Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Samuel Leandro de Almeida (UFOP)

Minicurrículo

    Técnico em Informática para Internet pelo IFRN; Licenciado em Dança pela UFRN; Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas pela UFOP (2020). Artista-pesquisador com ênfase em processos de criação em Dança e novas tecnologias. Pesquisador vinculado ao DRAMATIC – Grupo de Pesquisa em Dramaturgia: Teorias, Intermídias e Cena cultural. Associado Efetivo da Associação Nacional de Pesquisadores em Dança (ANDA). Formado em Edição Online pela Academia Internacional de Cinema (2021).

Ficha do Trabalho

Título

    Intermidialidade na videodança: a singularidade inicial

Resumo

    Este trabalho é parte da pesquisa intitulada “intermidialidade entre corpo e vídeo: a criação poética e dramatúrgica na videodança”, em desenvolvimento no PPGAC/UFOP. Ele objetiva apresentar o contexto histórico no qual surgem as relações intermidiáticas entre corpo e câmera no cinema, acredita-se que tal relação contribuiu para a intermidialidade na videodança. Assim, propõe-se a reflexão a partir das características intermidiáticas identificadas no filme Intolerance (1916) de D.W. Griffith.

Resumo expandido

    A intermidialidade é um conceito investigado por alguns autores, tais como: Clüver (2006, 2011), Higgins (2012b) e Rajewski (2012a); a partir do qual se descreve as relações estabelecidas entre mídias e entre artes. A videodança é uma produção artística originada a partir da relação e da mistura entre as mídias corpo e vídeo, sendo nessa prática identificada a intermidialidade. Seu surgimento se deu por volta da década de 1970, mas foi viabilizada ao longo do século XX através da evolução tecnológica, principalmente, no cinema, desde as novas experimentações de movimentos de câmera até os novos formatos de captura e qualidade de imagem por meio dos quais foi possível a existência do vídeo. O presente trabalho parte da pesquisa intitulada “intermidialidade entre corpo e vídeo: a criação poética e dramatúrgica na videodança”, projeto em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto (PPGAC/UFOP) e financiada pela Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PROPP/UFOP). Propõe-se, para o fim dessa comunicação, analisar as explorações de movimentação de câmera e a relação com os corpos em cena no filme Intolerance (1916) de D. W. Griffith. Busca-se entender como as práticas intermidiáticas entre corpo e vídeo se iniciam no momento cuja câmera passa a se movimentar desvelando novos espaços na cena, criando assim novas relações com o corpo daquele que assiste, quanto daquele que está em cena.
    David Wark Griffith roteirizou, produziu e dirigiu Intolerance (1916) um dos filmes mais importantes da história do cinema e, consequentemente, um dos mais conhecidos do diretor. Griffith cria o filme para falar, literalmente, sobre a intolerância que atravessa a humanidade ao longo das eras, o longa é um apelo à tolerância. No entanto, esse pedido surge em decorrência do racismo apresentado no seu filme anterior, The Birth of a Nation (1915). Intolerance (1916) é um blockbuster mudo de 197 minutos nos quais a narrativa se desenvolve em torno de 4 eras de intolerância, como descreve Pfeiffer (2013).
    Contudo, o foco de análise do filme não é a narrativa, mas sim, uma importante característica de Griffith: a exploração da mobilidade da câmera. Griffith, como um dos primeiros cineastas a desenvolver técnicas de movimentação da câmera utilizadas até hoje, trouxe muitas contribuições para o cinema e o vídeo. E estas contribuições podem ser analisadas em seus curtas e longas. Especialmente em Intolerance (1916) existem movimentações de câmera e cenas coreografadas nas quais há minimamente relação entre a câmera e o corpo que dança, apresentando os indícios da intermidialidade. O debate acerca desse conceito o divide em duas categorias.
    A primeira concentra-se na intermidialidade como uma condição ou categoria fundamental, enquanto a segunda trata da intermidialidade como uma categoria crítica para a análise concreta de produtos ou configurações de mídias individuais ou específicas – uma categoria que certamente é útil apenas na medida em que essas configurações manifestam alguma forma de estratégia intermidiática e de elemento ou condição constitutiva. (RAJEWSKY, 2012a, p. 19-20, grifo da autora).
    Ainda segundo Rajewsky (2012a), a segunda categoria se divide em três subcategorias das quais a intermidialidade, observada em Griffith se descreve em duas, a saber: a transposição e a combinação midiática. A primeira diz respeito à migração das técnicas do cinema para o vídeo e a segunda trata da mistura entre as mídias corpo e vídeo. Assim, a coreografia presente em Intolerance (1916) e a relação com a câmera em movimento traz para o cinema enormes contribuições cinestésicas e sua complexificação para o campo de reflexão na área da dança e para a videodança.

Bibliografia

    CLÜVER, C. Inter textus / inter artes / inter media. Aletria: Revista De Estudos De Literatura, 14(2), 2006. Disponível em: .
    CLÜVER, C. Intermidialidade. PÓS: Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG, [S. l.], 2012. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/revistapos/article/view/15413.
    HIGGINS, D. Intermídia. In: DINIZ, Thaïs Flores Nogueira; VIEIRA, André Soares (Orgs.). Intermidialidade e estudos interartes: desafios da arte contemporânea 2. Belo Horizonte: Rona Editora: FALE/UFMG, 2012a.
    PFEIFFER, Lee. Intolerance. Encyclopedia Britannica. 7 Nov. 2013. Disponível em: .
    RAJEWSKY, Irina O. Intermidialidade, intertextualidade e “remediação”: uma perspectiva literária sobre a intermidialidade. In: DINIZ, Thaïs Flores Nogueira (Org.). Intermidialidade e estudos interartes: desafios da arte contemporânea. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012a.