Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Alexandre Silva Guerreiro (SEEDUC-RJ / UERJ)

Minicurrículo

    Doutor em Comunicação pelo PPGCOM/UFF, com pós-doutorado em Educação pela FE/UFRJ, no qual desenvolveu a pesquisa “Cinema Afirmativo: alteridade, educação e direitos humanos”. Mestre em Comunicação pela UFF. Bacharel e Licenciado em História pela UERJ. Bacharel em Comunicação Social (Cinema) pela UFF. Professor Docente I na SEEDUC/RJ desde 1998. Diretor, produtor e roteirista de obras audiovisuais, e produtor e curador de Mostras e Festivais.

Ficha do Trabalho

Título

    CINEMA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA: por um cinema afirmativo nas escolas

Seminário

    Cinema e Educação

Formato

    Presencial

Resumo

    Educação inclusiva é um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que entende igualdade e diferença como valores indissociáveis. O cinema dentro da escola inclusiva deve estar em sintonia com a diversidade enquanto valor positivo, contribuindo para uma educação de qualidade para todas e todos. Refletir sobre o cinema na escola dentro desse contexto traz questões que conjugam educação, inclusão e direitos humanos, pautando o uso de um cinema afirmativo na escola.

Resumo expandido

    A inclusão na perspectiva escolar é atravessada pelos direitos humanos. A Educação inclusiva preconiza que não é a aluna ou o aluno que se molda ou se adapta à escola, mas a escola, consciente de sua função, que se coloca à disposição do aluno. Segundo Rosita Carvalho, no livro “Educação Inclusiva: com os pingos nos ‘is’” (2005), a educação inclusiva é um conceito bastante sutil porque se trata de um processo. Para que a inclusão realmente aconteça é preciso todo um conjunto de ações, que inclui vontade política, gestão democrática, legislações, adaptação curricular, além de professores qualificados em sua formação inicial e continuada.

    A concepção de inclusão é ampla e complexa. Não se restringe, portanto, à inclusão do público-alvo da educação especial. Para Romeu Sassaki, em “Integração e Inclusão: do que estamos falando?” (1998), a inclusão escolar é uma forma de inserção em que a escola tradicional deve ser modificada para ser capaz de receber qualquer aluna ou aluno incondicionalmente e de lhe propiciar uma educação de qualidade. Promover a inclusão é um desafio necessário quando pensamos na relação entre educação e direitos humanos.

    Quando questionamos o uso do cinema que professoras e professores fazem em sala de aula, precisamos considerar que o paradigma da inclusão trouxe progressivamente novas exigências ao trabalho docente. Vera Candau e Susana Sacavino, em “Educação em Direitos Humanos e formação de educadores” (1996), apontam etapas para a efetivação dessa educação. Formar professores na perspectiva da educação inclusiva significa estabelecer uma prática educacional comprometida com a diversidade da sala de aula. Nesse sentido, o cinema na escola precisa, da mesma forma, considerar tal diversidade, o que se dá tanto em relação à escolha do que será exibido quanto às discussões que decorrerão da exibição.

    O professor deve colocar em prática, através do cinema, uma pedagogia inclusiva que pretenda a manifestação do potencial de seus alunos e alunas. É nesse sentido que, em “Direitos Humanos e Educação Libertadora”, Paulo Freire afirma que os direitos humanos têm a ver com educação e libertação, como uma luta para instaurar “a gostosura de ser livre”. E o cinema precisa contribuir para essa concepção de liberdade.

    A educação é um direito humano. E num universo marcado pela violação de direitos humanos em decorrência da exclusão social, cultural, política ou econômica, a valorização de uma Educação inclusiva pode ser entendida como fundamental para se pensar uma escola como espaço radicalmente democrático, e de construção de um novo futuro, mais justo e mais humano.

    É nesse sentido que pensamos na urgência de um cinema afirmativo na escola. Certamente, não é qualquer cinema ou qualquer abordagem das obras audiovisuais em âmbito escolar que se constitui como cinema afirmativo. O cinema e o audiovisual estão na escola de diversas maneiras e há muito tempo. O cinema afirmativo deve ser um cinema capaz de fazer aflorar a sensibilidade necessária para que a educação em direitos humanos se efetive. Para tal, conceitos como o de curadoria educativa (Vergara, 2018), e de modos de endereçamento (Ellsworth, 1997), ajudam numa reflexão que acrescenta camadas à relação entre cinema e educação.

    Um cinema engajado no ser humano, na transformação social e na construção de um novo mundo. Tal perspectiva não deve se restringir à temática das obras audiovisuais, razão pela qual o cinema afirmativo pressupõe não apenas professores antenados com as teorias e linguagens do cinema mas, sobretudo, em sintonia com a formação dos sujeitos de direitos, em abordagens geradoras de encontros baseados na criticidade e no afeto. O cinema afirmativo é o cinema atravessado pelos direitos humanos numa perspectiva educacional inclusiva. É uma proposta que busca pautar nossas práticas pedagógicas, iluminando escolhas e abordagens dos filmes e obras audiovisuais e, sobretudo, as relações que se estabelecem dentro da escola.

Bibliografia

    CANDAU, Vera; SACAVINO, Susana. Educação em Direitos Humanos e Formação de Educadores. Educação, v.36, n.1, p.59-66, jan/abr, Porto Alegre, 2013.
    CARVALHO, Rosita. Educação Inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Ed. Meditação, 2006.
    ELLSWORTH, Elizabeth. Teaching Positions. Nova York: Teachers College, 1997. FREIRE, Paulo. Direitos humanos e educação libertadora. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2019.
    FRESQUET, Adriana. Cinema e Educação: reflexões e experiências com professores e estudantes de educação básica, dentro e “fora” da escola. Belo Horizonte: Autêntica, 2013. GUERREIRO, Alexandre. Cinema Afirmativo. Rio de Janeiro: Ed.Autor, 2021.
    MIGLIORIN, Cezar; PIPANO, Isaac. Cinema de brincar. Belo Horizonte: Relicário, 2012.
    SASSAKI, Romeu. Inclusão: o paradigma do século XXI. Inclusão: Revista da Educação Especial, Brasília, MEC, out 2005.
    VERGARA, Luís. Curadoria Educativa. In: CERVETTO, Renata; LÓPEZ, Miguel. Agite antes de usar. São Paulo: Edições Sesc, 2018.