Ficha do Proponente
Proponente
- Denise Szabo (UAM)
Minicurrículo
- Mestranda em Comunicação pela Universidade Anhembi Morumbi, bolsista CAPES, Especialista em Produção Audiovisual pelo SENAC, graduada em Cinema pela Universidade Federal de Santa Catarina e em Rádio e TV pela Universidade Metodista. Documentarista, é idealizadora e diretora dos documentários Cartas para Cecília e Águas Passadas, obras premiadas em diversos festivais de cinema. Atualmente é supervisora de apoio a projetos no Centro de Audiovisual de SBC. Coordena o ABC Lab.
Ficha do Trabalho
Título
- Espaços de formação para atuação no campo audiovisual: o caso do CAV
Formato
- Presencial
Resumo
- Este trabalho discute o papel do Estado na formação de mão de obra para atuação no campo audiovisual, destacando a experiência do Centro de Audiovisual de São Bernardo do Campo (CAV), uma escola pública de audiovisual da região do ABC paulista. Por meio de observação participante e entrevistas, a pesquisa busca compreender como o CAV tem impactado histórias de vida de alunos e professores, evidenciando seu papel na formação de redes profissionais e criativas democratização do campo.
Resumo expandido
- O Centro de Audiovisual de São Bernardo do Campo (CAV) é um projeto de cursos de formação gratuita em audiovisual (live action e animação) que existe desde 2012 e cujo nascimento está intimamente ligado à história dos estúdios Vera Cruz e à tradição cinematográfica de São Bernardo. Além de comportar uma escola, o CAV realiza produções independentes e apoia produtores locais.
Mantido pela Secretaria de Cultura e Juventude da cidade, o CAV constitui o estudo de caso em foco neste trabalho, que busca refletir sobre o papel de espaços públicos de formação de mão de obra para atuação no campo audiovisual. Assim, em uma primeira etapa da pesquisa de mestrado presentemente em curso de que se origina esta comunicação, buscou-se observar indicadores quantitativos da atuação do CAV, por meio da análise de relatórios de acompanhamento de egressos cedidos pela Secretaria de Cultura e Juventude de São Bernardo.
Os dados levantados evidenciam que o CAV, em seus 10 anos de existência, vem apresentando resultados positivos do ponto de vista social, econômico e cultural, tendo sido diretamente responsável pela abertura de mais de 20 CNPJs abertos ligados à atividade audiovisual apenas em São Bernardo, bem como de uma série de coletivos ativos, porém informais (do ponto de vista jurídico), que se articulam na região.
Outro dado relevante observado pela presente pesquisa mostra que, nos editais da Lei Aldir Blanc promovidos pela cidade de São Bernardo do Campo em 2020, ao menos 58% dos projetos contemplados na linha de produção de curtas-metragens foram propostos por egressos do CAV, nos mais diversos gêneros, entre ficções, documentários e animação. Para além das fronteiras do município, nas cidades vizinhas que compõem o ABC, também se observam projetos contemplados entre alunos e egressos do CAV. (SZABO e SCABIN 2021) Para além dos números apresentados, a presente pesquisa busca compreender os impactos do CAV nas histórias de vida de alunos e professores, etapa que vem conduzida por meio da realização e análise de entrevistas em profundidade feitas com sujeitos do CAV. As entrevistas foram gravadas e transcritas, e sua análise, que ainda está em curso, segue duas frentes principais: primeiramente, esse material foi tomado como ponto de partida para o levantamento de informações mais ou menos factuais sobre a história do CAV, bem como sobre as impressões de seus sujeitos em suas diferentes fases; já em um segundo momento, as entrevistas estão sendo analisadas como relatos articulados a partir da memória dos sujeitos do CAV, cuja opacidade e subjetividade também são de interesse da pesquisa.
De maneira preliminar, as entrevistas evidenciam o papel do CAV na formação de redes profissionais e criativas. Também é possível afirmar que o CAV, por ser um curso gratuito localizado fora da capital, democratiza o acesso de pessoas de diferentes classes sociais para dar o início e/ou continuidade aos estudos na área audiovisual, campo de estudo que é conhecidamente elitizado em nosso país. O CAV também se apresenta como um espaço que desenvolve as competências para a atuação em uma cultura de convergência, de participação e de propagabilidade de mídia – para usar-se os termos de Jenkins, Green e Ford (2014) –, sendo essencial para que se viabilize a entrada de novos atores no mercado.
Resultados como esses só são possíveis, como esta pesquisa busca apontar por meio de revisão bibliográfica, somada à percepção dos entrevistados, mediante políticas públicas consistentes de fomento à cultura, cujo potencial de geração de renda, criação de empregos e produção de receitas, para além do favorecimento ao desenvolvimento e a diversidade cultural, passa a ocupar o centro dos holofotes à luz dos debates sobre economia criativa.
Bibliografia
- BOSI, Ecléa, Memória & sociedade: lembrança de velhos. São Paulo, SP. T.A. Editor, 1979
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2000
MARTINEZ, Mônica. A história de vida como instância metódico-técnica no campo da Comunicação. Comunicação & Inovação, v. 16, n. 30, São Caetano do Sul, jan./abr. 2015, p. 75-90.
CENTRO DE AUDIOVISUAL DE SBC.
Pesquisa de acompanhamento de egressos.
Secretaria Municipal de Cultura de São Bernardo do Campo. 2021. [documento interno].
JENKINS, Henry; GREEN, Joshua; FORD, Sam.
Cultura da conexão criando valor e
significado por meio da mídia propagável. Trad. Patrícia Arnaud. São Paulo: Aleph, 2014.
SZABO, D. R.; SCABIN, N. L. C. Mercado audiovisual, políticas públicas e educação: os impactos de uma escola de audiovisual para a economia criativa na região do ABC Paulista. Paradoxos, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 203–221, 2021. DOI: 10.14393/par-v6n2-2021-63232. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/paradoxos/article/view/6