Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Natália Teles Silva e Fróes (UFJF)

Minicurrículo

    Natália Teles é Bacharel em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestranda em Artes, Cultura e Linguagens pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), na linha de pesquisa Cinema e Audiovisual. Colabora no grupo de pesquisa CPCine: História, Estética e Narrativas em Cinema e Audiovisual, nas iniciativas Minas é Cinema e Cineclube Movimento.

Ficha do Trabalho

Título

    Um mapa digital dos espaços de exibição de Juiz de Fora

Seminário

    Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil

Formato

    Presencial

Resumo

    O objetivo desta apresentação é discutir a criação de um mapa digital, no portal do projeto de pesquisa Minas é Cinema, que funcione como ferramenta de pesquisa sobre os espaços de exibição da cidade. Esse mapa permite o acesso a informações, imagens e bibliografia sobre salas de cinema e outras formas de exibição em Juiz de Fora. A apresentação busca contextualizar o mapa no campo das histórias de cinemas e descrever o processo de criação dessa ferramenta.

Resumo expandido

    O projeto Minas é Cinema é desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Artes, Cultura e Linguagens da Universidade Federal de Juiz de Fora, e tem como objetivo “mapear a atividade cinematográfica no Estado de Minas Gerais.” Esse desejo abrangente faz com que reúna conteúdos múltiplos, dentre eles vídeo-entrevistas com personalidades ligadas ao cinema, um projeto de digitalização de revistas e folhetins de programação de salas de cinema, e o que nos concerne aqui, listas de salas de cinemas que existiram ao longo da história em diferentes cidades do Estado, com fotografias e endereços desses lugares.
    O desejo de criar um mapa digital para substituir essa lista dos espaços de exibição vem de uma reforma no portal, durante a qual os membros do projeto acharam necessário apresentar os conteúdos coletados em um formato mais atraente. Como “projeto-piloto” para essas interfaces, foram mapeados os espaços de exibição na cidade de Juiz de Fora. Essa apresentação, portanto, busca mostrar o mapa que criamos e relatar o trabalho prático de seu desenvolvimento, demonstrando dificuldades, decisões e dúvidas envolvidas no processo.
    Além disso, a criação desse mapa está inserida em uma disputa de narrativas, na qual uma pergunta é “existe algo realmente novo no que se chama de Nova História do cinema?” Como observou Freire (2021), objetos de pesquisa como as salas de cinema, o mercado cinematográfico, o interesse na preservação cinematográfica, são objeto de histórias do cinema há muito tempo, ao menos no Brasil. Vieira (2021) propõe como solução que ao invés de defender uma novidade, ressaltemos os aspectos plurais e minúsculos, dessas histórias que descrevem complexas relações culturais envoltas nas experiências cinematográficas, atentas às pressões de raça, gênero, classe, e as diferenças entre locais, em oposição a uma narrativa unificada e supostamente abrangente do todo.
    Alessandra Brum e Ryan Brandão (2021) sugerem, então, que uma novidade presente nas histórias agrupadas sob o título de New Cinema History, é a aproximação com o campo das “humanidades digitais”, na criação de bancos de dados e mapas digitais. Cito exemplos que se encaixam nessa descrição, como o Italian Cinema Audiences, o Australian Cinemas Map, e o website da rede internacional de pesquisa HoMER (History of Moviegoing, Exhibition and Reception). Freire (2021) questiona se esses poderosos projetos a longo prazo, com vasto financiamento, podem representar uma forma de colonização do conhecimento, se ficam restritos a países europeus ou anglo-americanos.
    Por isso, a tentativa de criação de bancos de dados como o do Minas é Cinema, e ferramentas como o mapa digital que desenvolvemos, é também tentar responder a essa conversa. No entanto, não é por se relacionar a essa discussão que é um caso pioneiro no brasil, e é importante apontar vastas iniciativas como a base de dados da Cinemateca Brasileira, da Mnemocine, ou mesmo do blog Cinemafalda.
    Criar esse mapa também é partir do pressuposto de que diferentes formas de visualizar informações transformam as formas de produzir conhecimento, de que há algo no navegar pelas localizações e links disponíveis ali que não poderia existir em formato de texto. Surgem questões a respeito da formação de uma coleção, de como as informações ali deveriam ser organizadas, ligadas ou contextualizadas, de como vai se dar a interação dos usuários com o material que separamos e produzimos.
    Procuro, portanto, responder a perguntas como: É possível realizar o desejo de criar publicações digitais interativas, com os recursos humanos e materiais atualmente disponíveis ao Minas é Cinema? Estamos fazendo de fato uma ferramenta, que pode ser usada de diferentes formas, ou criando algo restrito à apresentação dos resultados de nossas pesquisas?

Bibliografia

    [AUSTRALIAN Cinemas Map]. In: https://auscinemas.flinders.edu.au.
    [BANCO de teses do cinema brasileiro]. In: http://teses.l2o.com.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/scripts/?IsisScript=iah.xis&lang=pt&base=PRODC.
    BRUM, Alessandra; BRANDÃO, Ryan. Aula em modalidade remota. Universidade Federal de Juiz de Fora. Videoconferência: 2h 17min. 1 jul. 2021.
    [CINEMAFALDA]. In: http://cinemafalda.blogspot.com.
    [CINEMATECA Brasileira]. In: http://bases.cinemateca.gov.br.
    FREIRE, Rafael de Luna. “What is not new in new cinema history from a non-european point of view?” In: HOMER 2021 conference: Integrating Traditions.
    [HOMER Projects.] In: https://homernetwork.org/?dhp-project=homer-projects-2.
    [ITALIAN Cinema Audiences.] In: http://italiancinemaaudiences.org.
    [MINAS é Cinema]. In: https://minasecinema.com.br.
    VIEIRA, João Luiz. “Prefácio”. In: BRUM, Alessandra; BRANDÃO, Ryan. (Org.) Histórias de cinema de rua de Minas Gerais. Pp. 6-11. Editora UFJF, 2021.