Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Luciana Corrêa de Araújo (UFSCar)

Minicurrículo

    Pesquisadora, professora na graduação e na pós-graduação em Imagem e Som da Universidade de São Carlos (UFSCar). Mestre e Doutora pela ECA/USP, é autora dos livros “A crônica de cinema no Recife dos anos 50” (1997) e “Joaquim Pedro de Andrade: primeiros tempos” (2013). Entre outros trabalhos, colaborou na “Enciclopédia do cinema brasileiro” (2000) e no primeiro volume do livro “Nova história do cinema brasileiro” (2018).

Ficha do Trabalho

Título

    Quando teatro e literatura vão ao cinema

Seminário

    Cinema no Brasil: a história, a escrita da história e as estratégias de sobrevivência

Resumo

    Esta comunicação irá abordar a prática de ir ao cinema, entre os anos 1910-20, a partir de peças do teatro ligeiro, encenadas nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, e também do romance “… eu vi você bolinar…” (1927), de Renato Vianna. A proposta é tomar essas obras enquanto fontes de pesquisa, por meio das quais é possível levantar informações e abrir linhas de discussão sobre aspectos da exibição e da recepção cinematográficas no país durante o período do cinema silencioso.

Resumo expandido

    Em “É o suco!” (1919) peça do teatro de revista de autoria de J. Praxedes, o terceiro dos 10 atos se passa na sala de espera de um cinema. Uma série de personagens e práticas características estão representados na cena: o protagonista que dá em cima da maestrina francesa, regente da orquestra feminina; o porteiro que tenta impedir o protagonista de entrar na primeira classe, tendo comprado ingresso de segunda; uma jovem acompanhada pela mãe, assediada por um senhor que se diz chefe de família; e até a aparição do próprio Carlitos, rompendo o cartaz do filme para fazer graça no palco.

    Como “É o suco!”, outras revistas incorporam a sala de cinema e seus frequentadores, a exemplo de “Carlito & Chico Boia” (Gastão Tojeiro, com música de Griselda Lazzaro Schleder, 1920) e “Viva a mulher” (Luiz de Barros, 1928). Também a literatura mostra-se atenta às possibilidades narrativas da sala de cinema, arena de encontros, embates, e modismos da vida urbana. No romance publicado em 1927 por Roberto Vianna, “… eu vi você bolinar…”, o protagonista acompanha uma jovem amiga a uma sessão no cinema Império, na Cinelândia carioca. O filme exibido é “Labaredas do pecado”, com Rudolph Valentino: “sete mil metros de volúpia erótica” que faziam homens e mulheres saírem do cinema “com o sangue alucinado”.

    Nesta comunicação, a proposta é tomar essas obras enquanto fontes de pesquisa, por meio das quais é possível levantar informações e abrir linhas de discussão sobre aspectos da exibição e da recepção cinematográficas no país durante o período do cinema silencioso.

Bibliografia

    CARVALHO, Danielle Crepaldi. “O cinema no palco: O Cinematógrafo (1897) na cena teatral carioca dos anos de 1900”. Vivomatografías, n. 6, 2020, p. 19-51.

    GOMES, Tiago de Melo. Um espelho no palco – Identidades sociais e massificação da cultura no teatro de revista dos anos 1920, Campinas: Editora Unicamp, 2004.

    PONTES, Igor Andrade. Os caminhos de Carlitos – A exibição dos filmes de Charles Chaplin no Rio de Janeiro, suas histórias e seus personagens (1914-1922). Dissertação de Mestrado, Universidade Federal Fluminense, 2016.

    NUNES, Mário. 40 anos de teatro. 4 vol. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, s.d.

    SOUZA, José Inácio de. Imagens do passado: São Paulo e Rio de Janeiro nos primórdios do cinema. São Paulo: Editora Senac, 2004.

    VENEZIANO, Neyde. O teatro de revista no Brasil: dramaturgia e convenções. Campinas: Pontes/Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1991.