Ficha do Proponente
Proponente
- Gustavo Soranz (Ceuni Fametro)
Minicurrículo
- Doutor em multimeios pela Unicamp. Coordenador do curso de Jornalismo do Ceuni Fametro (AM). Graduado em Rádio e TV e mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia. Publicou artigos sobre cinema na Amazônia, documentário e o verbete Brazil, na Encyclopedia of Documentary Film, editada em 2006. É membro do Núcleo de Antropologia Visual da Universidade Federal do Amazonas (NAVI/UFAM) e do Grupo de Pesquisa Documentação e Experimentação em Sistemas Audiovisuais, da Unicamp.
Ficha do Trabalho
Título
- Luta e sonho yanomami. Davi Kopenawa em 6 documentários brasileiros
Resumo
- Apresentaremos uma leitura de seis documentários brasileiros em que o líder e xamã Davi Kopenawa aparece com destaque, buscando identificar como a dimensão política e a dimensão cosmológica dos yanomami são representadas no cinema em paralelo aos eventos históricos enfrentados por seu povo.
Resumo expandido
- Os yanomami são um povo que vive na floresta amazônica, na fronteira entre a Venezuela e o Brasil e ainda permanecem relativamente isolados, com população hoje estimada em 35.000 indivíduos. Eles mantêm seus modos de vida tradicionais na aldeia, preservando sua cosmologia. São uma etnia largamente estudada pela antropologia e há diversos documentários sobre eles que se tornaram clássicos, principalmente na seara do cinema etnográfico, contudo, para além dos domínios disciplinares especializados, há décadas as lutas enfrentadas pela etnia têm ganhado dimensão política internacional e chegado a um público mais amplo e leigo nos assuntos da luta indígena. Davi Kopenawa é um líder e xamã yanomami que vive na aldeia Watoriki (a Serra do Vento), no Amazonas, e é atualmente uma das principais lideranças indígenas brasileiras, reconhecido mundialmente. Davi foi figura fundamental para a homologação da Terra Indígena Yanomami, em 1992, e sua figura se tornou conhecida mundialmente em boa medida pela exposição midiática nesse período. Desde o processo pela demarcação da Terra Yanomai, Davi tem aparecido publicamente na mídia de massa, mas também com certa presença em documentários brasileiros. Nosso interesse é realizar uma análise de como Davi Kopenawa figura nesses filmes e como essa sua presença nos permite identificar como a dimensão política e a dimensão cosmológica dos yanomami foi representada no documentário brasileiro, permitindo uma leitura mais complexa sobre a etnia. Apresentaremos uma leitura dos documentários Davi contra Golias (Aurélio Michiles, 1993), Napepe (Nadja Marin, 2004), Xapiri (Bruce Albert, Gisela Motta, Leandro Lima, Laymert Garcia Dos Santos e Stella Senra, 2012), Urihi Haromatipë – Curadores da terra-floresta (Morzaniel ƚramari Yanomami, 2014), Gyuri (Mariana Lacerda, 2019) e A última floresta (Luís Bolognese, 2021).
Acreditamos que esse corpus de filmes nos permite não apenas ver evidências históricas de como a luta dos yanomami foi sendo travada nessas décadas, dando a ver as batalhas que travaram pela vida ou pelos seus direitos em determinados eventos traumáticos apresentados, mas também mostram como a etnia promoveu um processo exemplar de afirmação cultural, conquistando relevância em termos filosóficos, passando de um cenário de denúncia do genocídio contra o povo yanomami que estava em curso para um cenário de protagonismo onde sua cosmologia é valorizada como uma maneira original de conceber a relação do homem com a natureza, apontando possibilidades de novas compreensões sobre a civilização.
Bibliografia
- BRASIL, André. Ver por meio do invisível. O cinema como tradução xamânica. Novos estudos, CEBRAP. São Paulo, v. 35.03. Novembro, 2016. p. 125-146.
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RAMOS, Alcida Rita. 1987. Reflecting on the Yanomami: Ethnographic images and the pursuit of the exotic. Cultural Anthropology 2(3): 284-304.
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