Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Eduardo Paschoal de Sousa (ECA-USP)

Minicurrículo

    Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da ECA-USP (2018-2022), com bolsa Fapesp (processo n. 2018/07128-6), e mestre pela mesma instituição. Realizou doutorado sanduíche na Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3 (2019-2020), também com bolsa Fapesp (processo n. 2019/09283-1). É membro dos grupos de pesquisa MidiAto (USP) e Rede Metacrítica.

Ficha do Trabalho

Título

    Trajetórias do político no cinema brasileiro recente

Formato

    Presencial

Resumo

    A presente comunicação busca refletir sobre a produção recente do cinema brasileiro, de 2012 a 2018, em três esferas: seus agentes, integrados ao contexto de produção por meio das políticas públicas de incentivo direto; as temáticas predominantes, em especial aquelas que se dirigem ao político; e uma rede de ruídos, mobilizada por meio da circulação dos filmes e de suas presenças nas mídias e nas redes sociais como ferramentas de debate.

Resumo expandido

    A presente comunicação busca refletir sobre a produção recente do cinema brasileiro, de 2012 a 2018, em três esferas: seus agentes, integrados ao contexto de produção por meio das políticas públicas de incentivo direto; as temáticas predominantes, em especial aquelas que se dirigem ao político; e uma rede de ruídos, mobilizada por meio da circulação dos filmes e de suas presenças nas mídias e nas redes sociais como ferramentas de debate.

    No que diz respeito aos agentes produtores e suas obras, percebemos o aumento significativo de longas-metragens, impulsionado principalmente por políticas públicas de incentivo direto, via Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Além disso, a intensa participação dos filmes brasileiros em festivais nacionais e internacionais foi importante para a circulação e validação dos produtores e seus filmes. Como propósito comum, esses eventos serviram para chancelar a qualidade da obra, atestar que se tratavam de filmes relevantes para a produção mundial, e legitimar, de maneira mais ampla, a própria produção brasileira recente.

    Ao mapear as temáticas recorrentes em filmes produzidos nos últimos anos, em especial de 2012 a 2018, identificamos quatro grandes eixos, a partir do político: relações de gênero e sexualidade, em uma perspectiva das intimidades; relações de classe e de trabalho, em sua maioria por meio da representação do ambiente doméstico; reflexões sobre o político institucional, em especial a partir de 2016; e relações de raça e etnia, tanto na esfera de sua representação, quanto da representatividade de seus agentes.

    Na esfera das circulações, elaboramos uma rede de ruídos, que pensamos ser possível de ser mapeada a partir de reações coletivas e midiatizadas, nos aspectos que emergem dos filmes e os tornam tema de outras mídias, em perspectivas de circulação que extrapolam o próprio meio do cinema e chegam à televisão aberta; ou ainda que vão além dos ambientes de discussão clássicos da cinematografia, como os festivais e as críticas, mas se fazem presentes no jornalismo e nas mídias de maneira mais ampla.

    Para isso, analisamos quatro filmes produzidos nos últimos anos, que passaram a ser ferramentas do político em debates no espaço público: Praia do Futuro (Karim Aïnouz, 2014), Que horas ela volta? (Anna Muylaert, 2015), Aquarius (Kleber Mendonça Filho, 2016) e Vazante (Daniela Thomas, 2017). Mesmo que em todos os quatro casos as circulações conflituosas a respeito dos filmes tenham uma ligação direta com as obras, suas interpretações se desenrolam para outros campos, se expandem às próprias circulações dos filmes e criam redes que não se ligam mais apenas pelos longas-metragens, mas também por esses ruídos.

Bibliografia

    ESQUENAZI, Jean Pierre. Quand un produit culturel industriel est-il une “oeuvre politique”? Réseaux. Paris, vol. 3, n. 167, 2011, p. 189-208.
    FIGUEIREDO, Vera Lúcia Follain de. A ficção equilibrista: narrativa, cotidiano e política. Rio de Janeiro: Relicário, 2020.
    MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997.
    ODIN, Roger. Les espaces de communication: Introduction à la sémio-pragmatique. Grenoble (França): Presses Universitaires de Grenoble, 2011.
    SARLO, Beatriz. Paisagens imaginárias: intelectuais, arte e meios de comunicação. São Paulo: Edusp, 2005.
    SOARES, Rosana de Lima; SILVA, Gislene. Possibilidades políticas da crítica em perspectiva teórica. Rumores, n. 26, vol. 13, jul./ dez. 2019, p. 58-77.
    SOULEZ, Guillaume. A deliberação das imagens: por uma nova pragmática do cinema e do audiovisual. In: FURTADO, Rita M. M. Pensar o ver. Campinas: Mercado de Letras, 2021.