Ficha do Proponente
Proponente
- Ian Abé Santiago Maffioletti (UFPB)
Minicurrículo
- Ian Abé Santiago Maffioletti é mestrando no programa de pós-graduação em comunicação na UFPB (PPGC), na linha de pesquisa Cultura Midiáticas Audiovisuais, no qual estuda o faroeste dos irmãos Coen. É formado em Arte e Mídia pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com enfoque na área de Cinema e Vídeo. No cinema trabalha como assistente de direção, continuísta, diretor e roteirista. Dirigiu e escreveu três curtas metragens e um longa metragem. É sócio da produtora Vermelho Profundo.
Ficha do Trabalho
Título
- UMA ANÁLISE ESTILÍSTICA DA MORTE EM A BALADA DE BUSTER SCRUGGS
Resumo
- Esta comunicação busca compreender os caminhos estilísticos escolhidos pelos irmãos Coen para retratar a morte, em sua última obra, A Balada de Buster Scruggs. Guiados pela explicação dos próprios diretores, que indicam a morte como elo entre os seis capítulos do filme, nosso objetivo é observar se há alguma padronização ou distinção do tema ao longo da narrativa. Para isso, cruzamos as reflexões de Campbell (2013), a respeito dos irmãos Coen, e as de Bordwell (2013), a respeito do estilo.
Resumo expandido
- Em uma entrevista ao jornal Los Angeles Times, em 2018, os irmãos Ethan e Joel Coen falaram a respeito do filme que lançariam naquele mesmo ano: A Balada de Buster Scruggs, uma antologia de seis episódios classificada como faroeste. Sobre a obra, os irmãos Coen destacaram que o elemento da morte era o que conectava as suas seis partes (ROTTENBERG, 2018, tradução nossa).
Tendo isso em vista, esta comunicação busca compreender quais caminhos estilísticos são escolhidos pelos irmãos Coen para retratar a morte, dentro de A Balada de Buster Scruggs, observando se há ou não alguma padronização ou distinção do tema entre cada capítulo da obra. Por estilo, acompanhamos a definição de David Bordwell (2013, p. 17), que o coloca como “a textura das imagens e dos sons do filme, o resultado das escolhas feitas pelos cineastas em circunstâncias históricas específicas”. São essas escolhas que nos interessa observar, em relação à representação que os Coen fazem da morte, em seu último trabalho.
A respeito da escolha dos diretores, utilizamos a visão de Campbell (2013) para justificar o nosso interesse em analisar o cinema dos Irmãos Coen, pois, segundo o mesmo, esses cineastas “interrogam o gênero [faroeste], participando dele, brincando com suas várias formas e manipulando habilmente o conhecimento construído por seu público para desterritorializar os pressupostos e valores vinculados a seus entendimentos” (CAMPBELL, 2013, p. 332, tradução nossa). Ainda sobre o estilo dos irmãos Coen, usando o gênero faroeste como exemplo, Campbell destaca:
Em meio aos clichês do faroeste tradicional (e muitas das críticas que o cercam), bem como a grande obsessão de Hollywood com a imagem de ação, o herói e a narrativa romanticamente resolvida, os Coens encontraram maneiras de questionar as expectativas do gênero e a paisagem dos sonhos da cultura americana para fornecer uma “reflexão crítica” e “extrair uma imagem de todos os clichês e colocá-lo [o cinema] contra eles”. (CAMPBELL, 2013, p. 328-9, tradução nossa)
Cruzando os textos de Bordwell (2013), a respeito do estilo, e de Campbell (2013), a respeito do trabalho de Ethan e Joel Coen, assumimos em nossas interpretações que os clichês citados por Campbell se enquadram dentro das teorias de Bordwell como padrões de estilo. Esse estimulante uso dos clichés como uma reflexão crítica aplicado no estilo dos irmãos Coen, impulsiona esta comunicação a analisar o estilo empregado pelos diretores na representação da morte em A balada de Buster Scruggs.
No plano metodológico, utilizamos a análise de estilo proposta por Bordwell e Kristin (2013), que envolve: 1) determinar a estrutura organizacional – entendendo como filme é composto em um todo; 2) identificar as técnicas de cinema usadas (mise-en-scène, enquadramento, foco, controle de valores cromáticos e outros aspectos da cinematografia, da edição e do som); 3) determinar os padrões das técnicas – repetições e variações, desenvolvimentos e paralelos; 4) propor funções para as técnicas proeminentes e os padrões que elas formam.
Como nosso propósito nessa análise é observar a morte como o elo de conexão entre os seis episódios do filme, nos concentramos em investigar os momentos, cenas ou sequências em que a morte, de fato, é representada na narrativa da obra. Ao realizar essa análise, estaremos diante dos padrões de estilo acionados pelos irmãos Coen em A balada de Buster Scruggs para representar a morte e, a partir disso, poderemos entender se a morte atua apenas como elo de conexão temático entre os capítulos ou se é também um elo estilístico.
Por fim, influenciados por Bordwell e Kristin, que destacam que “[…] as repetições e as diferenças são usadas para moldar nossa experiência do filme” (2013, p. 475), propomo-nos, ainda, a refletir sobre as experiências narrativas dessas mortes, a partir dos estilos empregados em cada capítulo e no filme em sua totalidade.
Bibliografia
- BORDWELL, David. Sobre a história do estilo cinematográfico. Campinas: Editora da Unicamp, 2013.
BORDWELL, David e THOMPSON, Kristin. A arte do cinema: uma introdução. Campinas-São Paulo: Editora Unicamp/Edusp, 2013.
CAMPBELL, Neil. Spook Country: The pensive west of No country for old men (2007). In: CAMPBELL, Neil. Post-westerns: cinema, region, West. Nebraska: University of Nebraska Press, 2013.
ROTTENBERG, Josh. The Coen brothers on their Western anthology film ‘The Ballad of Buster Scruggs,’ Netflix and the future of moviegoing. Los Angeles Times, 14 nov. 2018. disponível em: . Acesso em: 20 abr. 2021.
Filmografia
A BALADA de Buster Scruggs. Direção: Ethan e Joel Coen. Estados Unidos: Netflix. 2018, (133 min).