Ficha do Proponente
Proponente
- Alexandre Silva Wolf (FAE)
Minicurrículo
- Doutor em Comunicação e Linguagens, linha de pesquisa Cinema pela Universidade Tuiuti do Paraná. Bacharel em Artes Cênicas, Direção Teatral pela Faculdade de Artes do Paraná. Professor dos cursos de Publicidade e Propaganda, Design, Marketing e Administração da FAE Centro Universitário. Professor de cursos de pós-Graduação na Universidade Tuiuti do Paraná, Universidade Positivo e FAE Centro Universitário. Tem experiência na área de Marketing, Artes e Comunicação, com ênfase em Teatro, Cinema.
Ficha do Trabalho
Título
- A PROTOPOÉTICA DE WOODY ALLEN COM INGMAR BERGMAN E FEDERICO FELLINI
Formato
- Presencial
Resumo
- A protopoética apresenta o fazer na busca da perfeição do diálogo intertextual, onde o artista criador busca dialogar com seu contexto intelectual, originando obras que trazem em seu corpo partes de outras obras. A partir da análise comparativa de filmes de Woody Allen em paralelo aos de Ingmar Bergman e Federico Fellini, são citados os subsídios para o estabelecimento conceitual da protopoética e a comprovação dessa práxis fílmica. É o combinar de traços intertextuais numa poética própria.
Resumo expandido
- A protopoética apresenta o fazer na busca da perfeição do diálogo intertextual somatizado pela própria poética ascendente, onde o artista criador busca dialogar com seu contexto intelectual, dando origem a obras que trazem em seu corpo partes de outras obras, anteriores, de outros ou mesmo suas, originando novos produtos que de forma alguma podem ser tratados como cópias, mas sim como re-visitas poéticas em busca de crescimento constante. Tendo por base os conceitos oriundos do dialogismo, da intertextualidade, da semiótica e de seus correlatos, colocados em paralelo com a teoria do cinema, este estudo traz em seu corpo teórico autores como Mikhail Bakhtin, Julia Kristeva, Charles Sanders Peirce, Jacques Aumont, David Bordwell e Robert Stam.
A partir da análise comparativa de obras fílmicas, são citados os subsídios para o estabelecimento conceitual da protopoética e a comprovação desse modo de construção de peças comunicacionais com característica da práxis fílmica. São emparelhadas peças da filmografia de Woody Allen em comparação a obras de Ingmar Bergman e Federico Fellini, apresentando a construção protopoética de Woody Allen em relação a esses dois cineastas. A análise é guiada a partir da categoria fenomenológica da secundidade peirceana e da capacidade da construção de traduções intersemióticas ligadas à obtenção de um diagrama característico de um artista, entendido aqui como poética. Esta análise da poética resgata o pensamento de Julia Kristeva que indica as capacidades conotativas e denotativas da linguagem cinematográfica, denotativa quando estudamos os enquadramentos, movimentos de câmera, efeitos de luz e conotativa quando descobrimos diferentes significações e atmosferas provocadas por um segmento denotado. Do macro para o micro, do signo denotativo, perpassando pelo conotativo, em diálogo constante com outros textos fílmicos na busca incessante do fazer poético.
A produção estilizada, mediada por obras em paródia, pastiches e outras em paráfrase, cria um espaço crítico sem necessariamente citar o texto anterior, mas de alguma forma acaba por unir o texto recriado ao seu predecessor. Esses processos repetidos em movimento ascendente são sempre comentários em transformação da obra do artista/comunicador/criador. A protopoética, a partir de duas linhas conceituais, a intertextualidade e a semiótica, apresenta três tipos de manifestações na proposição de objetos comunicacionais dialógicos na busca da poética do emissor. A primeira se refere à atividade conotativa (indicial), a segunda se mostra a partir da emissão denotativa, quase uma homenagem ao precursor do diálogo (icônica) e por fim o proponente textual gera a expansão de seu diálogo (simbólico) retratando sua poética amadurecida.
O conceito da protopoética só é possível a partir da interação da tradução intersemiótica como base para a equivalência de diagramas dos cineastas em questão, em evolução. A forma de avaliação da evolução poética se dá pelas diversas opções geradas pelos caminhos estabelecidos por diversas intersemioses. Assim podemos desenhar a curva ascendente da construção protopoética de um artista/comunicador/criador. Os textos resultantes, vistos a partir da lente da intersemiótica, podem ser compreendidos não somente como transportados, mas sim referentes a uma relação representativa do anterior no produzido. O processo de tradução, por si só, representa a procura de equivalências entre sistemas, geradora de obras inteiramente independentes, mas intimamente relacionadas. A tipologia que separa as traduções em icônicas, indiciais e simbólicas se liga diretamente ao conceito de protopoética atendendo suas avaliações comparativas.
A protopoética é uma extensão do conceito de intertextualidade, dando a esta uma organização na busca de uma voz própria de um artista. A maturidade desse artista não está relacionada à idade cronológica dele e sim à sua capacidade de amalgamar esses traços intertextuais ao seu modo próprio e à sua poética.
Bibliografia
- AUMONT, Jacques. A Imagem. Campinas: Papirus, 2002.
AUMONT, Jacques. Dicionário Teórico e Crítico do Cinema. Campinas: Papirus, 2006.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2003.
BAILEY, Peter J. The Reluctant Film Art of Woody Allen. Kentucky: The University Press of Kentucky, 2016.
BORDWELL, David. A Arte do Cinema: uma Introdução. São Paulo: Unicamp, 2013.
DRIGO, Maria Ogécia. O diagrama na perspectiva de teorias de Peirce e Deleuze. Artigo publicado na revista INTERIN, v.26, n.1, 2021, p. 4-26.
HUTCHEON, Linda. Poética do Pós-modernismo. Imago: Rio de Janeiro, 1991.
KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974.
PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. São Paulo: Editora Perspectiva, 2010.
PLAZA, Julio. Tradução Intersemiótica, São Paulo: Perspectiva, 2010.
PONZIO, Augusto. A revolução bakhtiniana. São Paulo: Editora Contexto, 2008.
STAM, Robert. Introdução à teoria do cinema. São Paulo: Papirus, 2003.