Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Luciano Dantas Bugarin (UFF)

Minicurrículo

    Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense. Professor de Artes da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro.

Ficha do Trabalho

Título

    O cinema no ensino de artes remoto na Educação Básica

Resumo

    Em meio a pandemia da COVID-19, o cinema surge como uma adequada e efetiva prática artística para o ensino de artes remoto. Levando em consideração a falta de recursos dos alunos e o uso de smartphones como plataforma de ensino, a prática audiovisual apresenta-se como fundamental na busca por processos educativos que possibilitem reflexões a partir das percepções dos alunos em meio a pandemia. A prática audiovisual de forma remota estimula a vivência do aluno como parte de seu aprendizado.

Resumo expandido

    A disciplina de artes talvez tenha sido uma das mais afetadas na adaptação forçada e não prevista ao ensino remoto, em decorrência do fechamento das escolas pela pandemia da COVID-19. Por sua natureza estar ligada de forma bastante relevante a interação direta dos alunos à imagem e a farta utilização de materiais, o ensino à distância de artes está sendo bastante afetado pela falta de recursos que grande parte das famílias de alunos do ensino público passam. Este fato, ainda é exacerbado pelas condições decorrentes da pandemia.

    É interessante notar que embora grande parte das escolas públicas não contem com uma variedade muito ampla de materiais, inclusive para o ensino de artes, as adversidades enfrentadas por professores de artes intensificaram-se durante a pandemia. Diante da falta de material artístico e prática de uso com ferramentas remotas de ensino, o ensino de artes se torna mais difícil, porém extremamente necessário (ZAMPERETTI, 2021).

    Embora o uso da tecnologia educacional tenha sua importância reconhecida por escolas e instituições de ensino, normalmente ela valoriza mais equipamentos considerados mais tradicionais como computadores desktop e notebooks, deixando aparelhos de celular como o smartphone de fora. Geralmente se proíbe o uso, quando não o banimento de sua presença no espaço escolar, sem levar em conta as múltiplas possibilidades de ensino que ele oferece, especialmente por ser um meio mais acessível e popular de conexão ao ensino remoto (BUGARIN et al, 2020).

    Nota-se que o cinema e audiovisual é uma linguagem de artes visuais que apresenta um amplo leque de possibilidades artísticas em sua realização e que acaba sendo pouco utilizada nos conteúdos práticos de aulas de artes (BUGARIN; MARTINS, 2021). Com a realidade do ensino remoto, a falta de recursos por parte dos alunos e o aumento considerável de smartphones como plataforma de ensino, a linguagem audiovisual acaba sendo uma das mais adequadas e efetivas práticas artísticas para se desenvolver com os alunos de forma remota.

    Todo smartphone tem o potencial de se tornar uma câmera cinematográfica e um editor de vídeo, sendo assim uma forma mais acessível para que os alunos realizem práticas cinematográficas (BARBOSA, 2018). Aponta-se também que a realização audiovisual “possui o potencial de incitar diálogos com novas formas de expressão em diversas disciplinas. Ele reflete o hibridismo da democratização dos meios de comunicação, da tecnologia que promovem maior difusão de práticas culturais” (BUGARIN, 2020, p. 1506).

    Aponta-se então que a linguagem audiovisual apresenta-se como fundamental na busca por processos educativos que possibilitem formas de reflexão a partir de sua própria prática em um contexto de pandemia, onde o aluno precisa se apropriar de circunstâncias e locais não formais de ensino (ALENCAR, 2020).

    A realização de vídeos curtos já era algo que muitos jovens alunos tinham interesse, vide plataformas em ascensão como YouTube, Instagram e Tik Tok. Ou seja, modos de realizações audiovisuais que não eram assimilados ou reconhecidos pela escola, agora podem ser apropriados pelos alunos em práticas de ensino reflexivas a partir de suas percepções em meio ao momento pandêmico que vivemos.

    Se a adesão ao ensino remoto de forma urgente tem se mostrado desafiadora, o cinema e o audiovisual se mostram como uma forma engenhosa de reinvenção de práticas de ensino e apontam a necessidade de se investir mais em uma pedagogia do cinema na escola. Vivemos um tempo que demanda o desenvolvimento de ações que estimulem a vivência do aluno como parte de seu aprendizado.

Bibliografia

    ALENCAR, N. Projetos audiovisuais educativos da CineOP destacam a produção audiovisual em ambiente escolar. Prodview, São Paulo, 10 de set. 2020. Disponível em: . Acesso em 04 de abr. 2021.

    BARBOSA, D. J. M. L. Cinema no contexto escolar: por uma pedagogia da criação. 2018. 125 p. Tese (Mestrado Profissional em Artes) Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa.

    BUGARIN, L. D. Práticas cinematográficas na sala de aula – uma abordagem midiática e interdisciplinar da cultura na educação. In: CASTRO, P. A. Avaliação: Processos e Políticas – Volume 03. Campina Grande: Realize Editora, 2020.

    BUGARIN, L. D.; MARTINS, I. M. A prática Cinematográfica como fazer artístico – Cinema e abordagem triangular na aula de arte. Trajeto Errático, Niterói, n. 1, p. 36-46, jan. 2021.

    ZAMPERETTI, M. P. Artes visuais e ensino remoto: paroxismo nas interações em tempos de pandemia. Palíndromo, Florianópolis. v. 13, n. 29, p. 37-53, jan – abril 2021.