Ficha do Proponente
Proponente
- Andre Fischer (UFSCar)
Minicurrículo
- Criador e diretor do Festival MixBrasil de Cultura da Diversidade, coordenador do Centro Cultural da Diversidade da Secretaria Municipal de Cultura. Sete livros publicados, palestrante e consultor sobre Diversidade e Comunicação Inclusiva. Mestrando no PPG Imagem e Som na UFSCar.Foi General Manager da Hornet Networks, editor e publisher do portal e editora MixBrasil, apresentador e roteirista no Canal Brasil, âncora do CBN MixBrasil, colunista do MTV Notícias e da Folha de S.Paulo.
Ficha do Trabalho
Título
- Plataformização e curadoria transmídia em festivais de cinema
Formato
- Presencial
Resumo
- O processo de transformação da indústria cinematográfica desde a chegada do streaming foi acelerado com a pandemia e impactou de forma permanente a cadeia de distribuição e exibição. A pesquisa aborda os efeitos da plataformização e da convergência de mídias na curadoria e organização dos festivais de cinema, o uso de recursos algorítmicos e as formas de entrega em variados formatos. São analisados festivais, entre eles o MixBrasil, que já estão implantando essas mudanças em sua estrutura.
Resumo expandido
- Tempos de pandemia são propícios para rupturas e profundas reestruturações políticas, culturais e econômicas (HAN, 2021). O processo disruptivo de transformação no setor audiovisual foi acelerado após a pandemia de Covid-19, provocando um rearranjo na cadeia de distribuição, exibição e circulação, reestruturando todo o design dos festivais de cinema, outrora considerados o ponto de partida de toda essa indústria. O processo de plataformização mudou permanentemente o modelo tradicional de distribuição audiovisual, staffing e curadoria de festivais – que passam por uma operação de hibridização que permite o uso potencial de recursos interativos e entrega online de filmes, peças e performances para públicos em todo o mundo. Diferentes estratégias narrativas na produção contemporânea utilizando múltiplas plataformas em processos criativos estão inovando o modelo de storytelling e influenciando a programação e produção de festivais de cinema (MASSAROLO, 2022).
Ao redesenhar o modelo tradicional de produção e distribuição audiovisual, é dissolvida a fronteiras entre diferentes gêneros e formatos antes restritos às salas de cinema. Com o surgimento de formatos híbridos, que englobam espaços online e físicos, é aberta possibilidade de exibição lado a lado de obras antes categorizadas como filmes, teatro ou áudio (HACKT, 2020). Muitos festivais de cinema já estão adicionando séries, shows, obras em realidade virtual e outras mídias como parte de suas principais atrações. Esse novo formato de festivais, aliado à pressão de grandes distribuidores e mudanças na identidade do setor audiovisual, cria também a possibilidade de ampliação dos espaços para exibição de produções de menor orçamento (SCHAFFER, 2021). E no caso de suas plataformas digitais também permite acessibilidade de uma seleção de obras muito diferentes para públicos de diferentes regiões.
Mas apesar de todas essas pressões estabelecidas, muitos festivais de cinema ainda reproduzem o mesmo formato estabelecido desde a década de 1950 e vem perdendo relevância na indústria e na sociedade.
Os festivais devem buscar formas de manter sua relevância no setor audiovisual e de atualizar sua inserção no novo cotidiano pós-pandemia, diversificando suas estratégias curatoriais e seus públicos, contribuindo para o desenvolvimento de novos modelos de negócios e atualizando as competências exigidas das equipes de produção (GOLDSTEIN, 2022). Alguns já iniciaram processos de evolução como Festival de Cannes, que incorporou trabalhos realizados no TikTok, Tribeca, que incorporou games e eliminou o nome cinema de seu título, e Festival de Curtas Metragens de São Paulo que passou a se chamar Curta Kinoforum e incorporou outros formatos curtos em blockchain e podcasts.
O MixBrasil, que iniciou suas atividades em 1993 como um festival de cinema focado na produção de cinema sobre a diversidade sexual, vem há quase duas décadas diversificando sua programação ao apresentar uma programação paralela com peças de teatro, shows musicais, games e encontros de literatura sobre a temática LGBTQIA+. A partir de uma decisão curatorial o Festival MixBrasil iniciou projeto de convergência entre mídias e gêneros, levando em conta que conteúdos sobre determinados temas interessam independentemente do formato. Dessa forma, o site da 29ª edição do festival, realizado em novembro de 2021, adicionou hashtags contendo temas de interesse entre as informações técnicas comuns a todos os filmes, peças teatrais, painéis sobre literatura e mesas de debates, transmitidos online ou realizados de forma presencial.
A pesquisa analisa entre outros o 30o Festival MixBrasil, que acontecerá em novembro de 2022 e cuja programação incorpora projetos transmídia, NFT e criptoarte, propondo novas formas de apresentar obras de diferentes meios e linguagens em plataformas digitais dispostas em programas temáticos, não mais separadas da forma tradicional de acordo com formato ou duração.
Bibliografia
- GOLDSTEIN, Gregg (2022) Sundance, Telluride, Toronto, SXSW and Tribeca Toppers Talk the Future of Festivals https://variety.com/2022/film/spotlight/sundance-sxsw-1235161782/
HACKT, Cathy (2020) The Future of The Film Festival. Jersey City: Forbes.com
https://www.forbes.com/sites/cathyhackl/2020/11/17/the-future-of-the-film-festival/?sh=18670b4b4d8a
HAN, Grace (2021) Are Hybrid Film Festivals Actually Accessible? New York: Hyperallergic, https://hyperallergic.com/665786/are-hybrid-film-festivals-actually-accessible/
MASSAROLO,João Carlos, MESQUITA, Dario, FISCHER, André, ERTHAL, Cláudia. Plataformização dos festivais de cinema e audiovisual a experiência do MixBrasil São Paulo: REBECA-Revista Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, 2022
SCHAFFER, Yoram (2021) Why every film festival needs an online strategy. Lisboa: Movies Everywhere https://movie-discovery.medium.com/why-every-film-festival-needs-an-online-strategy-cf97de193500