Ficha do Proponente
Proponente
- Odair Rodrigues dos Santos Junior (Unespar)
Minicurrículo
- Graduado em Linguística-Português pela FFLCH/USP, fotógrafo de movimentos sociais, graduando em cinema e vídeo, pela FAP/UNESPAR, Especialização em Cinema, com Ênfase em Produção, pela FAP/UNESPAR, mestrando com estudos no campo de Cinema e Educação pelo PPG-Artes/UNESPAR.
Ficha do Trabalho
Título
- POSSIBILIDADES FÍLMICAS DO CORPO COM DEFICIÊNCIA NO ESPAÇO ESCOLAR
Resumo
- Neste trabalho pretendo abordar as possibilidades fílmicas dos corpos com deficiência no espaço escolar. A partir das leituras de FREIRE (2016, 2019), KASTRUP (2001) e VIEIRA (2013) objetivo discutir a práxis pedagógica como professor-pesquisador-artista, a problematização do processo ensino/aprendizagem da arte e o corpo como elemento de formação do sujeito cognoscente. Os escritos de ALBUQUERQUE (2008) norteiam a representação dos corpos com deficiência no cinema, em particular o brasileiro.
Resumo expandido
- O corpo com deficiência, no ambiente escolar, é um desestabilizador do conceito de normalidade normatizadora. Observo, ainda, que, mesmo sob a recente legislação de caráter inclusivo incentivando as instituições educacionais a se adequarem aos diferentes corpos com deficiência, há resistências em adotar outras formas de mediação e avaliação da aprendizagem nesse encontro entre pessoas com diferentes modos de sentir o mundo.
A necessidade de se pensar a presença do corpo com deficiência em um set de produção cinematográfica já é, em si, a constatação sistemática de sua ausência. De fato, é a negação das problematizações desses corpos em sua interação com aqueles dentro do aspecto socialmente definido como normalidade. Nesse contexto, passei a problematizar quatro questões:
• Quais os procedimentos pedagógicos para a interrelação de pessoas com deficiência com o cinema na escola?
• Como a autorrepresentação de estudantes com deficiência pode ser estimulada?
• Quais os procedimentos para formar equipes que incluam pessoas com deficiência na escola?
• Quais os procedimentos para destacar, registrar e analisar o olhar de estudantes com deficiência produzido com a experiência audiovisual?
Acredito que a singularidade do corpo com deficiência, nas artes, pode conduzir a um triplo gesto de criação, no qual estão contidos a recepção desse indivíduo como sujeito, as condições para sua ação criativa e a potencialidade da obra artística advinda de um ponto de vista diferente dos parâmetros da percepção do mundo normatizado sob aparente “normalidade”.
Na produção cinematográfica na escola, cada corpo exige diferentes demandas na aplicação de uma prática pedagógica que se proponha como libertadora e esteja preparada para as possíveis transgressões oriundas dessa orientação.
Propor “outra cultura” é, simultaneamente, experimentar outros modos de divisão no trabalho de produção cinematográfica. Ao se trazer docente e estudantes para o primeiro plano no set de filmagem, como observa Bergala (2008), já se causa aí um deslocamento na perspectiva da sala de aula tradicional, onde os papéis sociais e a hierarquia estão marcados pelo espaço ocupado por aqueles corpos.
Pesquisar sobre as possibilidades fílmicas dos corpos com deficiência no ambiente escolar supõe consequente transformação em suas representações. Para tanto, explorar o conceito de cognição – deixando de apartar o corpo desse processo – traz novos horizontes na produção de imagens e também em sua recepção.
Para os corpos com deficiência, a presença no set, o protagonismo atrás e à frente da câmera já são em si atos de transgressão, porque saem do lugar da invisibilidade e passividade destinadas por uma sociedade que resiste à diversidade.
Bibliografia
- ALBUQUERQUE, Marcio Alves de. A pessoa com deficiência e suas representações no cinema brasileiro. Rio de Janeiro: Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Comunicação Social, 2008.
BERGALA, Alain. A hipótese-cinema: pequeno tratado de transmissão do cinema dentro e fora da escola. COSTA NETTO, Mônica; PIMENTA, Silvia. (trad.), Rio de Janeiro: CINEAD-LISE-FE/UFRJ, 2008.
CAMARGO, Marcos H. Formas diabólicas: ensaios sobre cognição estética. Londrina: Syntagma Editores, 2017.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. São Paulo: Paz e Terra, 2019.
___ Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 2016.
FRESQUET, Adriana Mabel. Cinema e educação: reflexões e experiências com professores e estudantes da educação básica, dentro e “fora” da escola. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
VIEIRA, Jorge A. Metodologia, complexidade e arte in Revista do Lume, Campinas, Unicamp, n° 4, dez., 2013.