Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    bianca grabaski accioly (UNESPAR – FAP)

Minicurrículo

    Mestranda do Programa de Pós-Graduação/Mestrado Acadêmico em Cinema e Artes do Vídeo (PPG-CINEAV) da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Curitiba II/Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e vinculada à linha de pesquisa (2): Processos de Criação no Cinema e nas Artes do Vídeo. Membra do Grupo de Pesquisa CineCriare/Cinema: criação e reflexão (UNESPAR/PPG-CINEAV/CNPq). Graduada em Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Federal do Paraná.

Ficha do Trabalho

Título

    UM OLHAR SOBRE A REPRESENTAÇÃO DE GÊNERO NOS FILMES DE MARIANA RONDÓN

Seminário

    Audiovisual e América Latina: estudos estético-historiográficos comparados

Formato

    Presencial

Resumo

    A pesquisa tem a intenção de investigar a representação de masculinidade e feminilidade no cinema produzido pela diretora Mariana Rondón. A partir da análise fílmica do filme Pelo Malo (2013), serão levantadas as problemáticas de gênero apresentadas nas relações entre as personagens, procurando compreender as escolhas poéticas da diretora para tecer uma complexa hierarquia de poder, relacionando com a literatura feminista com autoras como Simone de Beauvoir, Laura Mulvey e Giselle Gubernikoff.

Resumo expandido

    A pesquisa propõe investigar a representação dos papéis de gênero apresentados na produção cinematográfica realizada pela diretora Mariana Rondón. Com base na análise crítica e conceitual do filme Pelo Malo (2013), serão examinados os arquétipos de feminilidade e masculinidade construídos e conscientemente escolhidos pela diretora, gerando questionamentos sobre a influência do cinema periférico como mídia de massa, na construção social e manutenção ou busca por rompimento das relações de gênero desiguais.
    A justificativa para a dedicação a esse tema advém da necessidade de abordar-se as construções de gênero focadas na realidade latino-americana utilizando de uma perspectiva decolonial. A identidade do sujeito da América Latina, apesar de ser plural em questões de cultura e particularidades, também carrega sintomas de um povo constantemente explorado e invadido. O desenvolvimento da hierarquia de poder no contexto latino mostra-se totalmente diferente de uma conjuntura estadunidense e europeia. Portanto, a relevância de estudos de gênero decoloniais é indiscutível. Principalmente, em questão de produção de tais conhecimentos através de pesquisadores latinos, em oposição a investigações estrangeiras.
    O foco deste artigo é debruçar-se sobre os arquétipos apresentados no cinema elaborado por Mariana Rondón, pontuando as repetições e rompimentos das representações de feminilidade e masculinidade usuais de uma sociedade patriarcal, provocando questionamentos sobre o impacto causado pelos caminhos traçados pela diretora. Partindo dessa investigação, tem-se como objetivos o levantamento de retratos apresentados no filme Pelo Malo (2013) focando nas problemáticas de gênero apresentadas nas relações entre as personagens principais – mãe e filho – considerando suas interações com todos as personagens secundárias, procurando compreender as escolhas poéticas da diretora ao tecer uma complexa estrutura de poder.
    Compreendendo uma metodologia de análise fílmica, destacam-se os padrões de performance de gênero apresentados em Pelo Malo (2013), sendo estes possivelmente apresentados de uma forma inesperada pelo público, quase que de forma oposta ao que se espera dentro de uma sociedade. A mãe retrata uma figura tirânica, sem sentimentos, ativa, dura, geralmente como se é exposto o conceito de masculinidade, enquanto seu filho manifesta a feminilidade, sendo delicado, sensível, passivo. A decisão de representar uma mulher portando as características consideradas masculinas enquanto o rapaz demonstra os aspectos femininos rompe com o ideal de gênero conhecido na modernidade ocidental.
    A presente investigação conta com autoras como Laura Mulvey e Giselle Gurbenikoff, utilizando argumentações sobre o lugar da mulher como pensadora e produtora de cinema; Simone de Beauvoir trazendo provocações sobre a cristalização das relações de poder através do gênero; Karla Holanda e Paula Santana pensando especificamente nos conceitos de identidade latina, mas principalmente, das identidades compostas pela mulher latino-americana. Referenciando tais literaturas, é possível traçar um panorama entre as transformações da posição ocupada pela mulher dentro de uma comunidade que perpetua a tradição patriarcal, com base na análise da presença feminina não apenas como um objeto de desejo nas telas, mas também um agente produtor por trás delas.

Bibliografia

    BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: 1. Fatos e Mitos. São Paulo: Difusão
    Europeia do Livro, 1960.
    GUATTARI, Felix; ROLNICK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo.
    Petrópolis: Vozes, 1986.
    GUBERNIKOFF, Giselle; Cinema, Identidade e Feminismo. Editora Pontocom. 2016
    Humm, Maggie, Feminism and Film. Edinburgh: Edinburgh University Press, 1997 | Smelik, Anneke, And the Mirror Cracked. Feminist Cinema and Film Theory. London: Macmillan, 1998
    HIRATA,LABORIE, DANIÈLE SENOTIER; Dicionário Crítico do Feminismo. Fundação Editora UNESP.
    KAMITA, Rosana Kássia; Relações de Gênero no Cinema, Contestação e Resistência. Revista Estudos Feministas, volume 5, n. 3. UFSC. 2017
    MULVEY, Laura. Prazer Visual e Cinema Narrativo. In PENLEY, Constance
    (Ed.). Feminism and Film Theory. New York: Routledge, Chapman
    & Hall, Inc, 1988. Originalmente Publicado in Screen 16.3 Autumn
    1975, p. 6-18. Disponível em: http://www.jahsonic.com/VPNC.html