Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Patricia Machado Fernandes (PUC-RJ)

Minicurrículo

    Mestranda em Design, graduada em Comunicação Visual, PUC-RJ (1992). Estuda atualmente o papel do design na Produção de Arte das novelas no Brasil. Busca com esta pesquisa, estudar, em primeiro plano, as áreas do design e da criação, viabilizada pelo departamento de Produção de Arte nas telenovelas brasileiras produzidas pela Rede Globo. Propomos discutir as formas de manifestação presente nos processos de criação do design e se este relacionamento interdisciplinar seria benéfico para as equipes

Ficha do Trabalho

Título

    QUEBRANDO AS REGRAS DO JOGO – Leitura semiótica da vinheta de abertura

Resumo

    Discussão de questões semióticas relacionadas a representação, forma e função na vinheta de abertura e teaser de lançamento da telenovela A Regra do Jogo, com seu tabuleiro e peças de xadrez disposto enquanto espaço cênico. Resgate da história do jogo do xadrez e seus signos, e como eles foram subvertidos no conceito adotado pela equipe de produção na proposta desta vinheta de abertura, mostrando como as regras do jogo viriam a ser quebradas ao longo da narrativa na obra a ser assistida.

Resumo expandido

    A vinheta de abertura é uma imagem composição, ou seja, resultado de uma composição gráfica com uso de diversos elementos de linguagens e com certa intencionalidade, podendo assumir função documental e função simbólica, ou ter muitas características simultaneamente (PETRINI, 2004 p. 126). Ela visa causar um efeito, encantar e convidar o telespectador a assistir aquele novo produto audiovisual, e para isso é estabelecido uma estética constituída de forte estratégia de visualidade. O estudo sobre a vinheta da telenovela “A Regra do Jogo” busca compreender quais ideias estão contidas ou associadas a esse complexo imagético e sonoro que disponibiliza materiais para análises reflexivas de cunho teórico.
    Por meio de imagem, utilizando elementos pertencentes ao imaginário cultural coletivo, esta curta apresentação faz o uso do jogo de xadrez para dar uma dimensão do ritmo e da história que será contada nessa novela. Sendo assim se faz necessário compreender a noção do que é um jogo e de porque existem regras para a participação nos mesmos, e principalmente, como ele foi usado como interseção simbólica com o roteiro da obra que estaria sendo apresentada. O tabuleiro de xadrez adotado enquanto espaço cênico, é o palco onde os personagens vão mostrando a cada jogada suas habilidades e competências conquistadas a cada movimento, mesmo que para isso optem por quebrar as regras e papéis pré-estabelecidos. Apesar de um mesmo jogo poder ser praticado com variações, determinadas mudanças em um padrão de regras podem dar origem a novos jogos e a novos significados.
    Fazendo uma analogia ao ser humano que se desenvolve, o jogo de xadrez não nasce pronto, depende das escolhas de cada jogada para obter o melhor resultado. Na obra analisada podemos ver os questionamentos sugeridos pelo autor sobre quais seriam as regras do jogo da vida, se existem limites entre o bem e o mal, o conceito do que é moral ou imoral e sobre as atitudes arbitrárias usadas no dia a dia para conseguir o resultado esperado.
    A novela em questão nos apresenta uma realidade paralela, com um Estado particular, no comando de suas próprias batalhas. A metáfora do jogo segue sendo analisada e vemos em Deleuze e Guattari, que o que nos interessa são as passagens e as combinações, nas operações de estriagem, de alisamento. A identificação dos espaços enquanto liso e estriado, onde a luta se transforma reconstituindo novos andamentos, modificando os adversários. (DELEUZE; GUATTARI, 1997 p.189)
    Na composição do jogo de xadrez existem 16 peças, sendo oito peões, duas torres, dois cavaleiros, dois bispos, uma rainha e um rei. O jogador de xadrez tem sua função e sua representação e existe uma linguagem de comunicação nas conexões entre as diversas peças, trazendo assim algumas mensagens que são elucidadas a partir de seus sinais e símbolos. A análise do jogo de xadrez começa com sua forma física enquanto primeiridade, parte-se das impressões iniciais do objeto até sua caracterização, um tabuleiro e suas peças. O significado do xadrez está sob o domínio da secundidade, onde apresenta-se o ícone, índice e símbolo, dependendo da pessoa que o interpreta como um sinal, conforme seus conhecimentos e cultura. O efeito que o signo produz na mente do intérprete é como a terceiridade interpreta a função do objeto. Sua função está ligada com o ‘para que serve este objeto’, do ponto de vista prático, estético e simbólico: o xadrez, enquanto um jogo de guerra.
    O jogo de xadrez pode ser entendido como um modelo figurativo que ajuda a pensar a linguagem, um modelo que permite compreender a natureza de um “sistema de signos”. Segundo Greimas (GREIMAS, 1979), cada figura se define não pelo que é, mas por seu comportamento, que a distingue das outras.

Bibliografia

    ANDRADE, Marcelo. A simbologia do xadrez, 2015.
    BRAIDA, F., Nojima V. L. “Tríades do design: Um olhar semiótico sobre a forma, o significado e a função”. Rio de Janeiro: Rio Books, 2014.
    DELEUZE, G., GUATTARI, F. “Mil platôs – capitalismo c esquizofrenia, vol. 5”. São Paulo: Ed. 34. 1997
    FRANKLIN Benjamin. “A moral do xadrez” [Original: The Papers of Benjamin Franklin, vol. 29, 1779. New Haven e Londres: Yale University Press, 1992.] GREIMAS, A. J. “Miti e Figure”. 1979. (Tradução de Jean C. P. M. Limoges: 2006) “A cerca do Jogo”.
    MI Andi Purnomo, drs. Wisasongko, MA, Hat Pujiati, SS. “Uma análise semiótica dos sinais do jogo de xadrez inglês”. Depto de Inglês da MA, Faculdade de Letras, Universidade de Jember, 2012.
    PETRINI, Paulo. “Um estudo crítico sobre o significado das vinhetas da Rede Globo”. Maringá, v. 26, no. 1, 2004.
    SILVA, Wilson da. “Raciocínio lógico e o jogo de xadrez: em busca de relações”. Tese de Doutorado. Campinas, SP. Educação da Universidade Estadual de Campinas