2017.
NIETZSCHE, Friedrich. O nascimento da Tragédia. Tradução: Antônio Carlos Braga, São Paulo: Escala, 2011.
SAMAIN, Etienne. Como pensam as imagens. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2012.