Ficha do Proponente
Proponente
- Maryane de Lima Brito (UFMS)
Minicurrículo
- Faço mestrado em Comunicação, na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS); estudo Psicologia na Universidade Federal do Pará (UFPA); tenho formação em Bacharelado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Faculdade Estácio do Pará (FAP). Em 2018 coordenei um projeto sobre as perspectivas das pessoas com as cenas dos filmes, enfatizando a subjetividade e as mensagens transmitidas pela cinematografia e seus efeitos.
Ficha do Trabalho
Título
- CINEMA OLYMPIA: UMA ETNOGRAFIA DOS DISCURSOS EM REDES SOCIAIS
Seminário
- Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil
Resumo
- A apresentação tem como objetivo investigar a relação que estabelece por meio das mídias sociais entre as pessoas e o Cine Olympia, o cinema de rua em funcionamento mais antigo do país. Partindo da percepção desse espaço como memória, nos dias atuais, também pretendo identificar a socialidade entre moradores locais e o Olympia. Com a ajuda de autores como: Pedro Veriano, Maurice Halbwachs, Renato Ortiz, Talitha Ferraz, entre outros que nos ajudam a embasá-lo teoricamente.
Resumo expandido
- O Cinema Olympia é a sala de cinema mais antiga em funcionamento no país. Sediado na capital paraense, o Cinema Olympia foi edificado em 1911 e inaugurado em 24 de abril de 1912 pelos empresários Carlos Teixeira e Antônio Martins. A sala, localizada na área central de Belém, marcou era. Em fevereiro de 2006, diante de constantes prejuízos, foi temporariamente fechada. Devido a protestos, abriu novamente como espaço cultural de Belém e ainda hoje é repleto de significados, representações e singularidades (Damasceno, 2007).
Nesta apresentação, pretendo observar a relação das pessoas com o Cinema Olympia, a partir dos discursos apresentados por elas nas redes sociais. Para obter o conhecimento das subjetividades dos discursos encontrados no Instagram e Facebook, proponho um diálogo entre o estudo de caso e a etnografia virtual, para investigar, através da análise de comentários e curtidas, a relação que se estabelece entre os internautas e o Cine Olympia. Para o presente trabalho, adotamos como recorte o ano de 2021. Para se ter uma ideia, apenas no mês de janeiro de 2021 contabilizamos 24 postagens no Instagram, com o total de 3.300 curtidas, o que dá em média 137,5 curtidas em cada publicação. Nas postagens foram feitos 132 comentários, que dá em média o número de 5,5 comentários por publicação.
Essa espécie de etnografia dos discursos em redes sociais sobre o Cinema Olympia será levada adiante com a ajuda de autores, como: Talitha Ferraz, Pedro Veriano, Maurice Halbwachs, Renato Ortiz, Vânia Maria Torres Costa, entre outros que nos ajudam a embasar este trabalho. De acordo com Vânia Costa (2007, p.133), “a visão perpetuada na história é apenas uma versão. São vestígios, nem sempre visíveis, mas inconscientemente conservados e reproduzidos. São associações culturais escritas socialmente, reflexo do imaginário do desconhecido”, o que vem fortalecer ainda a ideia desta investigação, porque o trabalho aqui
proposto irá estudar os dias atuais, que amanhã farão parte da história, e essa história é repleta de subjetividade, pois cada acontecimento tem sua singularidade, sua versão.
Ao observar relatos, situações e memórias de tempos passados ocorridos no Olympia, estamos entrando em contato com o conceito de “memória” de Halbwachs. Para o autor, a memória é reconstruída com base em aspectos: que ela não é uma repetição de situações que ocorrem no mundo contemporâneo, e que ela, envolta em variadas relações sociais, pode ser localizada em um determinado tempo e espaço. (apud, Silva, 2013, p.2). Seguindo com os conceitos teóricos e a relevância de estudar o tema em questão, Talitha Ferraz (2017), nos traz uma reflexão de que, embora a sala de cinema de rua tenha atraído para si uma imagem genérica associada a cenários midiáticos do passado, é possível perceber um recente crescimento de sua valorização em meio a dinâmicas socioculturais, nesse meio. A autora destaca ainda, que há a preservação histórico-cultural desses espaços, mas também uma adequação das atividades e gestões a situações atuais.
Tendo como base os autores já citados, busco compreender quais são e de que modo os discursos apresentados pelas pessoas sobre o Cinema Olympia são abordados nas redes sociais. Entre as perguntas que me acompanham estão: o que as pessoas reagem ou comentam? Em suas falas há a presença de quais sentimentos e pensamentos? Estaria a memória e a história do Olympia correndo risco de esquecimento? Porque apesar dele não ter mais um cunho comercial, o Cinema Olympia claramente é rico em outras vertentes, a exemplo: histórico, cultural, patrimonial, comunicacional e cinematográfico.
Bibliografia
- ANDRADE, F.H.P. De São Braz ao Jardim Público – 1887 – 1931: Um Ramal da Estrada de Ferro de Bragança em Belém do Pará. Tese (Doutorado em História Social). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. São Paulo. f. 320. 2010.
ÁLVARES, Pedro V.D e ÁLVARES, Maria L.M. Cinema Olympia: cem anos da história social de Belém (1912-2012). Belém: GEPEM,2012.189.
COSTA, Vânia. Amazônia: entre memórias e narrativas de um paraíso perdido no tempo. COMUM, Rio de Janeiro, 2007, v. 13, ed. 29, p. 129-144. jul/dez, 2007.
FERRAZ, Talitha. A memória da ida ao cinema e a mobilização das audiências no caso do Cine Belas Artes. São Paulo: XXVI Encontro Anual da Compós, Faculdade Cásper Líbero, São Paulo – SP, 06 a 09 de junho de 2017.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução de Beatriz Sidou. 2ª ed. São Paulo: Centauro, 2013.
ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, 2003. 5ª reimpressão da I. ed. De 1994.