Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

Hannah Serrat de Souza Santos (UFMG/IFNMG)

Minicurrículo

Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGCOM/UFMG). Mestre e Bacharel em Comunicação Social pela mesma instituição, interessada nos modos de aparição dos povos e espaços periféricos no cinema. Pesquisadora e crítica de cinema, integra o grupo de pesquisa Poéticas da Experiência (PPGCOM/UFMG). Atualmente, atua como produtora cultural e Coordenadora de Extensão do IFNMG Campus Diamantina.

Ficha do Trabalho

Título

Diante daqueles que estão à beira: os filmes de A. Sissako

Seminário

Cinema Comparado

Resumo

O cinema de Abderrahmane Sissako, atento aos movimentos migratórios no oeste africano, aborda formas de coabitação entre diferentes mundos, sujeitos e lugares, oferecendo especial atenção aos modos de aparição dos povos em suas relações com o território. Neste trabalho, buscamos produzir aproximações e comparações entre seus filmes e retratos realizados por fotógrafos africanos, em consonância com um gesto instaurado pelo próprio cinema, tendo em vista os modos de ver e de aparecer em comum.

Resumo expandido

De modo geral, observamos como seus filmes, especialmente seus longas-metragens, interessam-se por aqueles e aquelas que se encontram nas bordas, não apenas considerando os espaços periféricos vividos e habitados, mas uma topologia imagética ou diegética, por assim dizer, que privilegia uma perspectiva centrífuga, atenta ao que se constitui nas margens das narrativas. Deste modo, atentos aos gestos produzido pelo próprio cinema, buscamos eleger algumas cenas que se constituem marginalmente em diferentes filmes do realizador e produzir aproximações entre elas, compondo pequenos arranjos comparativos.

A composição de arranjos guarda certa afinidade com o gesto de produzir inventários ou coleções, mas não visa reunir materiais distintos, coletando, catalogando e classificando estes materiais em um amplo acervo. Ao contrário de traçar um panorama ou um gesto mais vasto, buscamos trabalhar de modo “menor”, sem procurar por um traço significativo de uma obra capaz de produzir relações ao ser aproximada de outra. Quer dizer, ao contrário de valermo-nos da visão de conjunto, atentamo-nos ao interior dos filmes, destacando poucas cenas que, a primeira vista, poderiam aparentar ter pouca ou quase nenhuma importância e, em seguida, buscamos traçar aproximações junto a outras, constituindo pequenos conjuntos e não grandes coleções. Apesar de não nos propomos, nesse sentido, a “constelar os filmes” (SOUTO, 2019), valemo-nos de um gesto afim, atento à potência interna dos próprios objetos que, como considera Souto (2019, p. 32), parecem “magnetizar uns aos outros”. Miramos portanto justamente a possibilidade de identificar campos de imantação junto às imagens que permitam que elas funcionem como pequenos imãs, produzindo movimentos atração e repulsão entre si, se observados a curta distância.

Neste trabalho, buscamos traçar relações entre cenas pontuais de três filmes de Sissako, “A vida sobre a Terra” (1998), “Heremakono” (2002) e “Bamako” (2006), convocando ainda trabalhos de fotógrafos africanos como Dawit L. Petros, e Phillip Kwame Apagya. Visto que os próprios filmes se interessam e convocam uma relação junto às imagens fotográficas, consideramos a comparação junto às fotografias profícua para que possamos compreender e identificar as fontes de luz que, de diferentes modos, iluminam os povos do oeste africano, os imigrantes e suas buscas, considerando distintas formas de ver.

Bibliografia

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