Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    TAÍS DE BARROS (PUCRS)

Minicurrículo

    É Mestranda em Comunicação Social pela PUCRS. Possui graduação em Produção Audiovisual pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2021). Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Audiovisual, atuando principalmente nos seguintes temas: cinema, produção audiovisual.

Ficha do Trabalho

Título

    Filme censura livre para adultos – um olhar sobre O MENINO E O MUNDO

Formato

    Remoto

Resumo

    Uma observação sobre filmes de animação recente sugere que podem ter classificação indicativa livre e dialogar também com o público adulto, além do infantil. Questionamos que elementos estão presentes em “O Menino e o Mundo” (2014) e como se apresentam em diferentes níveis narrativos que apelam a estes públicos, usando o conceito do duplo código apresentado por Umberto Eco, em sua obra Confissões de um Jovem Romancista (2018).

Resumo expandido

    O mercado de animação abrange todas as idades e propostas de temas e conteúdo, podendo utilizar todos os seus artifícios digitais e tecnológicos para criar universos e linguagens acessíveis e atrativas para todas as faixas etárias. Entretanto, no Brasil, enfrentamos barreiras quanto ao estudo dos conteúdos de animação para o público adulto. Ao pesquisarmos a palavra-chave “animação” na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, encontramos 687 entradas acerca do assunto. Destes, apenas cinco têm foco nas animações para o público adulto. Porém, nenhum desses trabalhos têm foco na animação para o público adulto no Brasil, trazendo como fonte do estudo animações internacionais. O presente trabalho faz parte de uma pesquisa de mestrado em andamento que tem por objetivo geral compreender a trajetória da animação adulta brasileira, seu surgimento e evolução, para assim, conceituar o termo de acordo com as suas características. Nas fases iniciais desse estudo, concluímos que uma animação para o público adulto não pode ser classificada como tal apenas através da sua classificação indicativa, visto que os elementos utilizados para determinar a idade recomendada não compreendem todos os elementos do universo adulto (BRASIL, 2021). Para definir a classificação indicativa de uma obra são analisados três eixos temáticos: “violência”, “sexo e nudez” e “drogas” (BRASIL, 2021). Portanto, uma animação pode ter classificação indicativa livre e ser voltada para o público adulto, simultaneamente, tendo em vista que o imaginário do adulto contempla diversos temas considerados livres pela classificação indicativa e que não estão nos eixos acima citados. Assim, o pormenor da pesquisa discutido nesta comunicação questiona: O Menino e o Mundo é um filme para o público adulto com classificação indicativa livre? A pesquisa tem caráter exploratório, e através de análise fílmica busca entender os elementos que possuem características que dialogam com o público adulto dentro da obra. O Menino e o Mundo (2014) é uma animação nacional que narra as descobertas do protagonista durante seu crescimento. O Menino mora com seus pais no interior, porém, seu pai se muda para uma metrópole em busca de trabalho. Inconformado, o personagem principal decide ir em busca de seu pai e encontra um mundo totalmente diferente do seu cotidiano; a cidade está passando pelo desenvolvimento industrial e, assim, o protagonista tem contato com a desigualdade, exploração do trabalho e da natureza e com a globalização. De forma lúdica, com linguagem simples e sem uso de palavras, o filme nos mostra uma série de memórias adquiridas pelo Menino, enquanto percorre o mundo com seu olhar inocente. Portanto, podemos notar que o filme dialoga bem com os dois públicos: adulto e infantil. Porém, com diferentes camadas de significado para cada uma das faixas etárias. Umberto Eco em sua obra Confissões de um Jovem Romancista (ECO, 2013, p. 30), nos apresenta a ideia de duplo código que seria “[…] o uso concomitante de ironia intertextual e implícito pelo metanarrativo. O termo foi cunhado por Charles Jencks, para quem a arquitetura pós-moderna ‘fala em pelo menos dois níveis ao mesmo tempo […]’”. Ainda, de acordo com Eco (2013, p. 32), “[…] o duplo código não é um toque aristocrático, mas uma maneira de mostrar respeito pela inteligência e boa vontade do leitor”. Tendo como ponto de partida o livro de Eco, buscamos analisar o duplo código presente na obra O Menino e O Mundo, através de um olhar sob os elementos narrativos que dialogam de maneiras distintas com os diferentes públicos do filme. Espera-se que o presente estudo colabore para a melhor compreensão dos diferentes códigos utilizados em animações nacionais que são voltadas para o público adulto, contribuindo assim para a intelecção das características dessas obras e construção dos conceitos que formam as animações nacionais voltadas para o público adulto.

Bibliografia

    BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional de Justiça. Departamento de Promoção de Políticas de Justiça. Guia prático de audiovisual. 4. ed. Brasília: Secretaria Nacional de Justiça, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/seus-direitos/classificacao-1/paginas-classificacao-indicativa/guia-de-classificacao. Acesso em: 26 abr. 2022.

    ECO, Umberto. Confissões de um jovem romancista. Tradução: Marcelo Pen. São Paulo: Cosac Naify, 2013. Título original: Confessions of a Young Novelist. ISBN 978-85-405-0286-4.

    O MENINO e o mundo. Direção: Alê Abreu. Produção: Tita Tessler e Fernanda Carvalho. Brasil: Espaço Filmes e Filmes de Papel, 2014. 1 Filme (85 min.). Disponível em: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-202641/. Acesso em: 17 maio 2022.