Ficha do Proponente
Proponente
- Flavio Kactuz (Flávio C. P. de Brito) (PUC-Rio)
Minicurrículo
- Flávio Kactuz (Flávio C. P. de Brito) é Historiador, Professor, Diretor de Teatro e Cinema. Possui doutorado em Estudos Fílmicos/Estudos Artísticos (Univ. de Coimbra, 2021), mestrado em Cinema/Comunicação Social (PUC-RIO; 2010), graduação em História (PUC-RIO; 2001) e formação profissional em Teatro (CAL;1984). É Professor de Direção Cinematográfica, História de Cinema Mundial e Imagem e Som da PUC-Rio desde 2014.
Ficha do Trabalho
Título
- Black Tie–Pau Brasil. Cinema Novo, Oficina e Arena noutras imbricações
Resumo
- O diálogo entre Cinema e Teatro visto através de uma análise comparativa entre Eles não usam Black Tie (1981) Leon Hirszman e O Homem do Pau Brasil (1982) Joaquim Pedro de Andrade, onde se percebe uma reatualização de práticas e teorias desenvolvidas no Teatro de Arena e Oficina, justamente, num período bastante transitório, com o fim da Censura e da Ditadura Militar, uma nova reconfiguração da indústria e mercado cinematográfico e padronização de uma linguagem naturalista na TV Brasileira.
Resumo expandido
- Este trabalho tem por intuito investigar as aproximações entre Cinema e Teatro no Brasil, estabelecendo uma análise comparativa entre Eles não usam Black Tie (1981) de Leon Hirszman e O Homem do Pau Brasil (1982) de Joaquim Pedro de Andrade, obras produzidas no epílogo da ditadura militar, ainda sob a tutela da tesoura dos Censores, quando o Cinema Novo alcançava uma nova fase, atingido pela inesperada morte de Glauber Rocha e por uma reconfiguração da indústria e do mercado cinematográfico. E é, justamente, nessa transição de um momento a outro, que os dois diretores cinemanovistas decidem incorporar procedimentos distintos de encenação e atuação, provenientes das experiências cênicas desenvolvidas no Teatro de Arena e Oficina, tragicamente interrompidas após o AI-5. Nesses dois filmes podemos perceber uma releitura extremamente fértil, localizada não apenas na dramaturgia mas, sobretudo, no exercício de linguagem, através de um denso mergulho no realismo da peça de Guarnieri como no realismo poético na releitura da obra Oswaldiana, em franca oposição ao naturalismo que se instaurava gradativamente nas telenovelas brasileiras. E é interessante perceber o vasto e significativo elenco que participa dos dois filmes, com contínuo trânsito entre Teatro, Cinema e Televisão, revelando algo a mais sobre a proximidade e intercambiamento de teorias e práticas artísticas, principalmente nos anos 1960 e 1970, muito se diferenciando do que viria ocorrer em décadas posteriores, evidenciando uma complexa incorporação de técnicas estrangeiras adaptadas à realidade nacional.
Bibliografia
- ALMADA, Izaías. Teatro de Arena. Uma estética de resistência. São Paulo: Boitempo, 2004
ARTAUD, Antonin. O Teatro e seu duplo. São Paulo: Max Limonad, 1984
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BRECHT, Bertolt – Estudos sobre Teatro Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978
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XAVIER, Ismail. Alegorias do subdesenvolvimento: cinema novo, tropicalismo, cinema marginal. 2a ed. São Paulo: Cosac e Naify, 2012.