Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Belisa Brião Figueiró (UFSCar)

Minicurrículo

    Mestre em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e doutoranda em Ciência, Tecnologia e Sociedade, na mesma instituição. Autora do livro Coprodução de Cinema com a França: Mercado e Internacionalização (Editora Senac São Paulo, 2018). Foi produtora de informação e imagem do Programa Cinema do Brasil/Apex-Brasil e editora assistente da Revista de Cinema. É professora do Centro Universitário Barão de Mauá.

Ficha do Trabalho

Título

    A Embrafilme e o cinema brasileiro no Festival de Cannes (1970-1990)

Seminário

    Cinema no Brasil: a história, a escrita da história e as estratégias de sobrevivência

Formato

    Presencial

Resumo

    Esta comunicação examina as políticas de difusão do cinema brasileiro no Festival de Cannes a partir da análise dos conflitos da coexistência do INC e da Embrafilme, quais filmes chegaram ao festival durante a gestão de Roberto Farias, qual foi o papel do diplomata Celso Amorim no estímulo às ações de política externa, e de que forma as coproduções internacionais foram decisivas para que alguns filmes chegassem a Cannes na última metade dos anos 1980.

Resumo expandido

    Historicamente, a internacionalização do cinema brasileiro se traduziu na discreta difusão e promoção de curtas e longas-metragens nos festivais, especialmente os europeus, em detrimento de uma estratégia sistemática de exportação ou distribuição em salas comerciais. As políticas públicas voltadas para o setor – quando existiram – enfatizaram o fomento e a produção, mas raras vezes se debruçaram sobre a circulação dos filmes prontos, até mesmo dentro do mercado interno.

    Diante desse cenário, esta pesquisa investiga os longas-metragens brasileiros selecionados e exibidos no Festival de Cannes, considerado o maior festival de cinema do mundo no que se refere à escala de visibilidade para os filmes que lá estreiam, ampliando as possibilidades de prestígio diante da crítica e de distribuição para os mais diversos países (VALCK, 2006).

    A partir de um mapeamento das obras brasileiras que estrearam na Competição Oficial, na Quinzena dos Realizadores, na Semana da Crítica ou na mostra Um Certo Olhar, examina as mudanças que o próprio festival sofreu neste período, quais requisitos ou padrões de seleção foram aplicados, se houve premiações capazes de impulsionar uma difusão para outros festivais ou mesmo a comercialização para outros territórios, e quais foram as ações pontuais de promoção e divulgação.

    Para esta comunicação, o foco recai sobre o período da Embrafilme, analisando os impactos das políticas de difusão no Festival de Cannes entre 1970 a 1990, começando pelos conflitos da coexistência do INC e da Embrafilme até 1975; quais filmes chegaram ao festival entre 1975 e 1979 durante a gestão de Roberto Farias; qual foi o papel do diplomata Celso Amorim (já entrevistado por esta pesquisadora) no estímulo às ações externas enquanto esteve na presidência da Embrafilme (1979-1982); e de que forma as coproduções internacionais foram decisivas para que alguns filmes chegassem à Competição Oficial apesar da derrocada final da estatal na última metade dos anos 1980.

    Por meio desta investigação, que ainda está em andamento, já foi possível constatar que apenas oito filmes foram escolhidos pelos curadores do festival para a Competição Oficial nesses 20 anos, número inferior aos nove longas-metragens selecionados para a mesma mostra em toda a década anterior (1960-1969). Nesse sentido, verificaremos o papel da Embrafilme nessa difusão e promoção, considerando a presença ou a ausência de apoio oficial, e como os cineastas viabilizaram a sua participação em Cannes quando não havia nenhum tipo de suporte do governo brasileiro.

Bibliografia

    AMANCIO, Tunico. Artes e manhas da Embrafilme: Cinema estatal brasileiro em sua época de ouro (1977-1981). Niterói: EdUFF, 2011.

    AMORIM, Celso. Por uma questão de liberdade: ensaios sobre cinema e política. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Embrafilme, 1985.

    AUTRAN, Arthur. O pensamento industrial cinematográfico brasileiro. São Paulo: Hucitec Editora, 2013.

    FIGUEIRÓ, Belisa. Coprodução de cinema com a França: mercado e internacionalização. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018.

    RAMOS, Fernão Pessoa; SCHVARZMAN, Sheila. (Orgs.) Nova História do Cinema Brasileiro. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2018. v.2.

    RAMOS, José Mário Ortiz. Cinema, Estado e Lutas Culturais. São Paulo: Paz e Terra, 1983.

    RIBEIRO, Edgard Telles: Diplomacia cultural: seu papel na política externa brasileira. Brasília: Fundação Alexandre Gusmão, 1989.

    VALCK, Marijke de. Film festivals: History and theory of a European phenomenon that became a global network. Universiteit van Amsterdam. 2006.